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Método brasileiro que analisa contaminação de pescado é destaque internacional

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

Um método de análise de contaminação de pescado por petróleo recebeu recentemente reconhecimento internacional pelo seu impacto e eficácia. A pesquisa foi desenvolvida em colaboração entre o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária no Rio Grande do Sul (LFDA/RS), por meio do Setor Laboratorial Avançado em Santa Catarina (SLAV/SC), e o Programa de Pós-Graduação em Ciência dos Alimentos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

O método foi originado em resposta ao desastre ambiental que ocorreu em 2019, quando um derramamento de petróleo bruto atingiu 11 estados brasileiros, causando uma grave preocupação com a contaminação de frutos do mar e seu potencial impacto na saúde pública. Diante da necessidade de métodos analíticos confiáveis para avaliar a contaminação de pescado após o desastre, a então doutoranda em Ciência dos Alimentos e bolsista da CAPES no SLAV/SC/LFDA/RS, Ana Paula Zapelini de Melo, trabalhou no desenvolvimento e aprimoramento de um método analítico capaz de mensurar hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) em pescado de forma ágil e com confiabilidade metrológica dos resultados.

 

O trabalho desenvolvido envolveu técnicas avançadas de extração e detecção por espectrometria de massas. Ele foi projetado para detectar e quantificar HPAs, compostos químicos presentes no petróleo com propriedades carcinogênicas para os seres humanos e que são considerados marcadores de contaminação petrogênica em alimentos. O método utilizou cápsulas de café adaptadas para extrair os contaminantes do pescado, permitindo uma análise ágil e confiável.

Como resultado, a determinação eficiente dos HPAs em diversas espécies de frutos do mar, desenvolvida no SLAV/SC contribuiu significativamente para a investigação forense do desastre conduzida pela Polícia Federal. O trabalho desenvolvido entre Ana Paula Zapelini de Melo e os pesquisadores dos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária recebeu reconhecimento internacional de importantes órgãos, como o United States Department of Agriculture (USDA) e a International Spill Control Organization, destacando a relevância do método desenvolvido pelo SLAV/SC e pela UFSC para lidar com desastres ambientais e proteger a saúde pública. A pesquisa resultou na tese de doutorado de Ana Paula.

O estudo também teve um impacto significativo no campo da proteção ambiental, contribuindo para o indiciamento de um navio petroleiro de bandeira grega pelos crimes de poluição e danos às unidades de conservação. As concentrações de HPAs medidas nos órgãos dos animais atingiram níveis alarmantes, confirmando a contaminação por petróleo.

Este projeto multidisciplinar envolveu diversos pesquisadores, incluindo os servidores Fabiano Barreto, Heitor Daguer e Rodrigo Barcellos Hoff, o analista Luciano Molognoni, a mestranda Thais de Oliveira, além da doutoranda Ana Paula, englobando áreas como Ciência dos Alimentos, Química Analítica, Toxicologia, Estatística e Saúde Pública para alcançar o sucesso deste método.

Rodrigo Hoff, servidor do SLAV/SC e coorientador da tese de Ana Paula, enfatizou a importância de aprimorar os processos analíticos em laboratórios de defesa agropecuária para atender às crescentes demandas da sociedade brasileira em questões de saúde pública e segurança dos alimentos. “Um grande ganho em relação à capacidade operacional de outros laboratórios para este mesmo ensaio. Apesar da metodologia desenvolvida ser simplificada em relação aos métodos tradicionais, segue sendo um método analítico bastante complexo”, destaca.

O SLAV/SC continua a utilizar o método desenvolvido, com a capacidade de analisar de 10 a 15 amostras semanais, representando um avanço significativo na capacidade operacional em comparação com outros laboratórios. O trabalho realizado demonstra o impacto positivo da pesquisa científica na resolução de desafios ambientais críticos e na proteção da saúde pública, destacando o Brasil como referência na inovação em segurança dos alimentos e proteção ambiental.

(Débora Damasceno/Sou Agro)