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Para CNA, agro é o grande ator e colaborador da transição energética
Ao discursar na abertura do seminário “Agroenergia: Transição Energética Sustentável – Edição Etanol”, na quarta (30), o vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner, afirmou que o agro é o “grande ator e colaborador da transição energética no país”.
Promovido com apoio do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o evento reuniu na sede da Confederação, em Brasília, especialistas, parlamentares, produtores, diretores do Sistema CNA/Senar e representantes de entidades.
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“Somos protagonistas na temática, com uma significativa participação de mais de 49% de fontes renováveis de energia, como hidráulica, solar, eólica e biomassa. No entanto, é nosso desafio transformar essa matriz em um modelo ainda mais eficiente, capaz de atender às necessidades atuais e futuras”, afirmou.
Segundo o vice-presidente da CNA, o agro, que tradicionalmente é visto como a base da segurança alimentar mundial, se destaca também como uma peça-chave na construção de um cenário energético mais sustentável.
“Através de pesquisa e desenvolvimento, estamos transformando nossos campos em verdadeiras usinas de energia, sem competir de maneira alguma com a oferta de alimentos.”
Schreiner ressaltou que o agro contribui diretamente para a produção de biocombustíveis por meio do cultivo de diversas matérias primas, contribuindo para a redução da dependência brasileira dos combustíveis fósseis e para a redução das emissões dos gases de efeito estufa.
Somos o segundo maior produtor de etanol e biodiesel do mundo, que juntos somaram mais de 43 bilhões de litros fabricados no último ano, ficando atrás apenas dos Estados Unidos”, observa.
“Em relação ao biometano, atingimos a marca de 75 milhões de metros cúbicos, sendo que a Agência Internacional de Energia projeta que seremos o quinto maior produtor mundial em menos de cinco anos”, completa Schreiner.
Na avaliação do vice-presidente da CNA, é cada vez mais importante que o país invista em políticas públicas que apoiem a geração de energias renováveis, como investimento em pesquisa, tecnologia e capacitação técnica para os produtores rurais.
“A colaboração entre governos, entidades privadas, instituições de pesquisa e o setor agrícola é indispensável para criarmos um ecossistema que favoreça a inovação e a sustentabilidade.”
José Mário Schreiner afirmou em seu discurso que a transição energética sustentável não é apenas uma necessidade ambiental, mas também uma oportunidade econômica. “Vamos aproveitar este espaço para debater, articular e, sobretudo, edificar e fortalecer o papel do agro na discussão a respeito da transição energética justa e sustentável, tal como deve ser.”
Ele finalizou afirmando que o seminário é também um preparativo para a participação do setor na Conferência do clima (COP30), que acontece no Brasil em 2025.
“Temos muitas informações que demonstram a relevância do agro para a transição energética, as quais objetivamos compartilhar com nossa sociedade e principalmente inspirar os líderes do mundo.”
Pietro Mendes, secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), destacou a importância do debate e dos avanços relacionados ao tema, como o reconhecimento internacional dos combustíveis sustentáveis durante a reunião do G20.
“A Agência Internacional de Energia fez um documento que trata dos critérios para que a gente tenha uma harmonização global do que seria um combustível sustentável dentro de uma análise do ciclo de vida e de parâmetros reconhecidos internacionalmente.”
A coordenadora do Observatório de Bioeconomia da FGV, Talita Priscila Pinto, afirmou que 80% das emissões de gases de efeito estufa no mundo vem dos combustíveis fósseis. Segundo ela, hoje um dos principais desafios da humanidade para se descarbonizar é reduzir essas emissões.
“Quando a gente olha para os biocombustíveis, vemos que são o sucesso da bioeconomia do ponto de vista econômico, social e ambiental e o Brasil se destaca do resto do mundo de forma positiva. É a agroenergia mostrando para o mundo que é possível gerar mais emprego, se desenvolver, fomentar a economia e ser um fator promotor de descarbonização.”
Talita lembrou que o setor agropecuário é a única atividade econômica que consegue remover carbono da atmosfera. “A agroenergia é uma fonte de remoção que é potencializada desde o manejo da terra à queima desses combustíveis quando comparada com o petróleo e outras fontes fósseis. Por isso, estamos em um momento estratégico para se posicionar como país e contar a história como deve ser contada.”
O deputado Benes Leocádio (União/RN), membro da Comissão Especial de Transição Energética e Produção de Hidrogênio Verde da Câmara dos Deputados, reforçou a posição do agro que, além de produzir alimentos, se preocupa com a transição energética.
O parlamentar disse que o país está revolucionando o setor de energias renováveis e citou o projeto de lei 3149/2020, do hoje senador Efraim Filho (DEM/PB), que inclui produtores rurais de matéria-prima destinadas à produção de biocombustíveis na Política do Renovabio. Benes Leocádio é o relator da proposta na Comissão de Minas e Energia da Câmara.
“Quero agradecer à CNA e às demais entidades do setor que nos ajudaram a fechar o relatório visando ter o reconhecimento desses produtores rurais. Ainda temos muito a avançar, mas vamos cumprir nossa missão de melhorar a legislação para que traga mais segurança ao setor.”
O presidente da Comissão Nacional de Cana-de-Açúcar da CNA, Nelson Perez, lembrou a todos da necessidade de se deixar um legado para as futuras gerações por meio do mercado de agroenergia.
“Temos que deixar um legado e um mundo melhor para nossos descendentes. E nós, que lidamos com o agronegócio brasileiro, temos uma oportunidade única de deixar esse legado por meio do nosso mercado de energia conectado à agricultura.”
Após a abertura foi realizada uma palestra magna com o tema “Potencial da Agroenergia: transformando a realidade energética do Brasil”, com o professor e pesquisador do Observatório de Bioeconomia da FGV, Luciano Rodrigues. Na sequência, especialistas discutiram, em dois painéis, o etanol em fontes consolidadas e emergentes, com foco no cenário atual, principais desafios e gargalos.
Assista, na íntegra, ao discurso do vice-presidente da CNA, José Mário Schreiner: