Jonathan Campos / AEN

Inverno diminui a atividade metabólica dos peixes e estação requer manejo específico

Redação Sou Agro
Redação Sou Agro
Jonathan Campos / AEN

Na época mais fria do ano, os piscicultores precisam adotar técnicas específicas para contornar os desafios da produção. Isso porque o inverno reduz o metabolismo dos peixes e sua necessidade de se alimentar e se locomover. A vida do animal entra em um ritmo no qual todos os processos desaceleram: eles comem menos, com menor frequência e podem até deixar de se alimentar. Como consequência, ocorre lentidão ou paralisação do crescimento, além disso, a digestão, excreção e respiração sofrem alterações.

A médica-veterinária Talita Morgenstern, coordenadora técnica da unidade de negócio de Aquicultura da MSD Saúde Animal, explica que o manejo segue períodos estratégicos, então as práticas precisam acompanhar algumas situações, como temperaturas baixas. “Quando está muito frio, não é recomendável vacinar nem classificar ou povoar. Por outro lado, é importante utilizar uma boa nutrição e continuar com o trabalho de biosseguridade”, diz a especialista.

O pesquisador científico do Instituto de Pesca e formulador aquícola Giovani Sampaio Gonçalves reforça: “Nesta estação, a orientação é realizar o menor manejo possível e, quando o fizer, tem de ser de forma cautelosa. Além disso, é fundamental uma boa alimentação”. Ainda segundo ele, a demanda metabólica dos peixes por alguns nutrientes é reduzida no inverno, entretanto, outros nutrientes podem ser exigidos em maior quantidade, principalmente aqueles relacionados à imunidade.

“O animal perde a capacidade de crescimento rapidamente e a deposição de músculos nesse período está mais vulnerável a enfermidades e patógenos oportunistas, que se sobressaem em baixas temperaturas”, esclarece Gonçalves, que também acrescenta que, frente ao estresse térmico, os peixes ficam mais suscetíveis a esses patógenos e qualquer manejo indesejado pode levar a severas perdas.

Por essa razão, o uso de dietas com maior digestibilidade e densidade nutricional (maior inclusão de nutrientes) podem compensar em parte a menor ingestão de ração (matéria seca), aumentando a imunidade e a performance. Assim, o formulador aquícola recomenda uma dieta baseada em ácidos graxos poliinsaturados, suplemento vitamínico/mineral e aditivos nutricionais que auxiliem a imunidade.

 

Atenção redobrada às enfermidades

Como os peixes ficam mais vulneráveis a doenças no inverno, as medidas de biosseguridade também devem estar em foco. É importante monitorar diariamente a saúde dos peixes, desinfetar com produtos adequados as instalações aquícolas, os veículos e as embarcações, assim como os utensílios utilizados diariamente para reduzir a pressão dos patógenos no ambiente. Ainda, recomenda-se o uso estratégico do sal como ação preventiva, pois ele estimula a produção de muco que contribui como um mecanismo de defesa. Talita pontua que essas práticas auxiliam a manter a sanidade do cardume, evitando doenças como Francisella spp e Iridovírus, de grande impacto no período, além de outros patógenos como os fungos, comuns nesse período.

“A bactéria Francisella orientalis é responsável pela Franciselose, doença que tem trazido sérios prejuízos para a aquicultura e tem maior incidência no clima frio. O Iridovírus também é um grande desafio para a piscicultura, pelos registros crescentes e pelo seu alto impacto sanitário, uma vez que prejudica a produção e favorece a entrada de outras bactérias”, afirma a coordenadora técnica da MSD Saúde Animal.

As práticas de bem-estar animal também fazem a diferença e ganham mais relevância neste período, pois o estresse provocado por manejos inadequados pode fragilizar ainda mais os animais. Talita ressalta que, no inverno, há vários aspectos que precisam ser considerados. “Além da dieta equilibrada e a qualidade da água, é necessário evitar o tempo de exposição dos peixes ao ar e o estresse durante o transporte dos animais. Outro ponto importante é a densidade de estocagem que deve estar adequada para os desafios deste período”, orienta.

(COM MDS SAÚDE ANIMAL)

(Redação Sou Agro/Sou Agro)

Entre em um
dos grupos!

Mais Lidas

Mais Notícias