TECNOLOGIA
Brasil fará 1º combustível de hidrogênio a base de etanol do mundo
A Universidade de São Paulo (USP) vai produzir o primeiro hidrogênio verde a base de etanol do mundo. O primeiro teste em um carro real deve acontecer apenas em 2024 e será realizado em um modelo único, equipado com células de combustível que transformam hidrogênio em eletricidade.
Além da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), o projeto conta com a parceria da Shell Brasil, Hytron, Raízen e o Senai CETIQT. Juntas, essas empresas criarão a primeira estação experimental de abastecimento de hidrogênio renovável do mundo a partir do etanol. Até o momento, o produto está sendo chamado de “hidrogênio verde e amarelo”.
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Para a realização do projeto, a Shell investiu R$ 50 milhões. Já a Raízen irá ceder o etanol necessário para a produção do hidrogênio.
Entre todos os componentes da estação, a Hytron fornecerá o principal: o reformador a vapor de etanol. Através de um processo chamado químico chamado “reforma a vapor”, o etanol é submetido a temperatura e pressão específicas, reagindo com a água dentro do reator, convertendo assim o combustível em hidrogênio.
“Nossa estimativa no momento é de que o custo da produção de hidrogênio a partir de etanol é comparável ao custo do hidrogênio de reforma do gás natural no contexto brasileiro. Já as emissões são comparáveis ao processo que realiza a eletrólise da água alimentada com energia elétrica proveniente de fonte eólica”, afirma Julio Meneghini, diretor científico do RCGI (Research Centre for Greenhouse Gas Innovation) da USP.
O etanol chega para ser uma solução mais barata. A ideia é que, através da popularização das estações de reforma, o combustível feito a base de cana-de-açúcar possa ser transportado para diferentes lugares e países, usando uma infraestrutura já existente e menos custosa.
De acordo com a Shell, atualmente, os caminhões tanque são capazes de transportar 45 mil litros de etanol, que podem ser usados para produzir até 6.000 kg de etanol. Esses mesmos veículos, se fossem usados para transportar o hidrogênio comprimido, poderiam levar uma carga de somente 1.500 kg, ou seja, quatro vezes menos.
Além de mais viável financeiramente, o hidrogênio derivado do etanol também é uma alternativa mais ecológica, já que trata-se de um combustível de origem renovável. Na Europa e no resto do mundo, grande parte do H2 é obtido do gás natural, um derivado do petróleo, que libera uma grande quantidade de CO2 na atmosfera durante o processo.
Para realizar os testes, a Toyota está cedendo à Universidade de São Paulo um Mirai, movido por célula de combustível capaz de usar hidrogênio e o ar atmosférico para gerar energia elétrica para alimentar o motor de 182 cv do sedã. Como resultado desse processo chamado eletrólise, há somente a liberação de água em forma de vapor.
Além do Mirai, haverão outros dois ônibus, também movidos a células de combustível, cedidos pela EMTU. Todos os veículos rodarão exclusivamente dentro do campus da Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo.
(Reportagem – João Vitor Ferreira/Quatro Rodas)