Foto: José Fernando Ogura/AEN
AGRICULTURA

Paraná é líder nacional em alimentos orgânicos

Foto: José Fernando Ogura/AEN
Redação Sou Agro
Redação Sou Agro

O Paraná comemora o Dia da Agroecologia (3/10) como líder no ranking nacional de produção orgânica, segundo dados do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos. Seguido pelo Rio Grande do Sul e Pará, o Estado conta com 3.700 produtores certificados – 16% dos agricultores do País neste segmento, de acordo com os dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

É possível crescer ainda mais, pois a agroecologia é um movimento que busca revolucionar a relação com a terra, a comida e o meio ambiente. Até 2030, por força de lei, o Paraná deve ter 100% das mais de 2 mil escolas estaduais atendidas apenas com produtos orgânicos.

Os parâmetros e as ações necessárias para a introdução progressiva na rede estadual de ensino estão sendo analisados por um comitê gestor com integrantes de diversos órgãos. O colegiado assessora os secretários da Educação e da Agricultura e do Abastecimento no trabalho de formular, gerir e fiscalizar as políticas públicas que visam suprir a totalidade da alimentação escolar com produtos dessa linha.

Segundo André Luis Alves Miguel, engenheiro agrônomo e responsável pela coordenação estadual do Programa Agroecologia, a agricultura em geral tem adotando uma série de práticas que já eram de praxe e pregadas pela agroecologia há décadas. “O uso intensivo de plantas de cobertura e a cobertura do solo, o uso de microrganismos eficientes, e agora de cepas isoladas de microrganismos, foram práticas da agroecologia que estão sendo adotadas pela agricultura em geral, se tornado mais sustentável, espelhado na agroecologia”.

Mas, apesar dos avanços, ainda há muitos desafios: como aproximar os consumidores dos agricultores, fazer os alimentos de qualidade chegarem a todas as pessoas e a um custo acessível?

Para André, essas questões devem avançar muito nos próximos anos. “A agroecologia tem cumprido muito bem o seu papel de indicar o caminho, de criar belíssimas referências. E aqui no Paraná temos referências de propriedades agroecológicas que praticam agricultura orgânica, espalhadas por todo o Estado”.

“A agroecologia é a ciência que dá o caminho e que indica o rumo para o avanço da agricultura como um todo, rumo à sustentabilidade. Essa foi uma das conclusões a que chegamos no Encontro Estadual do Programa Paraná Mais Orgânico”, citando o evento realizado em junho, com organização do Governo do Estado. O foco foi debater temas relacionados à produção orgânica e promover parcerias estratégicas na agroecologia voltadas ao desenvolvimento regional sustentável.

REAL SIGNIFICADO – Quando nos deparamos com a palavra agroecologia, muitas vezes, ela nos remete à ideia de um agricultor trabalhando harmoniosamente com a natureza. Mas, afinal, o que realmente significa essa terminologia e por que temos um dia dedicado a ela?

A agroecologia pode ser considerada como um campo de estudo emergente que abrange todo o sistema agroalimentar, com o objetivo de alcançar a soberania alimentar e nutricional da sociedade, numa perspectiva de integrar agricultura, alimentação, saúde e meio ambiente.

Não é apenas uma forma de agricultura, mas uma ciência, uma prática ecológica e um movimento social. Ela busca entender as relações e interações entre os organismos em sistemas agrícolas, visando uma produção sustentável e equilibrada.

Para Moacir Darolt, engenheiro agrônomo e coordenador do projeto Casa da Agroecologia do IDR-Paraná, a agroecologia é fundamental para reforçar o contato entre o saber científico e o tradicional.

“Ela fortalece o diálogo de saberes entre pessoas, instituições, onde o agricultor tem a prática, a vivência, a experiência, e as instituições científicas têm o conhecimento, o pensamento sistêmico e os indicadores técnicos, reforçando, assim, essa parceria entre o tradicional e o científico”.

Segundo Darolt, existe hoje uma grande necessidade na formação de pessoas na universidade, com uma visão mais sistêmica, crítica, de longo prazo, com conteúdo mais ético, e expertise para trabalhar em equipes interdisciplinares. “E isso a agroecologia faz, porque ela, necessariamente, precisa desse saber que não é só científico, mas também a humildade para valorizar o saber tradicional”.

POR QUE É IMPORTANTE – Em um mundo onde a degradação ambiental e as mudanças climáticas tornam-se ameaças crescentes, a agroecologia surge como uma solução para muitos dos desafios atuais da agricultura.

O Dia da Agroecologia nos convida a refletir sobre nossa relação com a terra, os alimentos que consumimos e o tipo de mundo que queremos deixar para as próximas gerações. A maioria das pessoas hoje abastece a sua cozinha com alimentos prontos e altamente processados. É cada vez maior o distanciamento entre o rural e urbano.

Darolt ressalta que a comercialização acontece basicamente nos supermercados, nos hipermercados, em detrimento às feiras de produtores e os mercados mais locais.

“Precisamos aproximar produtores e consumidores. E nisso a agroecologia pode ajudar, tornando os consumidores protagonistas e conscientes do seu futuro. Quanto mais o consumidor demandar um alimento ecológico, maior será a responsabilidade dos agricultores e técnicos envolvidos na produção para atender essa demanda”, destaca o engenheiro agrônomo.

“Precisamos de alunos, técnicos, pesquisadores, professores e empreendedores para tornar esse produto acessível para a maior parte da população, com preços competitivos”, completa ele.

Neste contexto, a informação é a chave para o sucesso. Moacir Darolt reforça que é preciso trazer mais conhecimento para estimular o consumo consciente e criar mercados mais justos e mais solidários, baseados em circuitos mais curtos, na venda direta, onde o produtor mostra a cara para o consumidor. “Esse é o nosso desafio para o futuro. É aproximar realmente o rural do urbano, a cidade do campo, o agricultor do consumidor”.

(COM AEN)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)