Floresta comercial é alternativa mais barata para marcenaria
Estudo desenvolvido por pesquisadores da Embrapa e USP constatou que uma floresta comercial de Eucalyptus urophylla, além de ser muito mais barata que a floresta nativa, é mantida num prazo muito mais curto, com um desempenho tecnológico bastante próximo da madeira nativa, sendo uma alternativa muito interessante para marcenaria e carpintaria. O estudo buscou estimar o valor da madeira de floresta plantada ou comercial, que no Brasil mais de 75% é composta pelo eucalipto, sendo o E. urophylla uma das espécies mais plantadas no Brasil e no mundo.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Laerte Scanavaca Júnior, uma espécie nativa da Floresta Amazônica ou da Mata Atlântica demora pelo menos 100 anos para produzir madeira para serraria ou carpintaria com aproveitamento médio de 30%, sendo encarecida pelo transporte por estar em locais de difícil acesso e muito longe do mercado consumidor, enquanto um eucalipto demora de 20 a 30 anos, com aproveitamento de 40 a 60% da madeira.
“A floresta comercial no Brasil não chega a 10 milhões de hectares, ou seja, um pouco mais de um por cento do território, entretanto, representa mais de 40% da necessidade de madeira do país. Os setores de papel e celulose só utilizam madeira de reflorestamento, o setor siderúrgico ainda utiliza um pouco de madeira nativa, enquanto o único setor que a maior parte de madeira é nativa é o de produtos sólidos, como móveis e madeira para construção civil. Isso tem que mudar”, diz Scanavaca.
O pesquisador destaca que o grande valor da Floresta Amazônica está nos serviços ambientais – mais de 50% das águas das regiões Centro Oeste, Sudeste e Sul vêm da Amazônia – e produtos não madeireiros, como fármacos e condimentos, que podem render mais de 50 milhões de dólares por hectare por ano, além dos frutos e sementes que podem render mais de 10 milhões por hectare por ano. “A madeira da Floresta Amazônica pode ser substituída com qualidade e preço pela madeira da floresta comercial”, afirma Scanavacca.
Para o pesquisador da USP José Nivaldo Garcia, o trabalho mostra que não há entendimento entre a produtividade e as propriedades tecnológicas. “A maioria das empresas florestais realiza melhoramento genético, visando à produtividade e isto não afeta em nada as propriedades tecnológicas, ou seja, só é preciso selecionar as progênies mais produtivas para a marcenaria, com baixa densidade e encolhimento, ou para serraria, com alta densidade, alta resistência ou cisalhamento, elástica e módulo da elasticidade”, explica Garcia.
O experimento quando estava com nove anos foi avaliado e os resultados apreciados que o material com essa idade é mais indicado para carpintaria. Porém, por volta de 20 anos, todas as propriedades mecânicas melhoraram e, a partir de um programa de melhoramento genético pode-se também adequar a espécie para serraria, com maior teor de extrativos, baixa densidade e encolhimento ou carpintaria, com maior resistência mecânica das propriedades avaliações.
O trabalho completo pode ser acessado neste link.