Foto: reprodução Jaime Finkler
AGRICULTURA

“Muita área nem vai dar colheita”, diz produtor sobre preocupação com estragos da brusone no trigo do Oeste do PR

Foto: reprodução Jaime Finkler
Débora Damasceno
Débora Damasceno

Brusone, esse é o nome que nenhum produtor de trigo quer ouvir, mas infelizmente muitos agricultores tem ouvido falar e muito sobre a doença no últimos meses. Isso porque, o relato no Oeste do Paraná é de muitas perdas causadas por ela.

Jaime Finkler é produtor de trigo em Ouro Verde e está preocupado com os danos que a brusone tem causado nas lavouras: “Esse acontecimento dessa perca quase total da região Oeste aqui do trigo, com o clima vai ser uma perda imensa. Tenho uma área até boa de trigo, Toledo, região de São Pedro, Vera Cruz, região onde a gente acompanha está parelho, acho que muita área nem vai dar colheita de tanto que a doença está acabando”, detalhou o agricultor.

A brusone e a giberela são doenças bastante parecidas e que causam danos semelhantes nas lavouras. Por isso, há orientações específicas que precisam ser seguidas pelos produtores para amenizar os danos no trigo.

Fotos: reprodução Jaime Finkler

“Com relação aos problemas de brusone e giberela, o principal manejo que o produtor tem que tomar ciência é a escolha de uma cultivar com boa tolerância . Porque isso é fundamental para você ter um bom controle dessas doenças. São doenças bastante severas porque atacam o principal órgão da planta que é a espigueta ou a espiga. Outro ponto bastante importante é a utilização de fungicida para brusone  principalmente tem que ser feito pra emissão da folha bandeira, protegendo a folha bandeira e antes da emissão do cacho, da espiga. Isso é muito importante você utilizar aplicação nesse momento para evitar infecção aí pelo fungo que causa a brusone”, explica Carlos Konig, gerente Departamento Agronômico da C.Vale.

No caso da giberela também é importante estar atento às aplicações de fungicidas. E também o agricultor deve buscar o técnico para tomar medidas corretas no manejo da lavoura.

“Com o problema da giberela também é muito semelhante então a gente fala que nós temos que fazer uma bateria de aplicações principalmente nas emissões da antese que é o florescimento aonde acontece a fecundação do trigo que é aquela florzinha amarela então eu preciso fazer aplicações aí em intervalos de sete a dez dias pra evitar contaminação. Qual que é o grande problema porque isso às vezes não ocorre? Porque coincide com uma semana de chuva e o produtor não consegue fazer aplicações nesse momento. Então é importante agora nesse momento orientar o produtor para que busque o técnico da cooperativa para que faça essa orientação mais assertiva e identifique os momentos ideais e os fungicidas ideais pra fazer as aplicações”, explica

A BRUSONE

Segundo a Embrapa, brusone é uma doença causada pelo fungo denominado Pyricularia grisea (Cooke) Sacc. (sinonímia Pyricularia oryzae Cavara), teleomorfo Magnaporthe grisea. Esta doença foi descrita pela primeira vez, em trigo, no ano de 1985, no norte do Paraná. Desde então, ela já foi relatada em diversos estados brasileiros como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Goiás e na região dos cerrados do Brasil Central . A ocorrência é, ainda, restrita a países como Brasil, Paraguai e Bolívia.

Normalmente a brusone assume importância maior em condições que favoreçam sua ocorrência, como em presença de elevada temperatura e umidade. Dados de pesquisa revelam que quando a umidade relativa é elevada (>90%) e a temperatura se encontra ao redor de 28ºC, a produção de conídios de P. grisea é favorecida.

A severidade e os danos causados por brusone variam, sobretudo, com o genótipo de trigo considerado. A maioria das cultivares de trigo analisadas quanto à reação à infecção por P. grisea mostrou alta suscetibilidade das espigas à doença. Até o momento, ainda não se dispõe de cultivares de trigo resistentes à brusone.

 

 

 

 

(Débora Damasceno/Sou Agro)