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Inverno atípico e chuva contribuíram para quebra no trigo

Redação Sou Agro
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Conforme a colheita do trigo avança no Paraná, os impactos das condições climáticas atípicas do inverno, na produtividade da cultura, vão ficando mais evidentes. De acordo com o analista de trigo do Deral/Seab-PR, agrônomo Carlos Hugo Godinho, o cenário vem sendo registrado de forma generalizada, mas na região oeste se concentram os casos mais graves e grande parte da quebra pode ser depositada na conta do calor e da chuva, ambos ou em excesso, ou em períodos inesperadas. “Este ano tivemos um inverno de temperaturas médias mais altas e ausência de frio severo, bem como registro de chuva significativa em momentos que impossibilitaram o controle de pragas nas lavouras, essa combinação teve impacto no desenvolvimento da planta. O nosso levantamento vem indicando perdas no Estado como um todo, mas as áreas ainda não colhidas podem vir com melhores resultados e equilibrar a produção”, explica Godinho.

A economista do Deral, da regional de Cascavel, Jovir Esser, detalha os problemas enfrentados pelos produtores da região oeste. “No início a cultura se desenvolveu muito bem, mas o excesso de chuva em determinados momentos do ciclo normal da planta não permitiu que os tratos culturais acontecessem, o que resultou em incidência significativa de doenças. A incidência de brusone (doença causada por fungo) continua sendo uma preocupação nas lavouras de trigo e a produtividade se mantém abaixo da expectativa inicial nas áreas colhidas.  Ainda durante o ciclo da cultura, vários municípios da nossa regional foram afetados por ventos fortes que provocaram o acamamento das lavouras. Com esses fatores, a consequência está sendo extremamente negativa ao produtor, pois além de produtividade abaixo do esperado e a maioria das lavouras colhidas até agora têm sido classificadas com Ph abaixo de 78% e também há um percentual muito significativo de triguilho”, esclarece a economista.

No Paraná, 35% da área de trigo já foi colhida. Há lavouras com plantas em diversas fases: 49% em maturação, 35% maturação, 10% floração e 6% em desenvolvimento vegetativo. De acordo com a Secretaria de Agricultura 73% das lavouras estão em boas condições, 12% é classificada como média e 6% estão em condições ruins.

Milho foi beneficiado pelo clima

Se por um lado a produção de trigo vem sofrendo quebra por conta das condições climáticas, o milho segunda safra se beneficia delas. “Para o milho as temperaturas médias mais altas e a boa distribuição de chuvas foram determinantes para a boa produção”, garante o analista do Deral, Hugo Godinho.

No Oeste, a produção registrada até o momento, das áreas já colhidas, comprova o bom impacto climático. “A colheita do milho está sendo finalizada na regional de Cascavel e com resultado acima do esperado. Mesmo com plantio tardio e com parte das lavouras plantadas fora do zoneamento agrícola, tivemos boas condições do clima para o milho e a produtividade na nossa regional deve fechar próxima de 6.600 kg por hectare” ressalta a economista do Deral da regional de Cascavel, Jovir Esser.

A colheita da segunda safra de milho evoluiu esta semana e chegou a 89% da área total estimada em 2,37 milhões de hectares no Paraná. A produção esperada é de 13,98 milhões de toneladas, a maior safra da história para o período. Neste momento restam apenas 260 mil hectares a serem colhidos e quase metade dessa área está situada na região norte do Paraná, que normalmente planta mais tarde a cultura.

 Preços não cobrem custos

Mas se algo que as duas culturas têm em comum é que o preço pago pela saca não deve cobrir os custos da produção. “Com as atuais cotações do trigo, essas médias de produtividade não são suficientes para cobrir os custos de produção, e já é possível afirmar que esta será uma safra com prejuízo para a maioria dos produtores. Mas mesmo com o milho obtendo bons resultados a maioria dos produtores não conseguirão cobrir os custos de produção já que a cotação de ambos está em queda”, lamenta Jovir.

Para se ter uma ideia, em relação ao milho, na última semana o preço recebido pelo produtor pela saca de 60 kg foi cotado inferior a R$ 44,00. A cotação atual é em torno de 42% menor que o fechamento de setembro de 2022.

 Esperança na safra de verão

 Com a constatação de prejuízo na safra de inverno, a aposta do homem do campo está na safra de verão, que começa a ser plantada agora. “O futuro cenário da safra verão 2023 e 2024 está sendo a grande aposta dos produtores para compensar o resultado negativo quanto ao milho segunda safra e o trigo principalmente em relação aos preços. Com as chuvas registradas esta semana, o plantio da soja iniciou com boas condições de umidade de solo a perspectiva é que o clima sob a influência do El niño seja extremamente favorável durante todo o ciclo das culturas de verão”, concluí Jovir. 

 

(Redação Sou Agro/Sou Agro)

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