CRÉDITO: Cláudio Neves/AEN
AGRONEGÓCIO

Após conquistar mercado em Israel, Brasil aguarda efeitos da guerra

CRÉDITO: Cláudio Neves/AEN
Redação Sou Agro
Redação Sou Agro

A notícia da abertura do mercado de proteína animal com Israel foi muito comemorada pelo Ministério da Agricultura. O anúncio foi feito no final do mês de agosto e grandes eram as expectativas, já que Israel, até então, se mostrava um mercado com demanda crescente por carne de frango.  Segundo dados do Ministério da Agricultura israelense, o país consome mais de 600 mil toneladas anualmente, com projeção de 700 mil toneladas anuais até 2026. O frango é a proteína animal mais consumida no país. São mais de 42 quilos anuais por pessoa, uma das maiores taxas do mundo.

Com a abertura do novo mercado o Brasil esperava superar o marco de 5 milhões de toneladas exportadas para todo o mundo, pela primeira vez na história. Um volume até 8% superior aos embarques registrados no ano passado.

GUERRA

Mas com a o anúncio de guerra no oriente médio, inevitavelmente, o clima é de insegurança. João Luís Nogueira, especialista em mercado, alerta para outro detalhe. “Israel era uma grande aposta, mas naquela região já existe um grande importador de carne de frango, que é a Arábia Saudita. É lógico que a invasão do grupo extremista, o Hamas, trará sérias consequências para a região, mas como tudo é muito recente, os reflexos ainda são imprevisíveis”.

Mesmo diante do cenário de caos estabelecido pela guerra, Nogueira não acredita no rompimento dos acordos de mercado. “Temos que aguardar o desenrolar dessa nova crise. É uma região importante e destino de nossas exportações. A Arábia Saudita é o segundo destino, um dos grandes importadores de carne de frango, junto com China, Japão. O Governo Brasileiro, normalmente em situações conflituosas, se posiciona com bom senso. Os conflitos precisam cessar o mais rápido possível, preservando vidas e também a economia”, diz o especialista.

Até setembro deste ano, o Brasil exportou mais de US$570 milhões para Israel, entre produtos químicos, inseticidas e principalmente fertilizantes. Em 2022, o Brasil importou mais de US$2 bilhões de Israel, crescimento de 85,5% em relação a 2021, e exportou cerca de US$1,9 bilhão, aumento de 215%.

Paraná

Segundo dados da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, o Paraná exportou para Israel no ano passado US$ 46,7 milhões em carnes, US$ 21,3 milhões no complexo soja, US$ 6,7 milhões em cerais, farinhas e preparações e US$ 6 milhões em café.

Petróleo reagiu

Depois do ataque surpresa do Hamas o peço do petróleo registrou alta de até 5,4% em Nova York, chegando a atingir US$ 87 por barril. Embora o Brasil não esteja diretamente impactado com o conflito, com a dispara da commodity pode ser afetado. Quanto mais a guerra se estender, mais frágil fica o contexto econômico brasileiro, tendo em vista que a forte alta do petróleo impacta diretamente no encarecimento do preço dos derivados, entre eles, gasolina e óleo diesel. Para o agronegócio isso significa aumento do custo de produção. Safra mais cara e achatamento do lucro. Para os consumidores, o efeito será nas prateleiras, com a inflação dos preços.

(Redação Sou Agro/Sou Agro)