Cientistas argentinos realizaram um avanço sem precedentes na biotecnologia equina, apresentando os primeiros cinco cavalos geneticamente editados do mundo, na primeira quinzena de dezembro passado. Este feito coloca a Argentina em uma posição de destaque na pesquisa em edição genética e abre novas possibilidades para o melhoramento de equinos, tanto no esporte quanto na saúde animal.

A equipe de pesquisa, respaldada pela empresa de biotecnologia Kheiron S.A. e financiada com capital local, utilizou a técnica CRISPR-Cas9 para modificar o genoma equino. Esse método permite alterações específicas no DNA sem gerar combinações que possam ser classificadas como Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). Assim, os cavalos podem ser considerados naturais dentro das rígidas regulamentações nacionais e internacionais.

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O que é CRISPR-Cas9?
O CRISPR-Cas9 é uma ferramenta de edição genética que permite cortes precisos no DNA, guiados por sequências específicas de RNA. Após o corte, os mecanismos naturais de reparo do DNA possibilitam a inserção ou modificação de sequências genéticas com alta precisão.

No campo animal, essa tecnologia já foi usada para estudar doenças humanas, melhorar a produção pecuária e conservar espécies ameaçadas. Em cavalos, a aplicação dessa técnica pode revolucionar a seleção de características desejáveis em uma única geração, acelerando o desenvolvimento de exemplares de alto desempenho e reduzindo o tempo necessário em relação aos métodos tradicionais.

Cavalo Contexto de Grande Avanço
A Kheiron S.A., uma empresa argentina reconhecida por seus avanços em clonagem equina, já havia alcançado marcos globais no setor. Desta vez, seu time avançou ainda mais ao aplicar a edição genética em cavalos de alta performance. O foco da pesquisa foi o gene MSTN, associado à regulação do crescimento muscular, utilizando fibroblastos fetais para gerar mutações específicas e controladas.

De acordo com os especialistas, o processo incluiu a transferência nuclear de células somáticas, um método que permite selecionar células previamente editadas e garantir resultados precisos. Esse procedimento reduz erros em áreas indesejadas do genoma e assegura que as características modificadas sejam transmitidas à geração seguinte. Estudos anteriores destacaram a eficiência da técnica, com taxas de edição de até 96%.

Impactos no Desempenho Esportivo e na Saúde Equina
O desenvolvimento desses cavalos geneticamente editados abre novas oportunidades para o desempenho esportivo e para a prevenção de doenças hereditárias. Os pesquisadores enfatizaram que a modificação do gene MSTN poderia aprimorar capacidades físicas específicas, como velocidade e resistência, características essenciais em esportes como o polo e as corridas. Além disso, a tecnologia pode ser usada para corrigir mutações responsáveis por doenças genéticas, melhorando a qualidade de vida dos animais e reduzindo os custos veterinários relacionados a tratamentos.

Um exemplo emblemático foi a escolha da égua Polo Pureza, multipremiada e reconhecida no “Salão da Fama” da Associação Argentina de Criadores de Cavalos de Polo, como base para as modificações genéticas. O objetivo era potencializar sua explosividade sem comprometer outras qualidades essenciais, evidenciando a versatilidade da edição genética para atender a necessidades específicas.

Regulamentação e Perspectivas Futuras
O projeto seguiu os critérios da Direção Nacional de Bioeconomia e da Comissão Nacional Assessora de Biotecnologia Agropecuária (CONABIA), órgãos reguladores da biotecnologia na Argentina. Paralelamente, cumpriu as normas da Associação Argentina de Criadores de Cavalos de Polo e da Sociedade Rural Argentina, garantindo que os animais não fossem alvo de controvérsias relacionadas ao “doping genético”.

O marco alcançado pela Kheiron representa uma virada na biotecnologia animal. Os impactos desse avanço podem ir além da indústria equestre, influenciando a agricultura, a medicina veterinária e outros setores. Além disso, reforça a importância de integrar o conhecimento científico com aplicações comerciais, beneficiando a pesquisa e a economia.

(Com Forbes)

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Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.