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Colégios agrícolas recebem incentivo de pesquisa científica por meio do Agrinho

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Débora Damasceno
Débora Damasceno

Os alunos dos 23 colégios agrícolas distribuídos pelo Paraná realizaram 109 inscrições de trabalhos na categoria “Relatório de Pesquisa – Colégio Agrícola”, novidade da edição 2023 do Programa Agrinho, desenvolvido há 27 anos pelo Sistema FAEP/SENAR-PR. Com o tema “Agrinho Boas Práticas Agrícolas”, os 545 estudantes estão desenvolvendo projetos vinculados a práticas sustentáveis na produção de olerícolas e melhora de parâmetros agronômicos, com recomposição do solo.

“Os colégios agrícolas do Paraná são referência no Brasil pela qualidade de ensino, tanto que somos exportadores de técnicos nessa formação. Essa categoria no Programa Agrinho veio para reconhecer a importância deste trabalho na educação profissionalizante e incentivar a pesquisa aplicada ao nosso setor”, afirma Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Os trabalhos nos colégios agrícolas estão sendo conduzidos por equipes compostas por cinco estudantes e um professor orientador de todas as regiões do Paraná. Segundo Renato Gondin, coordenador de colégios agrícolas da Secretaria de Estado da Educação (Seed-PR), essa iniciativa em parceria com o Sistema FAEP/SENAR-PR possibilita o aprofundamento do conhecimento adquirido em sala de aula e em atividades práticas.

“Os alunos devem fazer a experimentação agrícola, mas, a forma de condução, seja melhorar alguma técnica ou implantar algo novo, é escolha deles. Como consequência, os trabalhos terão uma qualidade maior, com mais aprofundamento técnico, além do incentivo por meio da competitividade”, destaca Gondin. “Nosso objetivo é unir empregabilidade, ingresso no ensino superior e pesquisa científica”, acrescenta.

A categoria é voltada aos estudantes dos 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio Profissionalizante Técnico Agrícola/Agropecuário da rede pública do Paraná. Os trabalhos inscritos serão julgados por uma banca avaliadora formada nos respectivos colégios, que vai escolher dois relatórios de pesquisa por unidade para avaliação pelo Núcleo Regional de Educação (NRE). Na etapa final, serão cinco equipes premiadas, com smartphones para os alunos e professores e microscópios digitais para os colégios.

Projetos

No Colégio Agrícola Getúlio Vargas, em Palmeira, na região dos Campos Gerais, uma equipe inscrita no Concurso Agrinho decidiu utilizar a vocação do município para produção de batata como base do projeto de pesquisa. O trabalho avalia como o fungo Trichoderma spp. pode atuar no controle biológico da doença do mofo branco e os benefícios em áreas com diferentes plantios de cobertura, como centeio e aveia preta. A aplicação do fungo, inclusive, ocorreu com drone agrícola durante o curso de pulverização do SENAR-PR.

Além da batata, outros trabalhos abrangem culturas como brócolis, alface e repolho, e também acompanhamento e comparativo de manejo de solo em áreas com agriculturas orgânica e tradicional. O Colégio Agrícola Getúlio Vargas soma seis projetos inscritos no Agrinho – outros quatro também estão sendo conduzidos pelos alunos ao longo do ano letivo, no entanto, não foram inscritos por não se enquadrarem no tema do concurso.

“O Agrinho instiga os alunos a desenvolverem projetos de pesquisa, e também estimula o professor e toda a equipe pedagógica. Esse é o papel da educação básica: fazer a iniciação científica e incentivar o desenvolvimento da capacidade intelectual dos nossos jovens”, avalia o diretor da unidade, João Carlos Hoffman.

Na região do Norte Pioneiro, o Colégio Agrícola Fernando Costa, em Santa Mariana, soma cinco projetos inscritos no Agrinho, todos voltados à agroecologia. De acordo com o diretor-geral, Ilton Alves, os trabalhos são diversificados, tratando de assuntos como influência de nematoides na hortifruticultura, manejo de horta em integração com criação de galinhas de postura em sistema mandala, manejo de diferentes tipos de solos e sua influência nas culturas, olerículas em hidroponia, e manejo com biofertilizantes para controle de pragas e doenças.

