FOTO: ADRIANE BERTOGLIO RODRIGUES

Produtores gaúchos apostam na criação de búfalos

Redação Sou Agro
Redação Sou Agro
FOTO: ADRIANE BERTOGLIO RODRIGUES

A bubalinocultura tem sido uma experiência promissora acompanhada pela Emater/RS. A a criação de búfalos, tem aumentado a cada ano, assim como o número de produtores. Cada vez mais, a Bubalinocultura é conhecida e reconhecida nos campos pelo fácil manejo e na gastronomia, pelos diferenciais da carne e do leite. Além de ser considerado um animal de dupla aptidão (serve tanto para carne como para leite), o búfalo é um animal de tração, permitindo inclusive montaria, pela sua docilidade.

Um desses búfalos, que chama atenção pela docilidade e pode ser montado, é o Soberano, cedido pelo casal de pecuaristas Marcos e Marinalda Bottega, de Nova Hartz, que mantém uma criação em Araricá.

As três fêmeas expostas na temática Pecuária Familiar da Emater/RS-Ascar na Expointer, Fernanda, Charlote e Clarinha, foram cedidas pela criadora e médica-veterinária Desireé Hastenpflug Möller, residente em Viamão, que cria búfalos das raças Mediterrânea e Murrah desde 2018. Ela é a primeira mulher a presidir a Associação Sulina de Criadores de Búfalos (Ascribu), que tem 70 sócios, para a gestão 2021/2025. “A vantagem de ser associado é o trabalho que a gente faz na divulgação dos produtos”, avalia Desireé.

“Apesar de existirem 19 raças de búfalos no mundo, no Brasil temos apenas quatro: Mediterrânea, Murrah, Jafarabadi e Carabao”, destaca a criadora, ao avaliar que o Brasil tem uma média de 3 milhões de cabeças de búfalos, o que representa 1% do rebanho mundial. O Pará é Estado com mais criadores.

Segundo Desireé, no Rio Grande do Sul, os rebanhos de búfalos também têm aumentado e hoje são em torno de 50 mil cabeças, o que reapresenta o,5% do rebanho gaúcho de bovinos e bubalinos. Aqui no Estado, a criação de búfalos é bem dividida e é possível encontrar grandes criações desde Uruguaiana até Camaquã. Atualmente são 600 criadores, sendo que Viamão, na Região Metropolitana, é o município com maior número de criadores. São 35 no total, embora o número de animais seja pequeno: 1,5 mil.

Os búfalos têm um sistema gastrointestinal mais favorável do que o dos bovinos, pois conseguem aproveitar melhor até mesmo a fibra grosseira das pastagens. “Então até com uma macega, um capim annoni, o búfalo consegue reverter isso em peso”, avalia Desireé, ao observar que no quesito ganho de peso o búfalo é mais rápido quando comparado ao bovino.

Quanto à parte sanitária, os búfalos têm praticamente as mesmas doenças dos bovinos, só são mais resistentes e praticamente imunes aos carrapatos. Assim, o uso de carrapaticida é muito baixo ou, em algumas propriedades, inexistente.

Carne magra com maior rendimento leiteiro

A carne do búfalo é uma das características que têm chamado a atenção, tanto dos criadores como dos consumidores, pois tem 55% menos colesterol, 40% menos calorias e 12 vezes menos gordura, quando comparada à do bovino.

Quanto ao leite, a principal vantagem é no rendimento, pois apresenta o dobro do teor sólido do leite. “No bovino, por exemplo, a gente precisa de dez litros de leite para produzir um quilo de queijo. Já no búfalo, com cinco litros se produz o mesmo quilo de queijo”, ressalta Desireé, ao citar a burrata e a mussarela como os queijos considerados clássicos a partir do leite de búfalas. Hoje em dia são vendidos queijos coalho, provolone, provoleta e frescal feitos a partir do leite de búfala, “que é teoricamente mais magro, com menos calorias e mais cálcio e ferro do que o do bovino”.

O couro do búfalo também tem boa aceitação no mercado, principalmente pela indústria automobilística europeia. “Os carros classe A têm os bancos de couro feitos com couro de búfalo”, informa a criadora.

Diferenciais do búfalo

Para divulgar a carne de búfalo, a Ascribu tem promovido várias ações pelo Estado, participando de feiras e assando carcaças inteiras de um animal de cerca de 18 meses, que pesa em média 450 quilos, oferecendo degustação de carne, e também de queijos, a mais de mil pessoas.

A Ascribu tem como meta assar oito carcaças inteiras em grandes eventos do Estado neste ano de 2023, sendo que a quinta será na Expointer. “Já fazem 45 anos que o búfalo está na Expointer e estaremos novamente neste ano, com uma média de 45 animais. O grande evento vai ser a carcaça inteira de búfalo que nós assaremos. Vai ter búfalos também no espaço da Emater, três fêmeas minhas”, dfstaca Desireé.

“Queremos que tanto o consumidor final quanto o produtor rural conheçam os nossos produtos, que tenham a chance de descobrir que a búfala produz tanto carne quanto leite e a gente tem esses produtos na nossa sede para venda. Essa é outra novidade: teremos um restaurante vendendo produtos exclusivamente de búfalos durante a feira, no Boulevard”, anuncia.

Na Expointer, a carne de búfalo terá um dia só para ela e será na segunda edição do Paleta Atlântida Experience, programado para a próxim quarta-feira (30/8). “A carne de búfalo vai estar ao lado da carne do Angus, do Hereford, do Devon, do Texel e do Corriedale. Este evento tem por objetivo divulgar para o grande público a característica de cada raça”, conta Desireé.

A produtora optou pela atividade a partir de um encontro casual, na Expointer de 2017, com o proprietário da Fazenda Panorama, Delfino Beck Barbosa, ex-presidente da Ascribu e referência da Bubalinocultura no Estado. “Eu havia ido a Esteio para me informar mais sobre o Hereford e acabei chegando ao estande dos búfalos. Em algumas horas de conversa com Delfino, senti que havia decidido o meu futuro”, conta, ao defender o fortalecimento e a união entre os criadores, a atração de novos pecuaristas à atividade e a difusão da a carne e do leite bubalino entre os consumidores.

(Com Ascom Emater/RS-Ascar)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)

Entre em um
dos grupos!

Mais Lidas

Notícias Relacionadas