AGRICULTURA
Colheita do trigo chega na reta final no RS
A colheita do trigo atinge 89% da área cultivada no RS, que é de 1.516.236 hectares, estando 11% das lavouras em maturação. A produtividade esperada era de 3.021 kg/ha, no entanto a estimativa atual aponta 2.164 kg/ha, representando redução de 28,38%. De acordo com o Informativo Conjuntural divulgado nesta quinta-feira (16/11) pela Emater/RS-Ascar, vinculada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR), essa diminuição pode ser atribuída principalmente aos efeitos do fenômeno El Niño, como o excesso de chuvas e a ocorrência de geada, vento e granizo, que impactaram pontualmente a cultura em diversas fases do ciclo produtivo.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, em Maçambará, 95% das lavouras de trigo já foram colhidas, e a produtividade tem quebra de 20%. Apenas parte das lavouras estabelecidas no início da época contemplada no ZARC atingiram PH igual ou superior a 78, correspondendo a 30% da área cultivada no município. Em São Borja, a colheita está praticamente encerrada. Os produtores que financiaram lavouras através do Proagro estão em situação menos grave, considerando que o seguro cobre o custo de produção. Contudo, as áreas amparadas por seguro privado possuem cobertura baixa, em torno de 24 sacas por hectare, e não há enquadramento para o PH do grão. Na Campanha, em Candiota, Hulha Negra e Bagé, a área colhida ainda é pouco expressiva, em torno de 10%; as produtividades estão oscilando bastante, variando de 2.100 até 3.000 kg/ha, com PH acima de 75. Os trabalhos não devem ser retomados nos próximos dias devido à elevação da umidade dos grãos e à previsão de tempo nublado e de novas chuvas.
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Aveia branca – A colheita está em finalização. A estimativa da safra aponta 355.914 hectares de área cultivada de aveia branca. A produtividade inicial era de 2.340 kg/ha, mas a estimativa atual indica 1.992 kg/ha, representando diminuição de 14,88%. Os resultados negativos são atribuídos aos fenômenos climáticos adversos, transcorridos no ciclo produtivo.
Cevada – A colheita foi tecnicamente encerrada. A estimativa de área cultivada é de 38.922 hectares, e a de produtividade é de 2.667 kg/ha, representando redução de 15,17% em comparação a 3.144 kg/ha projetados inicialmente. Essa frustração de safra se deu pelo menor volume colhido e pela qualidade baixa do produto, que não obteve padrões mínimos para o uso na indústria cervejeira. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Erechim, a colheita da cevada foi concluída. O produto obtido tem uso alternativo para alimentação animal. Na de Ijuí, os produtores armazenaram os grãos em suas propriedades para suplementação animal, uma vez que não há cotação disponível no mercado local para comercialização.
Canola – A colheita está chegando ao fim. A área cultivada totalizou 74.419 hectares. A produtividade obtida é de 1.594 kg/ha, correspondendo à redução de 2,34% em 1.632 kg/ha projetados no início do plantio. Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Santa Rosa, após a finalização da colheita, os resultados da safra mostram redução na produtividade em comparação à excelente safra de 2022. As chuvas excessivas registradas em setembro e outubro, superiores a 1.000 mm, causaram consideráveis danos à produtividade na região, refletindo em perda pouco superior a 15%.
CULTURAS DE VERÃO
Soja – As condições climáticas de tempo seco intercaladas por chuvas condicionaram o avanço do plantio, que atingiu 22% da área cultivada no RS. No entanto, há atraso em relação às safras anteriores e preocupação acerca dos prognósticos de novas precipitações, que podem tanto prejudicar ainda mais o avanço do plantio quanto atrasá-lo em relação ao período preferencial. De modo geral, a emergência das plantas ocorre de forma rápida devido à alta umidade e às temperaturas elevadas, estando grande parte das lavouras em germinação e desenvolvimento vegetativo.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Frederico Westphalen, cerca de 35% da área encontra-se semeada e nas fases de germinação bem como de desenvolvimento vegetativo. Os produtores estão preocupados em relação ao progresso da semeadura, pois o avanço limitado pode ocasionar impactos negativos à produtividade. Além disso, a execução de plantio escalonado não está sendo possível, embora facilitasse os manejos subsequentes. Na de Passo Fundo, embora a semeadura tenha sido prejudicada pelo excesso de umidade, houve avanço significativo na área implantada, que, até o momento, representa 40% do total planejado.
