AGRICULTURA
Com persistência e parceria, casal conquista ótimos resultados na produção de café
Prosperar em uma atividade rural exige, muitas vezes, persistência e teimosia. Duas características que não faltaram à produtora Angélica Aparecida Soares de Souza, 45, em seu objetivo de cultivar café e ver progredir a propriedade localizada no distrito de Purilândia, na região de Porciúncula (RJ).
“A gente tinha a terra, mas precisava cultivar. Aprendi a gostar da atividade porque via meus pais trabalharem como meeiros nas lavouras de café. Meu marido estava resistente no começo, mas disse: ‘quero e vou plantar café’”, enfatiza a produtora.
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Angélica e o marido Humberto da Silva Vieira (40) se conheceram em 1997, casaram e foram morar em uma casa no sítio do sogro dela, onde fizeram um contrato de parceria. Por 13 anos, ela trabalhou como agente de saúde em Porciúncula enquanto o marido cuidava de alguns animais e vendia o leite para uma cooperativa da região.
Em 2012, com a morte do sogro, o terreno foi dividido entre seu marido e o cunhado, totalizando 21,5 hectares de área. Em 2017, após ser dispensada do emprego na saúde, Angélica decidiu reunir as economias e investir no plantio de café, mesmo contrariando o marido. “Ele achava o retorno muito demorado, mas quando viu as mudas crescendo, começou a se empolgar”.
Para conseguir manter o cultivo, os gastos e a manutenção, o casal precisava de recursos, então Angélica tomou uma decisão para garantir uma renda naquele momento: arrumou um emprego como diarista.
E foi aí que, em uma dessas “coincidências inexplicáveis” da vida, Angélica foi trabalhar na casa da mãe do técnico de campo do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/RJ), Luciano Resende Monteiro.
Certo dia, ela viu o técnico conversando com uma pessoa sobre a Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar e se interessou. “Fui conversar com ele, perguntei se o atendimento era gratuito e disse que plantava café, mas não tinha experiência. A partir dali a minha vida e a da minha família mudou completamente”.
O casal entrou na ATeG em 2020 e o primeiro diagnóstico do técnico Luciano ao chegar na propriedade foi o mapeamento da terra e as definições das áreas. “Ele fez uma série de sugestões e até para alterar o sistema de plantio para o café adensado”.
No cultivo adensado, os pés de café ficam mais próximos, consumindo menos espaço e possibilitando o aumento da produtividade por hectare. “Meu marido achou estranho porque a gente plantava com espaçamento maior, mas tive que bater o pé novamente, disse que ia fazer e deu certo. O resultado foi tão bom que serviu de modelo até para os nossos vizinhos”.
No início da atividade, o casal colhia quatro sacas de café por ano e hoje colhe 70 sacas. Eles trocaram de carro, viajaram e continuam investindo e ampliando as áreas de plantio. Depois das dúvidas, o marido hoje está muito empolgado com a produção e o objetivo é chegar a 300-400 sacas no futuro. “Não temos dívidas, nesse ano compramos todos os produtos e até viajamos, fizemos uma excursão”, comemora Angélica.
Uma das motivações da produtora em continuar na cafeicultura é a filha do casal Amanda Aparecida de Sousa, 17, que sonha cursar uma faculdade. “Eu levanto todos os dias para proporcionar um futuro melhor para a minha filha. Faço de tudo para colocar em prática o que aprendo com o Senar”.
A cafeicultora afirmou que a ATeG chegou na vida de sua família para ajudar e agregar novos conhecimentos. “Hoje, por meio do nosso técnico Luciano e do Senar, estamos colhendo os frutos de uma grande parceria que deu certo”.
(Com CNA)