fonte: GUSTAVO VARA/PREFEITURA DE PELOTAS/ARQUIVO
Boletim Climático

Semana de alto risco: chuva forte, possibilidade de enchentes e granizo

Será que as chuvas normalizam no Brasil?
Sirlei Benetti
Sirlei Benetti

A semana que começa e que marca o começo da primavera será de muito alto risco no Rio Grande do Sul e em áreas do Centro para o Norte do Uruguai com previsão de chuva excessiva a extrema, alagamentos, inundações, cheias de rios, enchente e temporais frequentes com muitos raios e elevada probabilidade de granizo de variado tamanho. MetSul Meteorologia alerta para um evento de chuva extrema no Sul do Rio Grande do Sul, fronteira com o Uruguai e áreas adjacentes.

A chuva já atinge pontos mais ao Sul do estado até o final deste domingo, mas a instabilidade mais intensa vai ocorrer entre segunda e o começo da quinta-feira. Será o maior episódio de chuva no Rio Grande do Sul desde o fim de abril e o começo de maio, que levou às enchentes catastróficas no estado no outono.

A abrangência e os volumes no episódio de chuva, entretanto, tendem a ser menores que os do desastre de meses atrás. Diferentemente de meses atrás, este episódio de chuva excessiva vai afetar mais áreas do Oeste e do Sul do Rio Grande do Sul, de forma que a Metade Norte não vai ser atingida por acumulados extremos de precipitação, o que vai livrar bacias como Jacuí, Taquari, Caí, Sinos e outras do risco de enchentes.

A instabilidade, embora já tenha início neste domingo, deve se intensificar muito no Sul e no Oeste e do Rio Grande do Sul entre esta segunda e o começo da quinta-feira com muita chuva e temporais frequentes com raios e queda de granizo. A chuva em vários momentos neste período deve ser forte a torrencial, com pancadas por vezes intensas no Oeste e no Sul do estado, trazendo altos volumes em intervalos curtos. A soma de vários dias de precipitação determinará os acumulados excessivos a extremos.

O QUE VAI ACONTECER?

Uma massa de ar muito quente vai avançar sobre o Rio Grande do Sul neste começo de semana e encontrar ar mais frio ao Sul. Com isso, áreas de instabilidade vão se formar sobre o estado com chuva, raios e risco de granizo. Frente quente, então, vai se formar com forte instabilidade. Esta frente passará à condição de semi-estacionária, mantendo a instabilidade por dias seguidos entre o Oeste, o Sul e por vezes em pontos do Centro e do Leste gaúcho.

Haverá um enorme contraste térmico entre o Norte e o Sul do Rio Grande do Sul, tal como se viu no desastre do fim de abril e o começo de maio, contribuindo para que a chuva seja muito volumosa e excessiva.

A alimentação do ar muito quente de Norte, com temperaturas altíssimas no nível de 850 hPa (1500 metros de altitude) de até 25ºC ou mais e de 35ºC ou mais em superfície na Metade Norte, estimulará a formação de nuvens muito carregadas no Oeste e no Sul do estado com a chuva excessiva e temporais. No decorrer da quinta-feira, o tempo melhora no Oeste e no Sul à medida que a frente começa a se deslocar para Norte, como frente fria, levando chuva para cidades da Metade Norte do Rio Grande do Sul e encerrando o período muito quente na região.

QUANTO PODE CAIR DE CHUVA

Modelos numéricos indicam volumes de chuva generalizados acima de 100 mm no Oeste e no Sul do estado, com marcas em vários pontos perto e acima de 200 mm. Há dados apontando para acumulados ainda mais altos da ordem de 300 mm a 400 mm em alguns pontos. Os mapas abaixo mostram as projeções de chuva acumulada nesta semana no Rio Grande do Sul a partir dos modelos numéricos canadense, ECMWF do Centro Meteorológico Europeu e o alemão Icon. Os mapas são das rodadas da 0Z deste domingo.

Como se observa, os modelos estão em acordo sobre chover muito, mas divergem quanto a volumes. O mais radical é o alemão Icon que indica 300 mm a 400 mm ou mais para o Sul do estado, especialmente numa área entre Jaguarão, Pelotas e Santa Vitória do Palmar, incluindo as Lagoas Mirim e Mangueira assim como a reserva do Taim.

ALAGAMENTOS, INUNDAÇÕES E CHEIAS DE RIOS PELA CHUVA EXCESSIVA

Com os altos volumes previstos, alagamentos e inundações serão inevitáveis neste episódio de precipitação extrema. Áreas urbanas e rurais devem sofrer com inundações no Oeste e no Sul do estado. Açudes e pequenas barragens podem transbordar. Rios das regiões Oeste e Sul do Rio Grande do Sul como Santa Maria, Ibirapuitã, Jaguarão e Quaraí podem ter cheia ou mesmo sair do leito. O risco é maior para bacias que estão no Sul do estado, onde os volumes serão maiores.

Algumas estradas, particularmente municipais e rurais, devem se tornar intransitáveis com prováveis trechos e pontilhões cobertos pela água. Com a perspectiva de forte correnteza, trechos alagados devem se terminantemente evitados sob perigo de acidentes fatais.

ALTO RISCO DE TEMPORAIS DE GRANIZO

Com a formação da frente quente e que passará a semi-estacionária, sendo alimentada por ar muitíssimo quente ao Norte, nuvens carregadas vão se formar constantemente sobre o Sul e o Oeste do estado, por vezes avançando até parte do Centro e do Leste do estado. Trarão, além da chuva excessiva, muitos raios e altíssimo risco de temporais. Os mapas abaixo mostram a projeção de densidade de raios entre hoje e quarta no estado gaúcho a partir do modelo europeu em que se constata como haverá muitas descargas no Oeste e no Sul gaúcho.

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Com Metsul

(Sirlei Benetti/Sou Agro)