Milho – Segue a semeadura do milho de forma atualmente modesta, pela predominância da colheita de trigo e da semeadura de soja. A área total plantada com milho no RS atingiu 81%, estando 11% das lavouras em enchimento de grãos, 24% em floração e 65% em germinação e desenvolvimento vegetativo. Uma parcela dos agricultores só pretende retomar o plantio em safrinha, avançando a semeadura durante o mês de janeiro.
Milho silagem – A semeadura encontra-se estabilizada em 66%, aguardando o ponto de ensilagem das lavouras implantadas e seguindo um escalonamento programado. Estima-se que 84% das lavouras estejam em desenvolvimento vegetativo, 13% em fase de floração e 3% em enchimento de grãos.
Feijão 1ª safra – A semeadura teve avanço limitado no período, pois já foi finalizada nas regiões que adotam dois cultivos em sucessão, e ainda é incipiente na região Nordeste, que realiza apenas um cultivo anual, concentrando a operação no mês de dezembro. As lavouras apresentam desenvolvimento adequado, sendo 62% na fase de desenvolvimento vegetativo, 21% em floração e 17% em enchimento de grãos. Algumas áreas já iniciaram o processo de maturação, mas ainda não possuem representatividade estatística.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Santa Maria, a área plantada com feijão 1ª safra atingiu mais de 80%. Prevê-se que novos plantios ocorram apenas entre janeiro e fevereiro de 2024, durante a segunda safra. O extenso período de chuvas e a alta umidade tem dificultado o manejo de doenças, facilitando o surgimento de doenças fúngicas. As lavouras encontram-se em diferentes estágios fenológicos: 70% em fase de germinação ou desenvolvimento vegetativo; 18% em início de floração; 11% em fase de enchimento de grãos; e 1% em maturação.
Arroz – A implantação da cultura está próxima da conclusão na região Sul. As precipitações recorrentes e volumosas continuam a impactar o progresso do plantio no restante do Estado. Houve inundações em algumas áreas recentemente semeadas, que exigirão ressemeadura. A semeadura no Estado alcançou 82% e, na região de Pelotas, atingiu 95% da área prevista. Os preços continuam em elevação, incentivando os produtores que ainda possuem estoques para comercialização a tomarem decisões sobre a extensão da área a ser semeada.
PASTAGENS E CRIAÇÕES
A predominância de calor, sol e umidade no solo favoreceu o desenvolvimento das pastagens de verão, do campo nativo e do milho para silagem. No entanto, essas áreas foram prejudicadas por um período anterior de excesso de umidade no solo, resultando em crescimento comprometido e perdas significativas devido ao pisoteio dos animais.
BOVINOCULTURA DE CORTE – As condições meteorológicas foram mais favoráveis para a pecuária de corte, beneficiando tanto a disponibilidade de pastagens quanto o estado sanitário e corporal dos rebanhos. Entretanto, o mercado persiste em um cenário de desaquecimento, caracterizado por oferta elevada e demanda reduzida, dificultando as negociações dos animais. O preço continua em tendência de declínio.
BOVINOCULTURA DE LEITE – O período foi novamente propício para a atividade, impactada por intensas precipitações, que resultaram em dificuldades no manejo do rebanho e na formação de lamaçais nos piquetes, corredores e áreas circundantes. Assim, houve maior disponibilidade de forragem e melhorias nas condições das instalações. A contínua redução no preço do leite repassado aos produtores ainda afeta a comercialização do produto e traz prejuízos significativos à atividade.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Pelotas, em Morro Redondo, o plantio de pastagens de verão foi prejudicado pelas chuvas, refletindo em alta utilização de silagem e ração, o que elevou os custos de produção. Na de Santa Rosa, o controle de ectoparasitas está em andamento em razão do incremento considerável da presença de mosca, berne e carrapato. Observa-se maior ocorrência de doenças, como a TPB, relacionada diretamente a esses ectoparasitas. Na de Soledade, a fase de floração do milho destinado à ensilagem precoce está em andamento.
(Com Emater/RS)