É preciso congelar plantas de frutas de caroço para protegê-las do frio intenso (Fotos: André Kulkamp / Epagri)
FRUTICULTURA

Tecnologia para monitorar automaticamente temperatura de pomares de frutas de caroço

É preciso congelar plantas de frutas de caroço para protegê-las do frio intenso (Fotos: André Kulkamp / Epagri)
Redação Sou Agro
Redação Sou Agro

A geada pode comprometer pomares inteiros de frutas de caroço, como pêssego e ameixa. Para proteger essas plantas contra o frio intenso é preciso congelá-las. A técnica é chamada de controle de geada por aspersão. O sistema é constituído por aspersores que promovem uma “chuva” no pomar na iminência da geada.

Com o tempo propício à geada, o fruticultor que usa o sistema fica atento. Quando a temperatura do ambiente chega a 1°C, com tendência de queda, é hora de ligar os aspersores. A proposta é criar uma boa lâmina de água sobre as plantas para que elas congelem quando a temperatura chegar a 0°C. E permaneça assim até que a temperatura do ar retorne a patamares positivos.

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André Kulkamp de Souza, pesquisador e gerente da Estação Experimental da Epagri em Videira, explica que os danos começam a surgir em frutos quando a temperatura chega a -1°C. No caso das flores, a temperatura mínima suportada é de até -3°C. Quando a planta está completamente congelada, ela se mantém na temperatura de 0°C, independente do frio que faz no ambiente.

Monitoramento à distância

Para aprimorar esse trabalho, a Epagri está desenvolvendo projeto para validar a tecnologia de monitoramento automático telemétrico dos dados de temperatura do pomar e outras variáveis, como umidade relativa e molhamento foliar.

Monitoramento automático telemétrico mede e envia dados sem a necessidade de intervenção humana

A intenção final é entregar no celular, tablet ou computador do fruticultor as informações necessárias para facilitar e aprimorar a tomada de decisão, ao mesmo tempo em que torna seu trabalho menos penoso. Isso porque o produtor precisa enfrentar o frio para ir pessoalmente até o pomar conferir a temperatura medida por termômetros instalados nas plantas. A tecnologia também vai contribuir para aumentar a produtividade dos pomares.

O experimento

Entre os dias 11 e 13 de agosto, em um evento de geada moderada, a pesquisadora da Epagri/Ciram, Iria Araujo, acompanhou as informações geradas através de seis sensores de temperatura em diferentes alturas de dossel de pessegueiro, instalados em abril de 2023. A ação aconteceu em pomar experimental mantido pela Epagri em Videira. O pesquisador André Kulkamp de Souza é parceiro na execução do projeto .

No experimento, as temperaturas medidas pelos sensores foram transmitidas por e-mails enviados a cada hora para celulares e computadores. Cada e-mail trazia a temperatura medida a cada cinco minutos naquela última hora. A tecnologia permitirá que o agricultor controle essa variação no conforto de seu lar, acionando os aspersores a campo quando a temperatura chegar a 1°C.

Frutos precisam se congelados antes de a temperatura ambiente atingir -1°C

“O trabalho mostrou ótimos resultados”, avalia Iria. Ela conta que a tecnologia permitiu uso da aspersão para controle dos danos da geada nos pessegueiros. A pesquisadora comemora ainda o sucesso na utilização da instrumentação meteorológica, “que funcionou sem falhas durante todo o período de irrigação”, relata.

A Epagri é pioneira no Brasil no estudo e indicação de uso da tecnologia de controle de geadas por aspersão. O Centro de Treinamento da Epagri em Videira iniciou os testes em 1983, em pomares de pêssego. A Epagri ofereceu cursos que difundiram a tecnologia, usada atualmente em várias regiões do Sul do país.

(Com Epagri)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)