Na imagem, o experimento que contorna com bolas e escovas (marcadas com um círculo) e espantalhos como enriquecimento físico do ambiente,
PECUÁRIA

Brinquedos no pasto reduzem o estresse da desmama dos bezerros

Na imagem, o experimento que contorna com bolas e escovas (marcadas com um círculo) e espantalhos como enriquecimento físico do ambiente,
Redação Sou Agro
Redação Sou Agro

A fase de aleitamento é um período sensível e estressante para os bezerros leiteiros, por conta do afastamento da mãe e, em alguns casos, do isolamento social. Buscando alternativas para minimizar os impactos negativos dessa fase, a Embrapa Pecuária Sudeste converteu um experimento para testar a efetividade do enriquecimento social e físico.

Uma pesquisa avaliou os efeitos do enriquecimento social no comportamento dos bezerros leiteiros em sistemas a pasto. O objetivo, de acordo com a pesquisadora Teresa Alves, é melhorar a capacidade dos animais em lidar com as mudanças ambientais. Além disso, o enriquecimento físico, com a disponibilização de objetos como escova, bola e espantalho, busca identificar benefícios funcionais e biológicos.

A separação do filhote e do logotipo da mãe após o nascimento é uma prática corriqueira entre os produtores de leite, principalmente para garantir maior eficiência na coleta do colostro. Quando separados, muitos são colocados em baias indivíduos, a fim de diminuir a transmissão de doenças e a competição por alimentos.

Por outro lado, a criação coletiva de bezerros oferece um ambiente com espaço e estímulos necessários ao bom desenvolvimento cognitivo. A interação com outros animais pode melhorar a capacidade de lidar com mudanças de ambiente e situações de estresse. Porém, um desafio frequente nesse modelo é a ocorrência da mamada cruzada (ato de bezerros em açúcar um ao outro).

Tal ação pode resultar em lesões corporais de animais sugados e prejudicar o desempenho produtivo. Nesse caso, a inserção de “brinquedos” é uma forma de reduzir o problema, melhorando a sanidade, índices reprodutivos, aumento da eficiência inclusiva e redução de comportamento doloroso. E não é necessário um grande investimento para o produtor.

Resultados

Nos lotes com enriquecimentos sociais e físicos a interação social e o comportamento de explorar o ambiente menores foram, visto que os animais ocupavam parte do tempo interagindo com os objetos oferecidos. Os bezerros interagiram em maior frequência com a escova (48,2%), seguida da interação com bola (26,5%) e com o espantalho (25,6%). Além disso, neste grupo houve maior frequência de visita ao concentrado e menor tempo em pastel. Em relação ao ócio e à ruminação, não ocorreu influência dos enriquecimentos entre os lotes.

Para Teresa, o maior tempo gasto com a escova pode ser explicado pelo fato dos bovinos se coçarem para remover sujeira, restos de excrementos, ectoparasitas e fluidos corporais. Assim, a incorporação de objetos com algum tipo de função específica é eficaz para o bem-estar. “A criação de bezerros em grupo promove um enriquecimento importante que são as interações sociais, embora quando disponibilizados ‘brinquedos’, eles gastam tempo interagindo com esses recursos”, destacou Teresa.

A pesquisadora considera que a interação dos bezerros com o espantalho nos horários próximos ao conforto do leite pode estar relacionada com o contato humano-animal. É provável que os bezerros tenham associado à imagem do espantalho à pessoa responsável pelo manejo, uma vez que os bonecos usavam a mesma vestimenta dos tratadores.

Experiência

Participaram do estudo 35 bezerros das raças Holandês e Jersolando distribuídos em dois tratamentos: um apenas com enriquecimento social – piquetes coletivos de criação; e outro com enriquecimento social e físico. Nesses, além dos piquetes sendo coletivos, foram colocados diversos objetos (espantalho, bola e escova), oferecidos simultaneamente.

O experimento foi conduzido no Sistema de Produção de Leite da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP). A distribuição dos grupos foi solicitada, com a condição de que os animais não faziam diferença de idade maior do que 15 dias e, no máximo, cinco filhotes.

Os bezerros foram separados de suas mães logo após o nascimento e receberam o colostro por meio de baldes individuais com bico. Desde o primeiro dia de vida, tive acesso livre à água e ao concentrado. O desaleitamento ocorreu, gradativamente, próximo aos dois meses de idade.

O sistema de criação coletiva possui área composta por capim Cynodon , com 12 piquetes de 64m² cada, com sombra artificial. A pesquisadora explicou que o sistema foi planejado para que houvesse piquetes ociosos para mudança do lote para áreas com melhor qualidade sanitária, principalmente no período das chuvas.

Os animais foram avaliados diariamente e pesados ​​a cada 14 dias, com avaliação de mucosa, infestação de carrapatos e temperatura retal. As observações comportamentais também foram a cada 14 dias, anotadas durante 10 horas, com identificação dos bezerros. Foram 60 dias de observações do comportamento do nascimento ao desmame.

(Com Gisele Rosso, Embrapa Pecuária Sudeste)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)