Foto: Indea

Uso indevido de agrotóxico causa morte em milhares de abelhas

Débora Damasceno
Débora Damasceno
Foto: Indea

Mostramos aqui no Sou Agro que no Mato Grosso milhares de abelhas morreram e a causa era investigada. Pois bem, depois de muito trabalho, o resultado da averiguação realizada pelos servidores do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado (Indea) apontou o uso irregular de agrotóxico com princípio ativo Fipronil como a causa das mortes registradas em junho na cidade de Sorriso.

Na investigação que foi realizada em um raio de extensão de 30 km, o envenenamento por agrotóxicos foi elencado como a causa mais provável, já que a ocorrência de mortes dos insetos foi súbita e em área de grande extensão, o que descarta a possibilidade de quaisquer doenças conhecidas.

 

Em vários dias de análise de campo, percorrendo áreas onde foram registradas as mortes nos apiários, para colher amostras, e realizar a fiscalização em 22 propriedades que circundam os locais das mortandades dos insetos, os servidores da autarquia constataram que um dia anterior às mortes das abelhas uma propriedade que cultiva algodão utilizou o produto agrotóxico com o ingrediente ativo Fipronil de forma irregular.

Devido à irregularidade constatada, o proprietário foi autuado em cerca de R$ 225 mil e o relatório elaborado pela equipe do Indea de Sorriso foi enviado aos gestores, que realizarão encaminhamento à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), ao Ministério Público do Estado (MPE-MT) e ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), possibilitando a averiguação das responsabilidades cíveis e criminais cabíveis, e de ocorrência de danos ambientais.

AVERIGUAÇÃO

A equipe de servidores do Indea em Sorriso realizou as coletas de abelhas nas colmeias atingidas e as enviaram para o Instituto Biológico – Laboratório de Ecologia dos Agroquímicos, em São Paulo, sendo constatada a presença do princípio ativo Fipronil, em todas as amostras, conforme laudos laboratoriais. O princípio ativo que é extremamente tóxico às abelhas e é usado no controle de pragas em diversas culturas como algodão, soja, arroz, batata, dentre outras.

CASO PARECIDO

Em maio já havíamos mostrado uma situação parecida, onde Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT) investigava a morte de pelo menos um milhão de abelhas em três propriedades rurais do município de Brasnorte (580 km de Cuiabá). Três servidores da autarquia estiveram sábado e domingo (13 e 14.05) percorrendo as áreas onde foram registradas as perdas em massa dos animais polinizadores. A mortandade das abelhas foi detectada em 33 colmeias.

Os apicultores do município acionaram o Indea, que, por meio dos servidores, realizou a sondagem no local e colheu o material para enviar, nesta semana, ao laboratório do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e ao Instituto Biológico – centro de pesquisa do Governo do Estado de São Paulo.

O coordenador de Defesa Sanitária Animal do Indea, João Néspoli, explica que, no campo, os servidores investigaram os sinais clínicos e epidemiológicos.

“Foram observadas quais as castas atingidas. No caso de Brasnorte, as operárias eram as mais atingidas. Também foram observados qual o perímetro das mortes desses insetos, se havia a presença de parasitas ou abelhas com dificuldade de locomoção, e qual fase da vida desses animais era a mais atingida. Com base nessas observações, e em conjunto com as analises de laboratório, será possível descobrir o que pode estar causando esse dano não só ambiental, como econômico aos apicultores”, explica o médico veterinário.

Além de causas sanitárias, outra suspeita levantada sobre a mortandade dessas abelhas é o uso de agrotóxico nas áreas próximas aos apiários.

(Com Indea)

(Débora Damasceno/Sou Agro)

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