AGRICULTURA
Pequenas propriedades impulsionam produção de café
Pequenas propriedades impulsionam produção de café em São Paulo. A Embrapa Territorial (Campinas, SP) mapeou o uso e ocupação da terra de Caconde, com ênfase nas áreas de florestas nativas e cafezais do município com a maior produção do grão no estado de São Paulo. Com agricultores premiados pela qualidade dos cafés especiais que colocam no mercado, Caconde é marcada pela produção em pequenas propriedades. Com a análise de imagens de satélite, combinadas com dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), o trabalho da Embrapa mostrou que 96,3% dos sítios produtores de café têm até 88 hectares, ou seja, menos de quatro módulos fiscais – área que caracteriza pequenas propriedades.
O pesquisador Carlos Cesar Ronquim, um dos autores do estudo, explica que as características naturais do município, com terrenos bastante acidentados e declivosos, impedem a mecanização, indispensável nos modelos atuais de produção de culturas que demandam grandes quantidades de área como a cana-de-açúcar, por exemplo. “Este fator não possibilitou que essa cultura ocupasse as terras do município e região, com relevo muito similar a Caconde, como fez desalojando muitas culturas em grande parte do estado de São Paulo”, analisa Ronquim.
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Mais de 90% da área rural do município tem declividade acima de 12%, o que impede a expansão de áreas de cana, exige manejo manual ou semimecanizado dos cultivos de café e estimula a manutenção de pequenas propriedades. Diferente de outras regiões cafeeiras mais planas do estado, a colheita em Caconde é manual ou semimecanizada. Em vez de grandes máquinas, os agricultores utilizam pequenas colheitadeiras portáteis.
O estado de São Paulo é o segundo maior produtor de café arábica do País e, ainda assim, apenas 41 dos seus 645 municípios possuem mais de mil hectares dedicados à cultura. Em Caconde, são mais de 11 mil hectares de cafezais, o que equivale a cerca de 24% da área do município. A maior parte desses cafezais está em terrenos a mais de 800 metros de altitude. Isso favorece a qualidade do café.
Ademar Pereira, presidente do Sindicato Rural de Caconde, conta que a cafeicultura faz parte da História do município e já foi praticada em grandes fazendas, pertencentes a barões do café, até o início dos anos 1930. “Com a crise do café, o parcelamento do solo começou a chegar muito forte, de modo que se originou uma reforma agrária natural. Hoje, temos uma estrutura fundiária muito particular, são mais de 2 mil propriedades”, conta. Ele destaca as 605 propriedades com menos de 5 hectares, de onde famílias conseguem obter renda, investindo na qualidade dos grãos produzidos.
Apesar de conhecer a realidade do município, Pereira diz que o mapeamento foi um “presente”, por permitir visualizar claramente como as terras do município são utilizadas para a agropecuária e as áreas destinadas à preservação da vegetação nativa. O trabalho já tem sido utilizado para apresentar a realidade local em articulações de novas parcerias e financiamento de projetos.
Conectividade no campo
Caconde é um dos dez municípios do País que estão recebendo um sistema integrado de hardware, software e conectividade, pelo projeto do Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital (CCD-AD/SemeAR). A iniciativa é da Embrapa Agricultura Digital, com financiamento do Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e parcerias como a do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD), da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), do Instituto Agronômico (IAC), do Instituto de Economia Agrícola (IEA), do Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) e da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
A ação em Caconde funciona como modelo ou vitrine para tecnologias e serviços digitais que tenham foco na solução de problemas do campo, e que possam ser adotados e acoplados aos processos produtivos de forma rápida e simples.
Com Embrapa