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Congresso Nacional inspira mulheres do Paraná

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Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

Nos últimos anos, a mobilização feminina vem se mostrando presente na agropecuária do Paraná. Esse movimento encontrou força na Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF), criada em 2021 e que, desde então, tem impulsionado a união de produtoras para ampliar a representatividade no campo e ocupar espaços. Hoje, como resultado deste trabalho, existem 78 comissões locais de mulheres espalhadas pelo Estado. No total, mais de 2 mil mulheres já foram impactadas pela atuação da CEMF e, agora, têm o compromisso de levar esse movimento adiante.

Com este desafio, a CEMF vem desenvolvendo ações para capacitar essas mulheres e torná-las aptas a assumir papéis de liderança em seus respectivos municípios e regiões.

Dentro deste contexto, 150 produtoras rurais paranaenses marcaram presença no 8º Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio (CNMA), em São Paulo, no final de outubro. Na edição de 2023 do maior evento voltado ao público feminino do setor na América Latina, o Paraná teve a maior caravana do Brasil. O CNMA reuniu mais de 3
mil mulheres de todas as regiões do Brasil e até de outros países, como Bolívia, Paraguai e Argentina.

Segundo Lisiane Czech, coordenadora da CEMF e vice-presidente da FAEP, o congresso contribuiu diretamente com uma das metas da Comissão: ampliar a visão de negócios da mulher do agro. “Esse evento trouxe o que há de mais inovador no agronegócio brasileiro. Nós encontramos uma grande variedade de temas em um mesmo lugar, o que possibilita uma diversidade de conhecimento para diferentes perfis de mulheres. Vamos levar novidades para o Paraná”, afirma.

A coordenadora da CEMF destaca a relevância do Paraná quando se trata de desenvolvimento agropecuário e, principalmente, uma agricultura mais sustentável.

Nesse aspecto, a delegação paranaense encontrou informação, pois o tema do evento deste ano era “Dobrar o agro de tamanho com sustentabilidade: a marca brasileira”.

“Os cases de sustentabilidade são importantes para gerar essa aproximação com o assunto. Isso facilita o entendimento e desmistifica ideias equivocadas. O Brasil tem um potencial enorme, o que falta é investimento no conhecimento das pessoas. O agro brasileiro precisa de atitude”, aponta Lisiane.

“Já estamos caminhando juntos com toda essa proposta. A sensibilidade e o cuidado que a mulher tem são um diferencial para essas questões de sustentabilidade. Vamos levar para o nosso município essa troca de ideias que a gente teve com outras mulheres”, complementa a coordenadora Sandra Mara Hessman, da comissão local de
Ivaiporã.

A participação do grupo paranaense coroou o esforço realizado pela CEMF para que o Estado seja referência nacional. Esse reconhecimento já havia acontecido em outros momentos, a exemplo da revista Forbes, que incluiu a Comissão Estadual na lista “50 Grupos de Mulheres do Agro do Brasil” em 2022, e de outras federações de agricultura que buscaram inspiração no trabalho realizado no Paraná para aplicar em seus respectivos Estados.

“A FAEP conseguiu enxergar, lá atrás, a importância que a mulher tem no agro. Não é de agora que elas estão nas propriedades, acompanhando os negócios. Hoje a tomada de decisão está com a mulher”, aponta Josiane Hort Kczan, que faz parte da coordenação da comissão de mulheres de Ivaiporã.

A interação com mulheres de outras regiões do Brasil possibilita a criação de uma rede de contatos. Para Anaí Bacci Naves, coordenadora da comissão de mulheres de Assis Chateaubriand, a troca de ideias entre participantes ajuda em adquirir novos conhecimentos e também a ter novas perspectivas de realidade. “Mesmo com nossas diferenças de negócio, região, cultura, nós encontramos semelhanças e nos reconhecemos umas nas outras”, avalia Anaí, que pretende levar esses exemplos para inspirar suas colegas de comissão a começarem 2024 com a energia renovada.

Capacitação

Para 2024, o foco da Comissão Estadual e dos grupos locais passa pela capacitação das mulheres. No planejamento estratégico para o próximo ano, os cursos de qualificação profissional e pessoal são parte fundamental do cronograma.

Na opinião de Maristela Hikishima, de Laranjeiras do Sul, uma das dores atuais do setor é a dificuldade de divulgar as boas práticas do agro para outras esferas da sociedade. Por isso, os investimentos na área de Comunicação são fundamentais para auxiliar nesse trabalho. “Os produtores já fazem muito pela sustentabilidade, principalmente no Paraná, mas a imagem que passam da agricultura ainda é um pouco distorcida. Temos que melhorar nossa comunicação para mostrar para o mundo a importância do agro brasileiro”, afirma.

Em Cascavel, a comissão de mulheres já planeja uma iniciativa nesse sentido: um projeto para difundir e desmistificar conhecimentos sobre o agro nas escolas do município, envolvendo alunos, pais e professores. “O objetivo é levar a essência do agro”, revela a presidente do grupo local Maria Beatriz Orso, também coordenadora
da CEMF. “Sempre tem uma informação nova para a gente aprender e precisamos buscar novas formas de levar a mesma informação para públicos diferentes”, complementa Denise Adriana Meda, vice-presidente da comissão de Cascavel.

Paranaenses conquistam prêmios Mulheres do Agro

O Paraná teve duas produtoras rurais premiadas no 6º Prêmio Mulheres do Agro, promovido pela empresa alemã Bayer em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), e que ocorreu durante o Congresso Nacional de Mulheres do Agronegócio (CNMA).

A produtora Alessandra Barth, de Ipiranga, nos Campos Gerais, conquistou o 3º lugar na categoria pequena propriedade, enquanto Flávia Saldanha Rodrigues, de Jacarezinho, no Norte Pioneiro, ficou com o 1º lugar na categoria grande propriedade.

“Tudo isso é possível porque eu tenho o apoio da família, do sindicato rural e do Sistema FAEP/SENAR-PR. Esse prêmio dá mais coragem para enfrentar os desafios”, destaca Alessandra, que, há dois anos, deixou a pedagogia para administrar a propriedade leiteira. “O agro tem muitos desafios. É preciso ser apaixonado e esse amor que faz a gente ser resiliente. Esse prêmio é para as mulheres que me inspiram”, salienta Flávia, que, desde 2004, se dedica ao cultivo de café e grãos em 1,4 mil hectares em um sistema produtivo regenerativo.

Com Faep

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)