Foto: Envato/Sou Agro
PECUÁRIA

Carne halal: certificação exigida pelo mercado muçulmano pode impulsionar exportações do Paraná

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

“Como o Halal impulsionará a internacionalização da sua marca” foi o tema do webinar realizado por iniciativa da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira em parceria da Invest Paraná, com o apoio do Sistema Ocepar. De acordo com dados da Câmara, o mercado halal tem potencial para atingir, em 2024, US$ 5,74 trilhões, sendo que desse total US$ 1,38 trilhão será de comercialização de produtos alimentícios, o que interessa diretamente ao setor cooperativista do Paraná.

O webinar focou mais o mercado de alimentos e bebidas, embora o conceito halal se aplique também a fármacos, cosméticos, entre outros produtos. No evento, foi apresentado o Projeto Halal do Brasil, que promove os produtos certificados. O projeto inclui a participação em férias e missões internacionais, bem, como o treinamento para a certificação halal. “O objetivo é incentivar empresas a viabilizar exportações para o mercado muçulmano. O projeto é resultado de uma parceria entre a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil)” informou o diretor da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, Mohamad Abdouni Neto, acrescentando que o incentivo aos negócios halal no Brasil trará muitos benefícios, especialmente no setor de alimentos.

“Para quem tiver interesse em buscar a certificar halal, a Câmara Árabe Brasileira oferece subsídio de 50% nos custos da primeira certificação”, informou Fernandas Dantas, gerente de projetos de internacionalização da instituição. “O objetivo é aumentar a gama de produtos halal, especialemte de produtos industrializados, com maior valor agregado”, disse.

Terceira economia

“O projeto Halal é uma oportunidade para os brasileiros terem acesso a esse mercado, que é imenso e que não se restringe aos países árabes, mas a todos nos quais a maioria da população é muçulmana”, destacou o economista da Câmara Árabe, Sotirios Ghinis. Ele informou que o mercado extrapola os países da liga árabe e chega a 150 países em todo o mundo. Esse mercado já movimenta cerca de US$ 3 trilhões ao ano. Em 2020, o número de muçulmanos economicamente ativo em todo o mundo era de 1,9 bilhão, com uma taxa de crescimento entre 5% e 6% ao ano. Juntos esses países podem ser considerados a terceira economia mundial, atrás apenas de Estados Unidos e China, de acordo com os dados da Câmara de Comércio Árabe-Brasil.

Frango

O produto que o Paraná mais exporta para o mercado muçulmano é a carne de frango. Por isso, a maioria dos frigoríficos do estado, em especial, das cooperativas, já têm a certificação. Atualmente, as cooperativas respondem por 42% do total de abate de frango e por 57% do volume de carne de frango exportado pelo Paraná, onde o mercado muçulmano tem posição de destaque.

Permitido

O diretor geral do Centro Halal da América Latina, Marc Daher, explicou que o termo ‘halal’ significa ‘permitido’. “No conceito religioso, o termo halal vem do alcorão e significa algo permitido, legal, liberado, lícito. No caso dos alimentos, segundo Daher, a certificação halal garante que a produção seguiu todos os requisitos considerados legais pelos muçulmanos. Em relação à carne e produtos derivados, por exemplo, o animal abatido deve estar totalmente saudável, com esta condição atestada pelas autoridades sanitárias. O frigorífico deve também seguir o método de abate permitido, em que a sangria única é feito com faca bem afiada, minimizando o sofrimento do animal e permitindo que todo o sangue do animal seja escoado.

Oportunidade

Para o diretor do Centro Halal da América Latina, apesar de todas as exigência, o mercado muçulmano apresenta mais oportunidades do que restrições. “É preciso desmistificar o preconceito contra o regime islâmico”, frisou, acrescentando que as normas e padrões exigidos são muito parecidos com a produção sustentável. “Quem já produz dentro dos critérios da sustentabilidade, muito provavelmente terá acesso à certificação halal”, informou.

(Com Ocepar)

(Débora Damasceno/Sou Agro)