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Evento de mulheres fomenta conquistas

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Redação Sou Agro
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A busca por mais representatividade feminina no agronegócio motivou milhares de produtoras rurais a viajarem centenas de quilômetros para participar do 12º Encontro de Produtoras Rurais de Cascavel, realizado nos dias 8 e 9 de agosto, na região Oeste do Paraná. Com mais de 1,5 mil participantes vindas de 101 municípios paranaenses, o evento celebrou a mobilização feminina no setor produtivo e abordou temas relevantes para o cotidiano da mulher do campo. Idealizado e organizado pela Comissão Feminina do Sindicato Rural de Cascavel, com apoio do Sistema FAEP e da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF), o encontro propôs uma programação que refletiu as transformações e os desafios enfrentados pelas produtoras rurais.

Em meio à multidão de mulheres estava Maria Amélia Koliky, que se tornou produtora em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, após o casamento, quando viu a necessidade de ajudar o marido nos negócios da família. No entanto, sua vocação para a agricultura não ficou apenas dentro da porteira. Em maio deste ano, Amélia entendeu, na prática, a importância da representatividade no setor.

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A Câmara de Vereadores de Ponta Grossa havia aprovado um Projeto de Lei (PL) que tornava obrigatória a aquisição de alimentos orgânicos ou de base agroecológica para a merenda escolar das unidades da rede municipal de ensino até 2030. Para Amélia, que recentemente havia se juntado à diretoria da Associação dos Produtores Hortifrutigranjeiros de Ponta Grossa (ASPHPG), essa proposta prejudicava os pequenos produtores locais que já fornecem alimentos para as escolas.

Segundo Amélia, a nova exigência poderia excluir muitos desses produtores, que ainda não possuem a infraestrutura ou os recursos necessários para atender aos requisitos de produção orgânica no prazo estabelecido pelo PL. Apenas na ASPHPG, mais de 45 agricultores familiares seriam impactados. A produtora, então, buscou ajuda na comissão de mulheres de Ponta Grossa.

“Eu expliquei, no grupo, o que estava acontecendo. Imediatamente, recebi sugestões do que poderia ser feito. Elas repassaram essa demanda para o presidente do sindicato e conseguimos marcar uma reunião com a prefeita, com participação dos produtores da associação”, conta Amélia, que começou a participar da comissão em fevereiro deste ano.

Com apoio das mulheres da comissão local e do Sindicato Rural de Ponta Grossa, foi feito um extenso trabalho de mobilização junto ao poder público para que os vereadores também tomassem conhecimento do impacto que a medida teria sobre os pequenos produtores. Como resultado desse esforço coletivo, a prefeita vetou o projeto de lei que posteriormente também foi barrado pelos vereadores.

Hoje, eu vejo o quanto essa mobilização das mulheres é importante para a força política dos sindicatos e dos produtores rurais para defender os mesmos interesses. Amélia Koliky, produtora rural e integrante da comissão de mulhers de Ponta Grossa

Para a produtora, o encontro em Cascavel foi uma oportunidade para que outras mulheres compreendessem que podem encontrar esse mesmo apoio em seus municípios, por meio das histórias de superação e exemplos similares. “Aconteceu comigo. Com a comissão eu me senti mais à vontade para expor a situação e pedir ajuda. E agora eu percebo que tem várias mulheres que se sentem confortáveis para falar comigo, pedir apoio lá na associação. A vontade de agir sempre esteve ali. Às vezes o que falta é esse empurrãozinho”, complementou Amélia.

Participação no setor

Histórias como a de Amélia são exemplos positivos que a mobilização feminina tem causado no Paraná. Durante o encontro, o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, destacou a atuação da CEMF para o fortalecimento do setor. Hoje, mais de 2,8 mil mulheres participam de 90 comissões locais nos sindicatos rurais. “As mulheres são o alicerce da nossa casa, fazem a transformação dentro dos nossos lares com os nossos filhos e estão trazendo vozes para dentro do sistema sindical. É preciso mostrar a importância de um setor produtivo fortalecido e com representatividade”, afirmou Meneguette.

Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP

A presidente da Comissão Feminina do Sindicato Rural de Cascavel, Maria Beatriz Orso, falou sobre os desafios enfrentados pela mulher que trabalha no agronegócio, ressaltando a força para avançar em questões importantes para o desenvolvimento do setor.

Precisamos continuar lutando por políticas públicas que reconheçam a importância do agro. Precisamos de mais investimento, crédito e condições de seguro. Maria Beatriz Orso, presidente da Comissão Feminina do Sindicato Rural de Cascavel

A coordenadora da CEMF e vice-presidente do Sistema FAEP, Lisiane Rocha Czech, destacou o aumento na participação de mulheres como diretoras nos sindicatos rurais do Paraná desde a criação da Comissão Estadual em 2021, que subiu de 6% para 9,4%. “Espaço a gente ocupa aos poucos. E é isso que estamos fazendo nessa caminhada, nos capacitando, trabalhando e crescendo juntas”, refletiu.

O presidente do Sindicato Rural de Cascavel, Paulo Orso, enfatizou a importância do envolvimento das mulheres para promover avanços e soluções eficazes para o setor produtivo, com a participação em associações, conselhos e entidades de classe. “As mulheres estão levando suas demandas, ajudando nossos representantes a tomarem as decisões corretas, pois sabemos o que precisamos, os nossos problemas e dificuldades. As produtoras estão aproveitando as oportunidades para fortalecer esse sistema político e de representação”, concluiu.

