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Ortigara prevê soja com preço abaixo de dois dígitos no PR e espera anúncio Federal
Diante da realidade de quebra de safra da soja tanto no Paraná quanto em outros estados, a vida do produtor tem ficado ainda mais delicada e incerta. Além de lidar com a possibilidade de não colher o volume suficiente para cobrir os custos do plantio, ainda tem a insegurança diária de ver a queda no preço da saca, cenário que na visão do Secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, não tem perspectiva de melhora.
“Os sinais não são bons. Podemos estar equivocados, mas os sinais apontam que deve cair mais ainda. Na última semana teve uma alteração por conta da moeda, mas Mato Grosso opera abaixo dos dois dígitos faz tempo. Há um sinal de que aqui em março poderá vir abaixo de dois dígitos também, mas é uma questão delicada para todo mundo, o produtor não sabe o que fazer se guarda e espera uma reação dos preços. O cenário não está bom pra quem produz”, lamenta.
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Socorro Federal
Diante da situação alarmante, Estado e União tem discutido alternativas para socorrer os produtores que não conseguirem cobrir os custos da safra. “Existe uma negociação em andamento, uma informação do Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que estará conosco amanhã (7) que ele está tratando junto com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de uma postergação de investimentos, quem sabe algum manejo para custeio de curto prazo, são coisas não deliberadas, mas que existe sim a preocupação tanto nossa que estamos falando com Brasília desde que iniciou o problema e há um sinal do Ministro dizendo que está empenhado em achar uma saída pra não deixarmos nossos agricultores na mão”, afirma.
Novos números da Conab
Ortigara ressalta que a quebra não é exclusividade do Paraná, e que a nova estimativa da Conab deve mostrar uma perspectiva nacional do cenário. “Lamentavelmente a partir e metade de dezembro tivemos altíssimas temperaturas, falta de chuva em muitas regiões o que acabou provocando um grande estrago na produção de soja, na produção de milho, em várias frentes no Brasil. Além do Paraná, também ocorre o mesmo no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e parte de Santa Catarina. Na quinta-feira (8) a Conab vai divulgar os números da safra nacional e ao que tudo indica ele serão bem abaixo do que se esperava. Essa divulgação é bem importante para dar um sinal para o mundo, embora possa não mexer muito o ponteiro, de que de fato teremos uma safra menor do que o esperado”, observa.
As estimativas de quebra vão sendo atualizadas conforme a colheita avança, e as surpresas não tem sido agradáveis. “Está muito variada a produtividade, quem colheu bem cedo acabou colhendo razoavelmente bem, aqui no Paraná particularmente, mas o avanço da colheita nos mostra produtividades muito variadas e isso é ruim porque o preço caiu junto e não está fechando a conta. Todo esse movimento ruim que a gente sabe que está acontecendo que está acontecendo e que a gente sabe que faz parte do jeito de fazer agricultura em ambiente natural a céu aberto”, lamenta.
Safrinha de milho
Com a colheita da soja, os olhos se voltam para o milho safrinha, que na visão do secretário, mesmo com redução da produção deve atender a demanda interna do grão. “A safrinha está dependente do clima, a semeadura está acontecendo com força, porque nós antecipamos a colheita em 15 a 18 dias por conta da soja, mesmo assim mantemos a nossa expectativa aqui no Paraná de 14 milhões de toneladas, embora a gente saiba que a produção brasileira de milho será menor. Nós talvez não consigamos mandar aquelas mais de 50 milhões de toneladas que a gente mandou no ano passado para o mundo, mas nós teremos com certeza abastecimento suficiente para tocar a nossa indústria, nossas integrações, transformando isso em mais valor agregado que é produzir carne”, completa.