Foto: Divulgação/Epagri
AGRICULTURA

MILHO: saiba quais são fatores decisivos para o plantio em Santa Catarina

Foto: Divulgação/Epagri
Redação Sou Agro
Redação Sou Agro

O milho é um cereal que impacta profundamente na realidade do agronegócio catarinense. A insuficiência de milho para a cadeia produtiva da proteína animal e o elevado custo de transporte desse grão, em especial do Centro Oeste, para o abastecimento interno do Estado preocupam o ramo agropecuário. Santa Catarina precisa importar mais de 5 milhões de toneladas, principalmente para alimentação de aves, suínos e gado leiteiro.

Conforme dados disponíveis no Observatório Agro Catarinense, a área destinada ao cultivo de milho-grão foi reduzida em cerca de 150 mil hectares entre as safras 2012/13 e 2022/23. A forte oscilação dos preços, além dos fatores de manejo e custo de produção, estimularam a conversão de áreas de plantio de milho  em áreas de soja no Estado, um produto com grande liquidez no mercado internacional de commodities.

A relação de preços soja/milho é um componente determinante na decisão do próximo plantio. Em 2022 era necessário, aproximadamente, duas sacas de milho para adquirir uma saca de soja (relação 2:1), situação favorável ao milho. Em julho de 2023 esta relação ultrapassou 2,3 sacas de milho para uma de soja (relação 2,3:1), o que favorece a oleaginosa.

Um fator adicional que está sendo considerado pelos produtores é a ocorrência de “cigarrinha” e doenças associadas em lavouras de milho, que afetou a produção nas safras anteriores. Em função desses fatores, o produtor está reticente em manter a mesma área de produção do cereal para a próxima safra. A estimativa inicial para a safra de verão 2023/2024 foi levantada pela Epagri e divulgada no dia 14 de setembro.

Nos últimos três anos, a área cultivada de milho grão se estabilizou em torno de 320 mil hectares. Problemas climáticos nas últimas duas safras reduziram a produção no Estado. Em 2023 houve uma recuperação da produção para 2,7 milhões de toneladas. Contudo, os preços tiveram uma forte redução desde o início do ano, superior a 30%, em função da conjuntura da safra recorde no Brasil e  do mercado externo.

Contudo, apesar de os preços estarem baixos no momento, existem fatores favoráveis a médio prazo no mercado para o milho:

–  Aumento significativo do consumo do cereal no Brasil para produção de etanol;

– Exportações em elevação: o Brasil deverá se tornar o maior exportador mundial do produto em 2023;

– A guerra entre Rússia e Ucrânia tem causado turbulência no mercado internacional;

– A safra dos Estados Unidos ainda não está definida, as condições climáticas devem nortear o mercado no segundo semestre.

Esses são apenas alguns dos principais fatores que afetam o mercado do milho no momento. O mercado é complexo e dinâmico, é afetado por uma série de questões que podem variar ao longo do tempo.

Safra 2023/2024

A expectativa, na região Sul, é de que a área de milho “encolha” entre 10% a 20% nas áreas maiores. Nas pequenas propriedades os números devem se manter. Em Santa Catarina, os dados iniciais da safra apontam uma retração de 4,1%, que poderá se elevar nas próximas atualizações. Os fatores que influem para isso: custo maior da lavoura de milho se comparado com a soja e preços soja/milho atuais, favorável à soja. Além disso, a incidência de cigarrinha e seu controle preocupam produtores. Contudo, a produção deverá cair pouco, em função da expectativa de elevação da produtividade (Gráfico 1).

(Fonte: Epagri/Cepa)

 

(Com Epagri – Por Haroldo Tavares Elias, analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa; engenheiro-agrônomo e doutor em Agronomia)

 

(Redação Sou Agro/Sou Agro)