ExpoLondrina exibe o melhor na seleção genética de Nelore
Parte de um tripé que envolve também a nutrição e as condições sanitárias dos animais, o melhoramento genético é um grande aliado da atividade pecuária na busca constante para oferecer ao mercado consumidor o que há de melhor na carne produzida no País.
Esse resultado da atuação cada vez mais forte da ciência para o desenvolvimento do setor pode ser visto na ExpoGenética, pela primeira vez presente na ExpoLondrina 2024. Os cerca de 40 bovinos de pura origem da raça Nelore, entre matrizes, reprodutores e garrotes, estão expostos nos pavilhões Maharajá of Bhavnagar e Willie Davids.
O diretor de pecuária da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Luigi Carrer Filho, destaca que o espaço é uma grande oportunidade de criadores e produtores que não utilizam a transferência genética conhecerem de perto a técnica que permite elevar a produtividade em suas propriedades.“A maioria dos produtores brasileiros criam os animais para serem abatidos – ou as vacas para criarem e aumentar o rebanho – e aqui está o que há de melhor dentro dessa seleção genética que vai ser transmitida”, afirma.
Carrer Filho diz que os benefícios do melhoramento genético na pecuária têm o mesmo impacto da introdução do plantio direto para a agricultura. A começar pela precocidade no abate do rebanho. “Antigamente se abatia um boi gordo com cinco, seis anos, hoje temos animais precoces que são abatidos em torno de 20 a 24 meses, e aqueles que a gente chama de hiperprecoces, que são abatidos em torno de 12 a 14 meses. Ou seja, com a genética e as características do animal não só produzimos uma carne com o menor tempo, mas com uma qualidade muito maior, que envolve características como o marmoreio e a espessura de gordura, por exemplo”.
A genética associada à nutrição e às condições sanitárias do animal são, na avaliação do diretor da SRP, o tripé que envolve uso de tecnologias, avaliação dos animais em aspectos como habilidade materna, precocidade sexual, intervalo entre partos e stay habilit (tempo de confinamento da fêmea na propriedade). “Com essa avaliação se faz o melhoramento genético e a seleção dos animais pelas habilidades deles”, pontua.
Produtividade que torna a carne paranaense mais competitiva no mercado internacional
Um dos criadores presentes na ExpoGenética, o pecuarista José Carlos dos Reis afirma que o espaço atende a uma reivindicação de produtores que consideram o melhoramento genético fundamental para a produtividade do rebanho e a consequente competitividade da carne brasileira no mercado internacional.
“O melhoramento genético é o upgrade que você dá ao animal para que ele se torne mais precoce. Estamos dando um passo muito grande na pecuária, e isso faz com que fiquemos muito competitivos no mercado internacional, que é um mercado muito exigente”, pontua.
Reis destaca a importância da ExpoGenética na feira promovida pela Sociedade Rural do Paraná. “Precisamos mostrar para o Brasil que o Paraná tem genética, e genética boa, nós mandamos nosso gado para leilões do Brasil inteiro. Havia um movimento isolado de criadores com genética no estado e nós nos juntamos para mostrar essa força.”
Ele também pontua que as técnicas de melhoramento genético na pecuária também tendem a possibilitar uma produtividade similar a de outras atividades do agronegócio, como as culturas de soja, trigo e milho. “Antes o produtor colhia 100 sacas por alqueire, hoje são 180, e isso é o quê? Boa semente, genética. A pecuária é igual, tem que caminhar junto. Hoje um boi com boa genética sai do confinamento seis meses antes do outro e isso é uma vantagem porque a alimentação dele é cara e o pecuarista vê tudo isso. Quanto mais cedo o boi vai para o mercado, menos ele come, gasta e o giro é muito mais rápido”, valoriza.
Todos os animais presentes na ExpoGenética fazem parte dos três principais programas de melhoramento genético que existem: PMGZ, Geneplus (Embrapa) e da ANCP (Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores).