Sistema que derrete granizo antes de chegar ao solo vira a salvação das maçãs em Santa Catarina
No mínimo inusitado. E inovação é outra palavra que cabe aqui. Uma tecnologia desenvolvida em Santa Catarina é capaz de “combater” o granizo em meio a tempestade. Como? O sistema antigranizo , que usa iodeto de prata, diminui de tamanho ou até elimina as pedras de gelo antes que elas atinjam as plantações. Maçãs a salvo. Notícia boa para o estado líder na produção da fruta. O cultivo de maçãs em Santa Catarina corresponde a 54,6% da produção nacional. Por ano, são cultivadas no estado 572,4 mil toneladas de maçã.
Treze municípios da região Oeste já contam com a tecnologia. Mas como ela funciona?
O granizo se forma, a medida que as gotas passam por um núcleo de condensação dentro da nuvem. Elas crescem e congelam. E aí entra em cena o aparato catarinense.
Verificou-se que com a queima do iodeto de prata, ele sobe para atmosfera e forma mais núcleos de condensação, e aí, em vez de ter um granizo grande, serão vários pequenininhos, ou seja, de menor potencial ofensivo. Na queda eles se dissolver a ponto de virar apenas uma água gelada.
Mas como essa queima é possível?
Na região catarinense o granizo sempre foi um pesadelo para agricultores que investiam na fruta. Em 1989 uma associação de produtores foi fundada em Fraiburgo e foi aí que a tecnologia nasceu, inspirada em uma experiência da Argentina, que já contava, na região de Mendoza com um sistema de antigranizo com foguete. O caminho partiu para uma infraestrutura com radar, a partir de uma equipe internacional para treinamento, com argentinos e russos também. Assim foi até 1995, quando os foguetes passaram ficar onerosos demais.
Na busca por novas alternativas chegou-se a um novo modelo, dessa vez francês, usando um gerador com iodeto de prata. E deu certo. Está operante. O monitoramento pelo radar é fundamental, e é ele quem diz a hora de acionar o equipamento antigranizo.
O sistema de controle de grazino implementado no Meio Oeste catarinense poderá servir de modelo para as demais regiões de Santa Catarina.
O deputado federal Rafael Pezenti (MDB/SC) esteve em Fraiburgo e Lebon Régis, onde está instalada a base de operação do sistema, para conhecer o método utilizado e reconhecido pela Organização Mundial de Meteorologia.
“Fiz questão de conhecer a tecnologia e ouvir os produtores que são beneficiados. O método funciona. Nosso objetivo agora é conseguir o apoio dos governos federal e estadual para implementar um projeto piloto no Alto Vale do Itajaí, com possibilidade de expandir para outras regiões. Já solicitei audiência para levar todas as informações ao Ministro da Agricultura e tenho conversado com o secretário Colatto, que será um parceiro nessa luta”, explicou Pezenti.
Os 13 municípios que usam a tecnologia são:
Caçador, Calmon, Lebon Régis, Macieira, Matos Costa, Rio das Antas, Timbó Grande, Fraiburgo, Videira, Tangará, Pinheiro Preto, Campos Novos e Monte Carlo
(Com Assessoria)