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CNA propõe ‘grande projeto de Estado’ para ampliar conectividade

Redação Sou Agro
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Em discurso na abertura do evento “Soluções para conectividade rural”, na sede da CNA, em Brasília, o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, João Martins, propôs “um grande projeto de estado” que contemple “as políticas públicas comprovadamente exitosas e parcerias com a iniciativa privada” para “ampliar a conectividade nas propriedades rurais”.

O evento foi realizado pela CNA e pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) na quinta (26) para debater propostas e soluções sobre como a conectividade pode contribuir para o desenvolvimento rural e promover a inovação agrícola no país.

Participaram da abertura, além do presidente da CNA, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, o presidente executivo da Abimaq, José Velloso, o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão, a secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Renata Miranda, e o secretário de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e Socioambiental do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Moisés Savian.

O encontro ainda reuniu parlamentares, especialistas, representantes dos setores produtivos, diretores da CNA e presidentes de Federações estaduais de agricultura e pecuária.

João Martins, presidente da CNAJoão Martins, presidente da CNA

Martins iniciou seu discurso falando como a agropecuária vive, em todo o mundo, um novo ciclo de desenvolvimento, mas que, muitas vezes, a falta de estrutura nos municípios brasileiros contrastam com a velocidade e o dinamismo com que as tecnologias estão sendo disponibilizadas aos produtores rurais.

“Essa dicotomia tem gerado prejuízos significativos, não apenas ao setor rural, mas para todo o país”, afirmou. Ele lembrou que a conectividade nas áreas rurais do brasil enfrenta desafios significativos. “Diversos estudos apontam que aproximadamente 70% das propriedades rurais estão desconectadas, sendo 50% delas na região Nordeste”.

Segundo o presidente da CNA, “garantir internet de qualidade possibilita avanços na produção e na produtividade; amplia o acesso do produtor rural às inovações tecnológicas; auxilia na preservação do meio ambiente; na educação a distância; na segurança no campo; e favorece o processo de sucessão familiar, atraindo o interesse dos jovens para o meio rural”.

E que o conjunto desses fatores “torna mais precisa a tomada de decisão do produtor, e eleva a competitividade do setor rural brasileiro”. Desta forma, completou, os desafios globais e as rápidas mudanças na agropecuária estabelecem a necessidade de os produtores trabalharem com maior eficiência.

Por esse motivo, reforçou João Martins, é preciso levar internet não apenas à sede das propriedades e às moradias dos trabalhadores, mas também às áreas de produção e estradas de acesso.

Mais do que “identificar os principais obstáculos que impedem o avanço da conectividade rural no país” é preciso “apontar soluções efetivas para que juntos, poder público e os diversos segmentos do setor produtivo, possam destravar a agenda da conectividade rural”, disse Martins.

Neste contexto, o presidente da CNA defendeu a convergência de propósitos e no diálogo construtivo “como forma de solucionar os grandes desafios do país”.

Martins destacou, por fim, a criação do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) e a realização dos leilões do 5G, que estabeleceram “importantes compromissos na interiorização da conectividade, foram grandes conquistas para o país”.

José Velloso, presidente executivo da AbimaqJosé Velloso, presidente executivo da Abimaq

O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou que a conectividade rural é prioridade para a pasta diante dos desafios que as áreas rurais ainda enfrentam em relação a este gargalo.

Segundo ele, a tecnologia 5G vai propiciar a transformação digital de todos os setores produtivos, da agropecuária até a indústria, “sendo determinante para a trajetória futura do desenvolvimento socioeconômico do nosso país”.

“Toda essa expansão de cobertura, em especial das rodovias, possibilitará a maior competitividade no agronegócio, beneficiando os pequenos, médios e grandes produtores rurais. É importante ressaltar que, com a cobertura das estradas, melhorará sensivelmente a logística de toda a produção nacional”, destacou.

Filho falou, também, sobre a estrutura do Fust para a construção de redes de telecomunicações no interior do país, chegando às áreas mais remotas e sobre a Estratégia Nacional de Conectividade nas Escolas (INEC), para beneficiar as escolas públicas nas comunidades rurais.

“A conectividade rural não é apenas uma questão de tecnologia, é uma questão de justiça social e econômica”, ressaltou.

Para o presidente executivo da Abimaq, José Velloso, se a evolução tecnológica dos maquinários e do processo de produção é a chave para o sucesso do agro, a questão preocupante é que a tecnologia demanda conexão, e apenas 30% das propriedades rurais têm acesso a algum nível de conexão, segundo dados do Ministério da Agricultura.

“A inovação do campo não se limita às máquinas extremamente modernas e acesso à internet, mas a possibilidade cultural de ter os dados em plataformas digitais que permitam fazer a gestão completa do seu negócio”, disse. Na sua avaliação, a conectividade também permitirá a inclusão da população mais pobre, que se mantém “à margem dos avanços da sociedade”.

Pedro Estevão, presidente da Câmara de Máquinas e Implementos Agrícolas da AbimaqPedro Estevão, presidente da Câmara de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq

Já o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão, abordou os ganhos econômicos do setor agropecuário com mais conectividade. Segundo ele, um aumento de conexão dos atuais 30% para 48% representa uma alta em torno de 4,5% do Valor Bruto da Produção (VBP) do setor agropecuário.

“Se a gente chegar a 90%, a gente aumenta 9%, 9,5% o valor bruto da produção. Como o valor bruto da produção está em torno de R$ 1 trilhão, a gente está falando de aumentar a rentabilidade no campo em R$ 100 bilhões por ano”, salientou.

A secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Renata Miranda, falou sobre o Projeto Rural Mais Conectado, uma iniciativa do governo federal para ampliar a infraestrutura de conectividade em área mais remotas do país.

A iniciativa, lançada no mês passado, é uma parceria dos Ministérios da Agricultura, Comunicações, Desenvolvimento Social e BNDES. O projeto prevê, entre outros pontos, uma linha de crédito para financiar a infraestrutura e tem como meta alcançar 90% de cobertura de internet nas comunidades rurais em todo o país.

Renata Miranda, secretária de Inovação do Ministério da AgriculturaRenata Miranda, secretária de Inovação do Ministério da Agricultura

Na primeira fase, o programa começou pelo Nordeste. “Quando falamos sobre tecnologias nesses lugarejos mais distantes, temos de ter acesso a tecnologias mais baratas para que pequenas operadoras se interessem e levem essa tecnologia”.

O secretário de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e Socioambiental do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Moisés Savian, disse que, com tecnologia, há mais possibilidades de as pessoas permanecerem no campo e continuar desenvolvendo as atividades da família.

“E a conectividade, a comunicação, o desenvolvimento dessas tecnologias podem contribuir com esse nesse desenvolvimento. Mas há uma distância entre a cidade e o campo e temos um caminho longo a percorrer”.

Moisés Savian, do Ministério do Desenvolvimento AgrárioMoisés Savian, do Ministério do Desenvolvimento Agrário

(Fonte: CNA)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)

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