“Os projetos colocam o aluno como agente para desenvolver tecnologias. Nós queremos explorar o potencial produtivo das culturas usando essas tecnologias, mas adaptadas ao pequeno produtor, que é maioria na nossa região. Nessa parceria com o Agrinho, os alunos se sentem motivados a levar suas ideias para a evolução do setor agrícola”, elenca Alves. “O laboratório de campo vai dar essa percepção para eles se prepararem melhor, seja no setor produtivo, na universidade, na pesquisa científica ou em qualquer outro segmento”, complementa.

Colégios agrícolas terão novo currículo em 2024

O curso Técnico Agrícola/Agropecuário, ofertado em 23 colégios agrícolas do Paraná, está passando por uma reestruturação da matriz curricular. A reformulação visa contemplar a realidade tecnológica do mercado de trabalho, absorvendo as demandas do setor produtivo, de forma a melhorar a empregabilidade dos alunos e fortalecer o agronegócio paranaense.

A nova matriz será implantada a partir de 2024, com três ementas curriculares: Técnico em Agricultura, Técnico em Pecuária e Técnico em Agropecuária. Os colégios terão autonomia para ofertar os cursos de acordo com as necessidades do setor e características da região.

“Os componentes curriculares foram alterados para trazer mais tecnologia para dentro das instituições de ensino, dar mais ênfase ao cooperativismo e à sustentabilidade, além de trazer disciplinas voltadas para tecnologia de aplicação de defensivos, Agricultura de Precisão, entre outras. O intuito é superar a defasagem técnica entre educação e mercado”, elenca Renato Gondin, coordenador de colégios agrícolas da Seed-PR.

O Sistema FAEP/SENAR-PR tem sido um parceiro na reformulação da matriz curricular dos colégios agrícolas, além de contribuir para o processo educacional com a promoção do Programa Agrinho para os alunos, o Programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA) e, ainda, com a imersão do SENAR-PR, promovendo cursos dentro da comunidade escolar.

“A atualização do currículo dos colégios agrícolas vai, lá na frente, colocar um profissional mais capacitado e mais preparado à disposição dos nossos produtores rurais, contribuindo diretamente para o desenvolvimento do setor e do Paraná. Sabendo disso, o Sistema FAEP/SENAR-PR está participando deste movimento”, destaca Ágide Meneguette, presidente da entidade.

“Os colégios agrícolas são difusores de tecnologia. Para isso, temos que formar alunos com capacidade de criação, de trabalho em equipe, de gestão, de pensar e se desenvolver para se tornar um cidadão que contribua para melhorar a realidade da sua comunidade. Por isso é importante esse alinhamento com o setor produtivo para que os recursos estejam dentro das escolas”, opina Ilton Alves, diretor-geral do Colégio Agrícola de Santa Mariana.

Programa Agrinho reúne 14 categorias

Na sua 27ª edição, o Concurso Agrinho, desenvolvido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, conta com 14 categorias. A inscrição para cada uma ocorre em prazos diferentes. Os regulamentos completos estão disponíveis no site sistemafaep.org.br/agrinho.

O tema deste ano é “Ações que transformam o mundo”, alinhado com a discussão global em torno do ESG (sigla em inglês para designar sustentabilidade ambiental, social e governança corporativa).

A cerimônia de premiação do concurso do Programa Agrinho está marcada para 30 de outubro, com participação dos estudantes vencedores e os respectivos professores. Porém, parte dos vencedores será conhecida no dia 29 de setembro. Conforme o cronograma de cada categoria, as informações serão postadas no site do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Desde 1996, o Agrinho leva uma proposta pedagógica baseada em visão complexa, na inter e transdisciplinaridade e na pedagogia da pesquisa às escolas das redes pública e particular. Anualmente, o programa do Sistema FAEP/SENAR-PR envolve aproximadamente 800 mil crianças e mais de 50 mil professores da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e da Educação Especial, em praticamente todos 399 municípios do Paraná.

(Com Faep)

(Débora Damasceno/Sou Agro)