Certificação voluntária muito usada no algodão pode ser aplicada na indústria de alimentos
A certificação voluntária já aplicada por alguns fabricantes de roupas de algodão pode ser estendida aos ingredientes e aditivos utilizados na indústria de alimentos. A possibilidade foi anunciada nessa semana, no painel de abertura do Summit Future of Nutrition, congresso de inovação para o segmento de ingredientes alimentícios realizado durante o Food ingredients South America (FiSA), em São Paulo.
No painel de abertura do congresso, diretores de departamentos de inspeção da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério de Agricultura e Pecuária (Mapa) falaram sobre o autocontrole aplicado às cadeias animais e vegetais.
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Hugo Caruso, diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov), contou que o Mapa precisou criar uma certificação oficial para exportar algodão para a China. O protocolo foi estabelecido já pensando em outras cadeias.
“É um sistema total de autocontrole, a empresa vai fazer todo o monitoramento e nós vamos supervisionar a validar através de certificado”, explicou.
Segundo o diretor, o ponto principal do procedimento é a rastreabilidade, que permite identificar a origem do algodão utilizado na fabricação da peça de roupa. Essa identificação ocorre por meio de QR Code impresso na etiqueta de camisetas ou camisas de determinadas marcas. “É nesse ponto que chegou o processo do algodão que a gente quer levar para as outras cadeias”, afirmou Caruso. Ele se referia ao fato de que todas as propriedades que integram o programa são certificadas ambientalmente, comprovando que não foram devastadas e que seguem as boas práticas agrícolas e regras trabalhistas.
Ana Lúcia Viana, diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), também abordou o autocontrole em sua apresentação. Ela explicou o funcionamento do Sistema de Inspeção Federal (SIF), que completou 108 anos, e falou da lei n. 14.515, aprovada em dezembro, chamada de lei do autocontrole.
De acordo com Ana Lúcia, é fundamental que haja um compartilhamento de responsabilidades entre o setor público e o privado. O autocontrole deve induzir a cadeia produtiva à sustentabilidade, uma exigência dos principais mercados mundiais. “Hoje, observamos que sociedade e indústria estão mais conscientes em relação ao desperdício de alimentos e dos recursos naturais, por exemplo”, afirmou a diretora.
Outro ponto colocado pela representante do Mapa foi a diferença de velocidade entre a inovação tecnológica e a regulamentação. Ana Lúcia disse que é preciso flexibilidade por parte dos órgãos regulatórios para que as inovações do setor produtivo sejam acomodadas, garantindo a segurança dos alimentos, a inocuidade e a sustentabilidade.
Representando o ministro Carlos Fávaro, o superintendente de Agricultura e Pecuária do Mapa em São Paulo, Guilherme Campos, participou da cerimônia de abertura, ao lado do presidente da Associação Brasileira da Indústria e Comércio de Ingredientes e Aditivos para Alimentos (Abiam), Helvio Collino; da diretora de Negócios da Informa Markets, Clelia Iwaki; do diretor de marketing global para alimentos da Informa Markets, Andreas Mavrommatis; e da diretora adjunta da Anvisa, Patrícia Tagliari.
(Com Mapa)