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AVICULTURA

Ladeira abaixo: entenda o que fez com que o preço dos ovos despencasse nos últimos dias

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Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

Deu pra perceber no supermercado que o preço dos ovos caiu bastante. Mas bastante mesmo. É possível, em alguns locais, comprar 20 ovos por R$ 13, quando antes o valor estava um por um. Isso considerando o que a gente percebe em Cascavel, Paraná.

Mas de acordo com pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), essa queda foi meio que geral, mesmo.

De acordo com o Cepea, a forte onda de calor que atinge grande parte do Brasil e a oferta abundante levaram muitos produtores a concederem descontos para escoar o produto, visto que altas temperaturas reduzem a vida útil dos ovos. Além disso, conforme relatos dos avicultores consultados pelo Cepea, o mercado esteve bastante lento nos últimos dias, o que acabou elevando os estoques. Já do lado comprador, os agentes fizeram pressão sobre os valores da proteína, baseados nos menores tamanho e vida útil do produto devido ao calor.

O presidente do Sindiavipar Roberto Kaefer considera que a soma da sobra de produtos com o baixo poder aquisitivo do brasileiro também contribuiu para que o preço fosse ladeira abaixo. “O poder aquisitivo não está legal no Brasil todo. Com isso, temos sobra de produtos e consequentemente queda nos preços”, afirma.

O ovo ainda tem a concorrência direta do frango, que por produção excessiva também está cada vez mais barato e considerando o preço antigo dos ovos, compensava mais. “Vale a lei da oferta e da procura. Quando você oferece mais, os preços baixam. Temos uma produção expressiva de frango o ano todo. Além disso, as exportações aumentaram, o que significa que a produção interna está maior também”, ressalta.

As exportações brasileiras de ovos totalizaram 2,148 mil toneladas em agosto, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 381,6% o total embarcado no mesmo período de 2022, quando foram exportadas 446 toneladas.

Em receita, a alta chega a 241,3%, com US$ 5,114 milhões no oitavo mês de 2023, contra US$ 1,499 milhão no mesmo período do ano anterior.

O principal destino das exportações de ovos do Brasil foi o Japão, que importou mais de 9 mil toneladas entre janeiro e agosto, seguido de Taiwan, com mais de 5 mil toneladas.

Ovos de galinha

Segundo pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a produção de ovos de galinha cresceu 1,3% e atingiu o recorde de 4,9 bilhões de dúzias. O Sudeste foi a região que mais produziu, com 39,9% do total. São Paulo lidera entre os Estados com 1,16 bilhões de dúzias (23,8% do país), seguido de Paraná, com 475,4 milhões de dúzias (9,7%), e Minas Gerais, com 422 milhões de dúzias (8,6%).

Principais produtores
Santa Maria de Jetibá (ES): 318,6 milhões de dúzias
Bastos (SP): 250,5 milhões de dúzias
Primavera do Leste (MT): 105 milhões de dúzias
São Bento do Una (PE): 103,3 milhões de dúzias
Beberibe (CE): 79,8 milhões de dúzias

Com Cepea e IBGE

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)