A guerra tarifária vem surtindo efeitos inéditos no Agronegócio. Uma quantidade incomum de soja brasileira foi adquirida pela China nos primeiros dias desta semana, em meio ao aumento das tensões comerciais entre o país asiático e os Estados Unidos, conforme reportado pela Bloomberg.

Foram compradas pelo menos 40 cargas do grão, totalizando mais de 2,4 milhões de toneladas, o que representa quase um terço do volume médio que os chineses costumam processar mensalmente. A maior parte das entregas está programada para os meses de maio, junho e julho.

Esse movimento ocorre em um contexto de dificuldades comerciais entre as duas maiores potências econômicas do mundo, após Donald Trump ter imposto tarifas de importação de 145% sobre produtos chineses. Em resposta, os chineses aumentaram suas taxas sobre produtos norte-americanos de 84% para 125% na última sexta-feira (11).

O mais recente relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), divulgado na semana passada, já havia indicado um aumento na demanda internacional por soja brasileira, com um crescimento nas negociações no mercado spot no final de março. Até o dia 21 de março, o Brasil havia exportado 10,25 milhões de toneladas da oleaginosa, um aumento de 59,5% em comparação a fevereiro.

Embora a soja seja a principal commodity agrícola exportada pelos Estados Unidos para a China, o Brasil tem se destacado como um fornecedor global importante, especialmente para os chineses, que são os maiores compradores do grão no mundo. Normalmente, as compras chinesas começam em fevereiro, durante a colheita da safra brasileira, mas as aquisições desta semana foram descritas como “excepcionalmente significativas e rápidas” por fontes anônimas consultadas pela Bloomberg. Nesse cenário, os importadores também foram incentivados pelas margens mais elevadas no processamento interno da soja, impulsionadas pelo aumento nos preços do farelo.