Produtores gaúchos apostam na criação de búfalos

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

FOTO: ADRIANE BERTOGLIO RODRIGUES

A bubalinocultura tem sido uma experiência promissora acompanhada pela Emater/RS. A a criação de búfalos, tem aumentado a cada ano, assim como o número de produtores. Cada vez mais, a Bubalinocultura é conhecida e reconhecida nos campos pelo fácil manejo e na gastronomia, pelos diferenciais da carne e do leite. Além de ser considerado um animal de dupla aptidão (serve tanto para carne como para leite), o búfalo é um animal de tração, permitindo inclusive montaria, pela sua docilidade.

Um desses búfalos, que chama atenção pela docilidade e pode ser montado, é o Soberano, cedido pelo casal de pecuaristas Marcos e Marinalda Bottega, de Nova Hartz, que mantém uma criação em Araricá.

As três fêmeas expostas na temática Pecuária Familiar da Emater/RS-Ascar na Expointer, Fernanda, Charlote e Clarinha, foram cedidas pela criadora e médica-veterinária Desireé Hastenpflug Möller, residente em Viamão, que cria búfalos das raças Mediterrânea e Murrah desde 2018. Ela é a primeira mulher a presidir a Associação Sulina de Criadores de Búfalos (Ascribu), que tem 70 sócios, para a gestão 2021/2025. “A vantagem de ser associado é o trabalho que a gente faz na divulgação dos produtos”, avalia Desireé.

“Apesar de existirem 19 raças de búfalos no mundo, no Brasil temos apenas quatro: Mediterrânea, Murrah, Jafarabadi e Carabao”, destaca a criadora, ao avaliar que o Brasil tem uma média de 3 milhões de cabeças de búfalos, o que representa 1% do rebanho mundial. O Pará é Estado com mais criadores.

Segundo Desireé, no Rio Grande do Sul, os rebanhos de búfalos também têm aumentado e hoje são em torno de 50 mil cabeças, o que reapresenta o,5% do rebanho gaúcho de bovinos e bubalinos. Aqui no Estado, a criação de búfalos é bem dividida e é possível encontrar grandes criações desde Uruguaiana até Camaquã. Atualmente são 600 criadores, sendo que Viamão, na Região Metropolitana, é o município com maior número de criadores. São 35 no total, embora o número de animais seja pequeno: 1,5 mil.

Os búfalos têm um sistema gastrointestinal mais favorável do que o dos bovinos, pois conseguem aproveitar melhor até mesmo a fibra grosseira das pastagens. “Então até com uma macega, um capim annoni, o búfalo consegue reverter isso em peso”, avalia Desireé, ao observar que no quesito ganho de peso o búfalo é mais rápido quando comparado ao bovino.

Quanto à parte sanitária, os búfalos têm praticamente as mesmas doenças dos bovinos, só são mais resistentes e praticamente imunes aos carrapatos. Assim, o uso de carrapaticida é muito baixo ou, em algumas propriedades, inexistente.

Carne magra com maior rendimento leiteiro

A carne do búfalo é uma das características que têm chamado a atenção, tanto dos criadores como dos consumidores, pois tem 55% menos colesterol, 40% menos calorias e 12 vezes menos gordura, quando comparada à do bovino.

Quanto ao leite, a principal vantagem é no rendimento, pois apresenta o dobro do teor sólido do leite. “No bovino, por exemplo, a gente precisa de dez litros de leite para produzir um quilo de queijo. Já no búfalo, com cinco litros se produz o mesmo quilo de queijo”, ressalta Desireé, ao citar a burrata e a mussarela como os queijos considerados clássicos a partir do leite de búfalas. Hoje em dia são vendidos queijos coalho, provolone, provoleta e frescal feitos a partir do leite de búfala, “que é teoricamente mais magro, com menos calorias e mais cálcio e ferro do que o do bovino”.

O couro do búfalo também tem boa aceitação no mercado, principalmente pela indústria automobilística europeia. “Os carros classe A têm os bancos de couro feitos com couro de búfalo”, informa a criadora.

Diferenciais do búfalo

Para divulgar a carne de búfalo, a Ascribu tem promovido várias ações pelo Estado, participando de feiras e assando carcaças inteiras de um animal de cerca de 18 meses, que pesa em média 450 quilos, oferecendo degustação de carne, e também de queijos, a mais de mil pessoas.

A Ascribu tem como meta assar oito carcaças inteiras em grandes eventos do Estado neste ano de 2023, sendo que a quinta será na Expointer. “Já fazem 45 anos que o búfalo está na Expointer e estaremos novamente neste ano, com uma média de 45 animais. O grande evento vai ser a carcaça inteira de búfalo que nós assaremos. Vai ter búfalos também no espaço da Emater, três fêmeas minhas”, dfstaca Desireé.

“Queremos que tanto o consumidor final quanto o produtor rural conheçam os nossos produtos, que tenham a chance de descobrir que a búfala produz tanto carne quanto leite e a gente tem esses produtos na nossa sede para venda. Essa é outra novidade: teremos um restaurante vendendo produtos exclusivamente de búfalos durante a feira, no Boulevard”, anuncia.

Na Expointer, a carne de búfalo terá um dia só para ela e será na segunda edição do Paleta Atlântida Experience, programado para a próxim quarta-feira (30/8). “A carne de búfalo vai estar ao lado da carne do Angus, do Hereford, do Devon, do Texel e do Corriedale. Este evento tem por objetivo divulgar para o grande público a característica de cada raça”, conta Desireé.

A produtora optou pela atividade a partir de um encontro casual, na Expointer de 2017, com o proprietário da Fazenda Panorama, Delfino Beck Barbosa, ex-presidente da Ascribu e referência da Bubalinocultura no Estado. “Eu havia ido a Esteio para me informar mais sobre o Hereford e acabei chegando ao estande dos búfalos. Em algumas horas de conversa com Delfino, senti que havia decidido o meu futuro”, conta, ao defender o fortalecimento e a união entre os criadores, a atração de novos pecuaristas à atividade e a difusão da a carne e do leite bubalino entre os consumidores.

(Com Ascom Emater/RS-Ascar)

Autor: Fernanda Toigo

Fernanda Toigo

Fernanda Toigo. Jornalista desde 2003, formada pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel. Iniciou sua carreira em veículos de comunicação impressos. Atuou na Assessoria de Comunicação para empresas e eventos, além de ter sido professora de Jornalismo Especializado na Fasul, em Toledo-PR. Em 2010 iniciou carreira no telejornalismo, e segue em atuação. Desde 2023 integra a equipe de Jornalismo do Portal Sou Agro. Possui forte relação com o Jornalismo especializado, com ênfase no setor do Agronegócio.

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