AGRICULTURA

Ferrugem asiática provoca perdas de US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil

Sirlei Benetti
Sirlei Benetti

 

O consórcio internacional de pesquisa ASR Genome Consortium, em que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) participa, acaba de disponibilizar publicamente dois novos genomas de referência do fungo causador da ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi). Segundo dados do Consócio Antiferrugem, a ferrugem asiática provoca perdas de US$ 2,8 bilhões por safra no Brasil, podendo resultar em até 80% de quebras em uma lavoura.

O primeiro genoma foi sequenciado, montado e disponibilizado à comunidade científica em 2019. Na ocasião, outros 2 genomas obtidos por parceiros foram inclusos no Consórcio. Com o avanço na consolidação de dados sobre os três genomas em conjunto, será possível aprofundar o conhecimento sobre a variabilidade do fungo e conhecer a organização de seus genes em vários níveis, por exemplo, identificando genes compartilhados e ativos durante o parasitismo, avalia a pesquisadora Francismar C. Marcelino-Guimarães, da Embrapa Soja.

“As informações obtidas dos três genomas de referência permitem elevada confiabilidade aos dados, além da possibilidade imediata de estudos comparativos em nível genômico”, explica a pesquisadora. “Os resultados da pesquisa possibilitarão maior compreensão dos alvos de ação no fungo, em nível do seu DNA, por um produto químico, ou mesmo o desenvolvimento de novas soluções que ajam de forma mais assertiva”, explica Francismar.

 

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Os genomas de referência foram coletados na América do Sul, região produtora de soja atingida pela alta agressividade da ferrugem da soja.  “O acesso a esta variabilidade permitirá ampliar a compreensão da elevada adaptabilidade e evolução deste fungo, auxiliando no entendimento das mutações que foram acontecendo em diferentes safras e o processo de resistência desses fungos aos fungicidas e também aos genes de resistência presentes na soja”, reitera a Francismar

 

Membros do consórcio

O consórcio é formado por 12 entidades públicas e privadas, de diversas localidades, e tem como premissa tornar público o acesso ao genoma do fungo causador da ferrugem e permitir seu uso para diferentes abordagens e pesquisas futuras. Além da Embrapa, o consórcio tem como parceiros a Bayer, a fundação 2Blades, o Sainsbury Laboratory, as Universidade Alemãs de Hohenheim e de RWTH Aachen, o Instituto Nacional da Pesquisa Agronômica (INRAE-França) e a Universidade de Lorraine (França), além do Joint Genome Institute (JGI, EUA), da Keygene, da Syngenta e a Universidade Federal de Viçosa (Brasil).

 

Foto: Reprodução Embrapa-Soja

 

(Sirlei Benetti/Sou Agro)