Foto: divulgação/CCGL

Nova espécie de cigarrinha preocupa, mas descoberta antes das perdas é vantagem para o combate

Débora Damasceno
Débora Damasceno

Mostramos aqui no Sou Agro que uma nova espécie de cigarrinha foi encontrada em lavouras brasileiras, é a conhecida cigarrinha africana (leptodelphax maculigera). O primeiro foco foi encontrado em Goiás e depois no Rio Grande do Sul. No estado do Sul, a identificação foi feita em armadilhas de monitoramento da Rede Técnica Cooperativa (RTC) na área experimental da CCGL, em Cruz Alta. Em entrevista a jornalista Débora Damasceno, o pesquisador responsável pelo setor de entomologia da CCGL, Glauber Stürmer explicou como foi esse trabalho.

“Basicamente, a gente então encontrou uma cigarrinha africana na nossa área experimental no Rio Grande do Sul, em Cruz Alta. Essa é uma praga que é nova no quesito Rio Grande do Sul. E é importante comentar que a primeira ocorrência oficial foi realizada por pesquisadores em Goiás em maio. Então, poucos meses atrás, foi feita essa identificação e primeiro registro e rapidamente, vamos dizer assim, se disseminou e encontramos agora no sul. Esse primeiro registro, ele também condiz com o nível Brasil lá em maio e das Américas. Então, até então ela ocorria apenas na África. Por isso esse nome popular cigarrinha africana. Então, já por ter encontrado agora no Sul, acendeu um alerta em relação à possibilidade dela também estar disseminada em outros estados, inclusive o Paraná”, detalha.

 

Quando se fala em cigarrinha, o produtor já fica preocupado, afinal ela é uma praga conhecida como o terror das lavouras e que deixou grandes prejuízos na safra passada. Por isso é importante entender o que já se sabe da nova espécie encontrada no Brasil e a difenreça entre a cigarrinha que já conhecemos que é a dalbulus maidis e a encontrada agora.

“Primeiro que é importante mencionar que o cunho aqui não é uma questão de assustar o nosso agricultor e sim informar em relação à chegada de novo de uma nova espécie. Porque primeiro ponto ela vai estar associada com a cigarrinha do milho, a nossa já velha conhecida. Então, ao invés de falar que tinha uma espécie, agora nós temos duas espécies ocorrentes. Quando nós falamos de cigarrinha africana, ela é de outra família. Por que eu falo isso? Porque daí para gente contextualizar em relação a algumas características, diferencio uma da outra. Quando nós falamos da cigarrinha africana, ela é menor que a cigarrinha do milho o que dificulta a questão de visualização e monitoramento. E, obviamente, para separar, são características bem tênues, bem pequenas. Uma delas é a questão de antena. Ela vai ter uma antena um pouquinho diferente aos famosos dois pontos negros na frente da cabeça, ali entre os olhos da cigarrinha que a cigarrinha africana não possui, porém ela tem uma mancha, então é uma mancha maior do que aqueles dois pontinhos negros que tem na área. Ela tem essa mancha mais próximo à boca. Em resumo, nós vamos precisar tratar ela como cigarrinha. É claro que ainda a falar sobre manejo, a gente acaba buscando na literatura, né? Porque a gente está fazendo os primeiros relatos de registro da sua ocorrência. Em relação a identificação elas vão estar ocorrendo em conjunto”, detalha.

 

UM PASSO A FRENTE

Claro que uma nova espécie de cigarrinha gera preocupação aos produtores rurais e pesquisadores, só que ao mesmo tempo. Mas ter descoberto a chegada dela muito antes de registros de grandes perdas nas lavouras, coloca os pesquisadores um passo a frente da praga.

“Esse é um ponto importantíssimo, porque a gente encontrou, obviamente preocupa, mas às vezes cria esse ruído da informação e, obviamente, o objetivo não é fazer um susto, não é? Mas sim, pelo contrário, é trazer essa informação sensibilizar o nosso agricultor em relação ao tema. Infelizmente a gente não gostaria de ter encontrado, mas obviamente é importante que seja identificado e já se começa os trabalhos, diferentemente do que foi cigarrinha do milho. Podemos usar ela como exemplo, quando ela entrou no Rio Grande do Sul, que foi um pouquinho depois que vocês aí no Paraná, pegou de surpresa em 2020, quando ela entrou, os produtores começaram a visualizar o dano. Quando o milho começou a tombar e a gente não tinha visualizado a praga lá na fase inicial. E aí começaram os estudos. Só que teve um atraso, o produtor perdeu. Então é importante a gente estar sempre um pouquinho a frente para gerar essas informações”, finaliza Glauber.

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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