Foto: Divulgação Polícia Civil

Pecuarista suspeito de lançamento aéreo para transformar mata nativa em pasto terá multa de R$ 5 bilhões

Redação Sou Agro
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Foto: Divulgação Polícia Civil

 

A audiência para o depoimento era aguardada, mas o pecuarista suspeito entrou e saiu em silêncio da sala virtual. Agora, segundo a delegada Liliane Muratta, o passo seguinte é o encerramento da investigação com o relatório e posterior encaminhamento à Justiça Para análise do Ministério Público de Mato Grosso e oferecimento da denúncia.

O pecuarista, dono de 11 fazendas o Pantanal, segundo a Polícia Civil, dedicou três anos da sua vida para desmatar uma área de aproximadamente 80 mil hectares com o objetivo de plantar capim e alimentar o gado. A dimensão do prejuízo em território correspondente ao tamanho da cidade de Campinas, em São Paulo.

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O que também chama a atenção é a forma de atuação para o sucesso do grande feito. O pecuarista teria feito o lançamento aéreo de agrotóxicos sobre a mata preservada. De acordo com a investigação,  foram usados 25 herbicidas diferentes, entre eles, o 2,4-D.

Para a reportagem do Fantástico, o professor Wanderlei Pignati, da Universidade Federal do Mato Grosso, diz que esta é a mesma composição do chamado agente laranja, um desfolhante químico altamente tóxico, usado pelos Estados Unidos, na Guerra do Vietnã.

Com a deriva impulsionada pelos ventos, os agrotóxicos migraram para várias áreas, atingindo a uma distância de até 30 quilômetros, causando prejuízos à fauna e flora. Peritos comprovaram laboratorialmente a contaminação da vegetação, solo e água. Os produtos foram classificados como potencial de periculosidade ambiental III.

O pecuarista de 52 anos tem precedentes em crimes ambientais. Em um processo foi réu por tentar alterar o curso de um rio e foi flagrado desmatando área de preservação. De 2019 até agora são 15 autuações por danos ao meio ambiente no Pantanal.

“Alguns crimes são muito nítidos e a gente já pode adiantar: uso e aplicação indevida de agrotóxico; desmatamento de área de proteção ambiental e áreas de preservação permanente; e o crime de poluição em razão da destruição significativa da flora. E isso por várias vezes”, disse Ana Luiza Peterlini, promotora de Justiça ao Fantástico.

Ainda é impossível ter uma estimativa de quantos anos de cadeia ele pode pegar se for condenado, mas as multas já estão calculadas: somadas, chegam a quase R$ 3 bilhões.

O suspeito ainda terá que arcar com a reparação dos danos ambientais que causou ao Pantanal: são mais R$ 2 bilhões e 300 milhões para recuperar a vegetação.

As propriedades dele vão ser administradas por uma empresa escolhida pela justiça até que terminem as investigações sobre esse crime ambiental de proporções gigantescas.

(Com G1)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)

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