PECUÁRIA
Lígia Buso: a mulher que comandou o agro do Norte Pioneiro
A agropecuária paranaense perdeu uma grande mulher. A produtora e líder rural Lígia Medeiros Buso, respeitada e reconhecida por sua atuação no agronegócio do Norte Pioneiro, faleceu no dia 10 de abril, aos 66 anos, em Curitiba. Lígia deixa um legado de contribuições para conquistas ao sistema sindical rural e ao setor, especialmente na pecuária de corte, área à qual dedicou sua vida. Atualmente, ela ocupava a vice-presidência da Comissão Técnica (CT) de Bovinocultura de Corte da FAEP e a coordenação da Comissão de Mulheres de Santo Antônio da Platina, além de ser uma das coordenadoras da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF).
“Lígia dedicou-se incansavelmente ao desenvolvimento e crescimento da agropecuária do Paraná, especialmente na pecuária de corte, área que ela promovia com grande entusiasmo. Sua presença ativa no sistema sindical rural sempre foi notável. Nos últimos anos, desempenhou um papel fundamental na criação e fortalecimento da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP, influenciando a mobilização de centenas de mulheres que, sem dúvida, a viam como um exemplo a ser seguido” (Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR).
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Apaixonada pelo campo, Lígia vivia na fazenda em Santo Antônio da Platina há mais de 45 anos, ao lado do marido, Paulo Buso, líder rural e diretor financeiro da FAEP. Lígia era mãe de três filhos e avó de três netos. Filha de empresários e produtores rurais, deu continuidade à atividade de gado de corte iniciada pelo pai nos anos 1960, que sempre a incentivou a trabalhar nos negócios da família. À frente da propriedade, a produtora rural se destacava por sua gestão inovadora e pela dedicação incansável, que resultaram na implementação de tecnologias na pecuária de corte e melhorias na fazenda.
Lígia também tinha sede de conhecimento. Não à toa, passou muitos anos em salas de aula como aluna e como professora. Era formada em Administração pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e especialista em Administração Rural pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e em Engenharia de Produção Rural e Agroindustrial pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Depois, lecionou na Faculdade do Norte Pioneiro (Fanorpi) por seis anos, com foco em gestão de pequenas empresas e marketing. Em 2013, deixou a carreira acadêmica para se dedicar exclusivamente à administração da propriedade rural.
Liderança ativa
Era natural que uma mulher qualificada como Lígia não se limitaria apenas às atividades da fazenda. A produtora era uma integrante ativa do sindicalismo e se consolidou como importante líder rural, atuando em prol do desenvolvimento da agropecuária, principalmente na região do Norte Pioneiro, e do fortalecimento do sistema sindical rural do Paraná.
“A Lígia era uma pessoa extremamente ativa, de atitudes e pensamentos, sempre em busca de informação e capacitação para uma agropecuária eficiente, principalmente na área que ela mais gostava, a pecuária de corte. É uma grande perda para a Comissão de Bovinocultura de Corte, pela liderança extraordinária que ela exercia, e para o setor, dada a determinação que demonstrava em promover o desenvolvimento” (Rodolpho Botelho, presidente da CT de Bovinocultura de Corte da FAEP).
Em 2021, uma importante ação em favor dos produtores rurais foi sua mobilização para criar um projeto de vigilância na região de Santo Antônio da Platina, devido aos casos recorrentes de violência no campo. Ela foi a responsável por fazer a articulação entre o sindicato rural do município, Conselho Municipal de Segurança Pública e Polícia Militar (PM). Uma líder nata, comprometida e com muita iniciativa, estava sempre disposta a trabalhar pela comunidade.
Assim, quando a Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF) foi criada em 2021, o nome de Lígia surgiu rapidamente como uma opção para compor a coordenação do grupo. A princípio, ela recusou o convite, mas logo foi convencida, compreendendo que essa iniciativa poderia contribuir para o fortalecimento da família rural – um valor que sempre foi fundamental para Lígia.
Ela abraçou a causa de corpo e alma, assumindo a responsabilidade de fomentar a criação das comissões locais em sua região e organizar as mulheres para o sindicalismo. Desde então, trabalhava ativamente com as mulheres do Norte Pioneiro, exercendo um verdadeiro papel de “madrinha” de cada uma delas.
A Comissão de Mulheres de Santo Antônio da Platina, instituída no sindicato de sua cidade, foi formada em setembro de 2022. Na mesma semana, Lígia estava apoiando a criação da comissão de Ribeirão Claro. Em 2023, ajudou a estruturar a comissão de Ribeirão do Pinhal e de Jacarezinho, e, no início deste ano, formou também a comissão de Abatiá.
“Lígia tinha muitas qualidades que eu admirava, seu cuidado, sua gentileza, sua sabedoria e sua dedicação. Era uma verdadeira lady. Focada na fazenda, mas, também, sempre preocupada com o desenvolvimento da região, dos produtores, da pecuária de corte em especial. Abraçou a comissão de coração. O céu ganha uma guerreira e estamos mais fortalecidas porque temos alguém que amou a nossa causa agora cuidando de nós” (Lisiane Rocha Czech, coordenadora estadual da CEMF).
(Com Sistema FAEP)