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Transporte de fertilizantes: como e por que fazer o gerenciamento de risco
Os fertilizantes percorrem as rodovias antes de chegar ao campo. A produção de grãos no Brasil cresceu mais de seis vezes nos últimos 40 anos, enquanto a área plantada apenas dobrou. O aumento da produtividade foi possível graças ao uso de tecnologia e de adubos nas plantações. Entretanto, o transporte inbound dos insumos das fazendas é um dos grandes desafios na logística atual do agronegócio.
Cerca de 40% dos insumos necessários à cultura de grãos e cereais são fertilizantes, uma substância mineral ou orgânica, natural ou sintética, capaz de fornecer nutrientes às plantas.
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Mais de 85% dos fertilizantes ou componentes usados na fabricação de fertilizantes são importados, ou seja, percorrem longos caminhos nas rodovias entre os portos brasileiros e os misturadores, armazéns ou fazendas. Por isso, é preciso ser eficiente no transporte das cargas. Melhorar a logística de fertilizantes requer uma gestão efetiva dos riscos. Uma das estratégias é investir em boas soluções de gerenciamento de riscos.
O Brasil é o quarto maior produtor mundial de grãos, mas tem pouco mais de 20 grandes plantas industriais produtoras de fertilizantes. As empresas do país respondem por apenas 11,6% do potássio, fósforo e nitrogênio usados na agricultura. O restante é importado, segundo levantamento do Sindicato Nacional das Indústrias de Matérias-primas para Fertilizantes (Sinprifert).
Desafios na logística de grãos e na distribuição de fertilizantes
O custo do transporte de fertilizantes subiu 21% entre 2010 e 2022, segundo aponta um estudo do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (EsalqLog/USP).
A alta foi causada, entre outros fatores, pela forte dependência brasileira pelo modal rodoviário. Com a malha ferroviária pouco eficiente, o setor precisa transportar, pelas estradas, as cargas dos portos até a indústria e da indústria até o produtor.
Dos portos do Sul, por onde chegam pelo menos 77% das importações de insumos, até a entrega em misturadoras de diferentes estados, a jornada é desafiadora. A distância média percorrida no transporte de fertilizantes é de 800 quilômetros.
Sem a capilaridade multimodal adequada, o transporte de fertilizantes esbarra no custo elevado dos combustíveis, longas viagens em um país de dimensões continentais e com estradas precárias, alto índice de acidentes e roubo de cargas.
Outros gargalos no transporte de fertilizantes
O custo do transporte não é o único gargalo na logística de grãos. Nem mesmo o fato de ser um grande produtor e exportador de commodities agrícolas conseguiu tornar o Brasil autossuficiente na produção de fertilizantes.
A interrupção da cadeia de suprimentos durante a pandemia e, mais recentemente, os embargos econômicos e o conflito entre a Rússia e a Ucrânia jogaram para a altura o valor dos insumos importados.
Para otimizar a logística de fertilizantes, uma das medidas é reduzir os custos. E isso passa por um planejamento rigoroso e, especialmente, pelo gerenciamento dos riscos na logística de fertilizantes.
Atualmente, o setor não precisa apenas de mais eficiência nos terminais portuários. A lista inclui preços de frete mais competitivos, consolidação de um modelo multimodal conectado a ferrovias e hidrovias, aumento da capacidade de estoque para que a indústria brasileira não fique exposta às oscilações do mercado internacional e fortalecimento do conceito de logística colaborativa.
Pontos de atenção no transporte de fertilizantes
Na logística de grãos, o transporte de fertilizantes é uma etapa essencial e deve ser cada vez mais eficiente e atento às questões de segurança, saúde e meio ambiente. Os principais desafios na movimentação das cargas de fertilizantes são:
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Riscos à saúde
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Riscos ao meio ambiente
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Riscos de acidentes
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Custos e infraestrutura
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Segurança e responsabilidade
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Normas e regulamentações
As principais diretrizes para o transporte de fertilizantes constam na Resolução ANTT nº 5.947/2021 (normas para o transporte terrestre de produtos perigosos, incluindo os fertilizantes), Código Brasileiro de Trânsito (regras gerais para o transporte de cargas em todo o território nacional) e normas da ABNT que regulamentam o transporte de produtos perigosos, incluindo os fertilizantes.
O transporte de fertilizantes também está sujeito às regulamentações específicas de cada modalidade de transporte (terrestre, aéreo, marítimo) e às legislações estaduais e municipais.
Como deve ser o transporte de fertilizantes?
Não há dúvida de que o transporte de fertilizantes exige atenção especial com a segurança completa da operação. Os cuidados envolvem:
- Embalagens adequadas ao tipo de fertilizante (sólido, líquido ou gasoso) e às características físico-químicas dos produtos.
- Resistentes e impermeáveis para evitar vazamentos e contaminações identificadas com o nome do produto, classificação de risco, instruções de manuseio e informações de contato do fabricante ou importador.
- Veículos adequados ao tipo de carga e às características físico-químicas dos produtos, equipados com sistemas de segurança, placas de sinalização, dispositivos de contenção de vazamentos e rastreadores.
- Planos de manutenção preventiva para garantir a segurança do transporte.
- Motoristas habilitados para transportar produtos perigosos, nos quais se enquadram os fertilizantes.
- Equipamentos de proteção individual (EPIs) adequados, como luvas, óculos de proteção e botas.
- Conhecimento sobre as normas e regulamentações do transporte de produtos perigosos
- O Documento de Transporte de Produtos Perigosos (DTPP) é obrigatório no transporte de fertilizantes e deve acompanhar a carga durante todo o trajeto, pois informa sobre suas características e os riscos envolvidos.
- Além do DTPP, outras documentações de transporte são necessárias, como a nota fiscal e o certificado de análise do produto.
- Rota bem planejada para evitar áreas de risco e congestionamentos
- Velocidade adequada às condições da via e ao tipo de carga.
- Paradas em locais seguros e sinalizados.
- Manuseio cuidadoso da carga para evitar danos às embalagens e eventuais vazamentos.
- Veículo e carga inspecionados antes de iniciar o transporte para garantir as boas condições.
- Motorista treinado em programas de direção defensiva e legislação de trânsito.
- Diretrizes claras em caso de acidentes, como a necessidade de comunicar imediatamente a Central de Monitoramento e as autoridades competentes.
Vantagens de investir no gerenciamento de riscos no transporte de fertilizantes
No transporte de fertilizantes é essencial que toda a operação, do embarque à entrega, tenha seu foco na segurança e na eficiência. O gerenciamento de risco no transporte de fertilizantes oferece diversos benefícios à cadeia logística de grãos. As principais vantagens do GR incluem:
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Segurança: redução do risco de acidentes e proteção da saúde humana e do meio ambiente, segurança para motoristas, adequação do veículo e monitoramento em tempo real;
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Economia: redução de custos, otimização do transporte e melhoria da imagem da empresa;
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Competitividade: aumento da confiança dos clientes, facilidade na obtenção de seguros e cumprimento das normas e regulamentações.
(Por Thiago Cardoso, diretor de agronegócio da nstech)