AGRICULTURA
Agricultura americana no “olho do furacão”
souagro | Como se já não bastasse os impactos climáticos e a oscilação cambial, a agricultura dos Estados Unidos está literalmente no olho do furacão. Nesta semana, o Furacão Ida devastou a costa dos Estados Unidos e provocou prejuízos em um dos mais importantes terminais de exportação daquele país, em Nova Orleans. “Todos estão apreensivos com o que está ocorrendo com o mercado de soja, com ênfase para os americanos. Chicago tem caído muito nos últimos dias, inclusive hoje [terça-feira]”, comenta o analista de mercado, Modesto Daga. “Isso vai dificultar o fornecimento de soja para todos os países importadores dos Estados Unidos”, alertou.
-> Veja o que diz o analista de mercado, Modesto Daga:
Outro fator importante que tem puxado o mercado para baixo diz respeito às chuvas registradas em estados onde o clima seco predominava. Hoje, novamente, foi divulgada a previsão de áreas boas e excelentes e não houve qualquer alteração, ou seja, a chuva não serviu para melhorar a qualidade das lavouras de soja dos EUA. O terceiro ponto que influencia diretamente, envolve o dólar, que perde valor frente ao real, chegando a quase 4% nessa semana. “É preciso levar em consideração que os pontos fundamentais continuam inalteráveis e também, se a China não receber a soja dos Estados Unidos, ela só terá um lugar para recorrer, o Brasil e eles vão precisar compensar a diferença dos preços de Chicago por meio de prêmios”, destaca Daga.
Com relação ao milho, a produção, por mais que chegue ao limite, vai ter uma queda. “É uma situação bastante delicada e a produção de milho está muito baixa em relação ao consumo mundial”. Conforme o analista de mercado, o que pode afetar bastante o preço do milho daqui para frente é a exigência do etanol na gasolina nos Estados Unidos. “Particularmente, acredito que isso não acontecerá, por causa do sistema de meio ambiente, de controle da poluição ambiental, no qual o presidente Joe Biden está completamente comprometido”. A entrada do milho safrinha do Brasil, pode segurar o mercado, mas a oferta ainda é menor do que a procura.
A perda no trigo da primavera americana já se consolidou. “Não começamos a colher no Brasil, mas nosso trigo vai gerar muita surpresa. Teve uma sensível recuperação, apesar da geada e da seca, mas essa recuperação ainda não é total e a grande perda que vai ocorrer é com o fator qualidade”.
(Vandré Dubiela/Sou Agro)