ESPECIAIS
Produtores gaúchos recebem doações de alimentos para os animais
O caminhão que chegou na propriedade de Elemario Grunewaldt, na Vila Storck, em Forquetinha, Vale do Taquari, na terça-feira (04/06), levou não apenas alimento para os animais, mas também alento e alívio. São doações de produtor para produtor, que vêm de vários estados do Brasil. E quem faz a intermediação entre quem doa e quem precisa é a Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), com apoio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e da Emater/RS-Ascar. São distribuídas bolas de 500 quilos cada, de pasto pré-secado, feno e silagem, na maioria das vezes, mas também ração para gado de leite, aveia preta, ração para suínos e para equinos.
Conforme a vice-presidente técnica da Gadolando, Bruna Schiefelbein, a ação está sendo realizada desde o dia dois de maio e não tem prazo para terminar. “Tinha muita gente querendo doar e não sabia como. Então, organizamos a logística, a Emater fez um levantamento para ver quem eram os produtores mais afetados para fazer a rede de distribuição. Foi 99% de alimento doado, não colocamos dinheiro algum. A Seapi está ajudando na distribuição, com os caminhões em Lajeado, onde a empresa Ordemax, que fabrica produtos para limpeza de ordenhadeiras, cedeu o espaço para o armazenamento das doações”, explicou. “Mas também temos pontos de distribuição em Soledade, Teutônia, Santa Cruz do Sul, Arroio do Meio, Doutor Ricardo, entre outros municípios”, destacou Bruna.
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“As doações são principalmente para o gado leiteiro, mas outros animais também têm recebido, como gado de corte”, salientou Bruna. “Elas vêm de produtores de parte do Rio Grande do Sul e de outros estados como Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, entre outros. Até agora, chegaram mais de 150 carretas com doações de alimentos, o equivalente a R$ 3,5 milhões”, afirmou. Ela ressaltou que a maioria das doações veio de produtores de leite, mas também chegaram de algumas instituições e cooperativas, e de produtores de volumosos, como de feno e silagem. “Os alimentos chegam para aqueles produtores que foram afetados diretamente pelas enchentes e têm mais emergência em receber”.
Doação em Forquetinha
O produtor Elemario Grunewaldt ficou feliz e aliviado em receber três bolas de pré-secado, ou 1.800 quilos, que vão alimentar suas 13 vacas pelas próximas semanas. Ele já tinha recebido há 15 dias 20 fardos de fenos também.
Grunewaldt, de 77 anos, mora com a esposa Selmira há 20 anos no local, onde plantam milho e criam gado leiteiro e suínos. Eles foram duramente afetados pela enchente do Arroio Forquetinha. O produtor alemão nascido no Brasil, mas que mal fala português, contou que perderam silagem e milho em grão. “A água levou a carroça cheia de milho em grão e toda a nossa pastagem”, relembrou com tristeza. O casal também perdeu uma ordenhadeira e um resfriador de leite, além de duas vacas, porque ficaram sem ordenha, adoeceram e morreram. “Essa doação é boa, porque eu tava mal, não tinha dinheiro pra comprar comida pros meus bichos”, comentou o produtor.
O gerente regional adjunto da Emater/RS-Ascar de Lajeado, Carlos Augusto Lagemann, explicou que a entidade atende 55 municípios dos Vales do Taquari e do Caí e recebe as doações que chegam do norte do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e outros estados. “E distribuímos para os produtores que tiveram perda de alimento, devido a muitas pastagens perdidas”.
“Aqui em Lajeado temos uma bacia leiteira importante, uma das mais antigas do Rio Grande do Sul. Os colegas da Emater fazem o levantamento das demandas mais urgentes e encaminham para a coordenação regional. Temos vários centros de distribuição: em Lajeado, Arroio do Meio, Vespasiano Corrêa, Montenegro, Teutônia, entre outros. Até agora já devem ter chegado algumas centenas de toneladas de alimento”, contabilizou Lagemann.
Logística da Seapi
O assessor da Diretoria-Geral da Seapi, Nilton Flores da Silva, contou que a Seapi passou a integrar a ação dia 18 de maio e, ao todo, já envolveu cerca de 20 servidores. “Atualmente tem uma equipe de oito servidores que atuam de segunda a segunda-feira, inclusive feriados, das 8h às 18h30. Mas se precisar trabalhar fora desse horário, estamos prontos”, garantiu.
“A Seapi ajuda na logística: recebe as doações, retira dos caminhões, armazena e entrega para os postos da Emater/RS-Ascar nos cerca de 60 municípios onde a Gadolando tem produtores afetados”, esclareceu Silva. Segundo ele, são quatro caminhões, uma retroescavadeira e uma empilhadeira à disposição.
O médico veterinário e supervisor da Regional de Rio Pardo da Seapi, Pablo Ataíde, acrescentou que as doações hoje estão concentradas nas regiões mais afetadas: do Vale do Taquari, parte do Vale do Rio Pardo e Vale do Caí. “Aqui no pátio da Ordemax, desde o início da participação da Seapi, já foram recebidas 750 bolas de pré-secado, 1.220 fardos de feno e 1.200 sacas de silagem”.
(Com EMATER/RS)