Paulo Orso, presidente do Sindicato Rural de Cascavel

União e representatividade

A anfitriã do evento, Maria Beatriz Orso, também ressaltou o papel das comissões locais de mulheres no fortalecimento da representatividade política dos produtores rurais, mencionando o Projeto Sindicato Protagonista como uma importante ferramenta desse trabalho. Idealizada pela CEMF e implantado pelo Sistema FAEP, a iniciativa promove o desenvolvimento dos sindicatos participantes e expande sua atuação em municípios e regiões. Para aderir ao projeto, as entidades sindicais precisavam contar com uma comissão local de mulheres já instituída e em atividade.

No Sindicato Rural de Medianeira, na região Oeste do Paraná, que aderiu ao Projeto Sindicato Protagonista, a comissão de mulheres elaborou uma ação chamada “Sindicato na comunidade”, para divulgar o trabalho da entidade sindical e atrair novos associados. A iniciativa reúne mulheres de comunidades rurais da região para participar de encontros nos quais são discutidos o sistema sindical e as atividades da comissão local, fortalecendo a conexão entre o sindicato e a comunidade. A ação, que começou neste ano, já reuniu mais de 70 mulheres.

“Levamos os objetivos da comissão, falamos sobre a valorização da mulher do campo, sobre o apoio que o sindicato oferece ao produtor rural e do sistema sindical. Também enfatizamos que as mulheres participem dos cursos do Sistema FAEP, ou seja, se capacitem”, explicou Leni Martelli Ott, coordenadora da comissão de mulheres de Medianeira.

Segundo Ivanete Schwartz Rosso, que integra a comissão local de mulheres de Medianeira, a decisão do grupo de levar o conhecimento diretamente às comunidades permitiu que as mulheres se sentissem mais acolhidas, valorizadas e motivadas a participar. “Nosso objetivo é esse contato mais próximo, diretamente com as mulheres, porque percebemos que muitas vezes o convite não chegava até elas, principalmente as que estão mais afastadas. Por isso precisamos chamá-las, reforçar a importância que elas têm”, disse.

A troca de experiências é muito motivadora. Em eventos como este, de Cascavel, ficamos inspiradas em ver tantos exemplos de mulheres que estão transformando o agro. E vamos levar isso para a nossa comissão e para as mulheres das comunidades. Leni Martelli Ott, coordenadora da comissão de mulheres de Medianeira

Coordenadora da CEMF é homenageada por liderança feminina

Maria Beatriz Orso, Lisiane Rocha Czech e Denise Adriana de Meda: representantes de lideranças femininas no Paraná

Coordenadora da CEMF é homenageada por liderança feminina Durante o 12º Encontro das Produtoras Rurais de Cascavel, a coordenadora da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF) e vice-presidente do Sistema FAEP, Lisiane Rocha Czech, recebeu uma homenagem da Comissão Feminina do Sindicato Rural de Cascavel pela condução do trabalho na mobilização de mulheres do agronegócio do Paraná.

Além de agrônoma e produtora rural, Lisiane é presidente do Sindicato Rural de Teixeira Soares, na região Centro-Sul do Estado, há 16 anos. Em 2021, a líder rural assumiu a coordenação da CEMF. Enquanto produtora, Lisiane iniciou a atividade leiteira em uma propriedade herdada de seu pai na década de 1990, inspirada pelo trabalho da bisavó e avó, que também estiveram a frente de seus negócios no campo.

Confira trechos dos discursos das autoridades:

O que inspira a Comissão Nacional são as mulheres do Paraná. Temos muito talento dentro das nossas propriedades e sindicatos. Essa mobilização ocorre porque sonhamos juntas e fizemos com que esse sonho se tornasse realidade. Quando estou representando a CNA, eu sempre falo do trabalho e do exemplo do nosso Estado.

Simone Carvalho Bossa de Paula, vice-presidente da Comissão Nacional das Mulheres do Agro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

As mulheres do Paraná são pioneiras do agro. Elas fazem do nosso Estado esse exemplo que alimenta bilhões de pessoas ao redor do mundo. Quando eu vejo um agricultor, eu vejo um pedacinho da minha família. Os governos passam, mas o Brasil fica. Vamos deixar um país melhor para nossos filhos e netos.

Nelsinho Padovani, deputado federal

Essas mulheres incríveis têm ajudado a fazer com que o nosso Estado seja uma potência nacional e internacional. Não existe nada mais poderoso do que a força de uma ideia cujo tempo chegou e, hoje, mostramos a força da mulher paranaense. O que as mulheres fazem dentro e fora das propriedades rurais é digno de reconhecimento e valorização.

Leandre Dal Ponte, secretária de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa

“Em algum lugar do mundo tem alguém consumindo um produto que vem do agro, que saiu da região Oeste, do Paraná ou do Brasil. Nós produzimos comida, somos reconhecidos e respeitados no mundo porque o nosso DNA é o da produção agropecuária. Os governos municipais, estaduais e federal precisam do agro. Temos que cobrar apoio aos produtores, que ajudam o Brasil.

Leonaldo Paranhos, prefeito de Cascavel

(Com AEN/PR)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)