editoriais
Piranhas surgem nas ruas de Porto Alegre e revelam desequilíbrio ambiental
Não bastasse toda a tragédia causada pela enxurrada, a invasão das águas pelas cidades gaúchas revela outra desordem que pode comprometer a biodiversidade, com riscos à saúde e danos econômicos. Nas últimas semanas piranhas foram vistas pelas ruas de Porto Alegre.
Trata-se da espécie palometas (Serrasalmus maculatus). A palometa tem coloração amarelada e corpo robusto que pode atingir até 2 kg. Segundo especialistas, as piranhas vistas na capital gaúcha não são nativas da bacia da Laguna dos Patos e pode representar uma ameaça.
Trabalhador desaparece em rio em SC após carro ser arrastado
Jornalista Sirlei Benetti lança seu primeiro livro em Cascavel
As piranhas amarelas, como também são conhecidas, foram flagradas no bairro Auxiliadora e são nativas da bacia do rio Uruguai, Se tornaram invasoras do rio Jacuí. Um artigo publicado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul menciona que a migração nos últimos anos, aconteceu a partir de canais artificiais de irrigação. As últimas cheias desencadearam um acesso maior da espécie a outros ambientes.
O fenômeno trouxe um grande receio e tem justificativas plausíveis. A espécie encontrada em Porto Alegre é carnívora, ou seja, pode atacar pessoas. As piranhas amarelas gostam de águas mais paradas e vivem em pequenos grupos. Podem se alimentar de insetos, crustáceos e partes de peixes. Já os indivíduos adultos são piscívoros, e se alimentam de peixes inteiros.
O estudo da universidade, publicado na revista ‘Bio Diverso’, da UFRGS, destaca que as espécies não nativas podem causar doenças e disseminar parasitas para os quais as espécies locais e os humanos não têm imunidade. Qual o risco? Doenças que esses peixes tenham podem se espalhar rapidamente dos invasores para os peixes nativos , e potencialmente infectar pessoas que consumirem esses peixes ou entrarem em contato com águas contaminadas.
Há também a questão da disputa na natureza. As espécies invasoras competem com as nativas e há receio tremendo dos impactos diretos na aquicultura. E como colocar ordem no caos? A orientação é a remoção de animais em áreas críticas, restauração de habitats degradados e fiscalização. A operação só será possível quando no nível do rio Guaíba baixar.