AGRONEGÓCIO

Soluções robóticas no campo surgem como alternativa para melhorar produtividade do agronegócio

Emanuely
Emanuely

Além de ser essencial para prover a alimentação para quase 8 bilhões de pessoas, a agricultura também tem sido um dos principais celeiros de grandes inovações. Com novos desafios de um mundo moderno altamente tecnológico, o campo tem tomado a liderança no sentido de oferecer formas mais eficientes de trabalho.

E não é somente para aumentar a produtividade que as novas soluções acontecem. Na verdade, especialistas e empreendedores propõem ideias para solucionar problemas como a crescente falta de mão-de-obra qualificada.

De acordo com a pesquisa “Profissões Emergentes na Era Digital”, realizada pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), em parceria com o Senai e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), há atualmente uma defasagem entre a formação de profissionais e as reais necessidades do campo.

“A digitalização está ampliando as oportunidades de emprego, porém para profissionais mais qualificados. Profissionais nesta área precisam de conhecimentos para utilização dos softwares existentes para o processamento de todas as informações da propriedade e tomada de decisão, mas com constante atualização, já que os programas e equipamentos ficam rapidamente defasados”, narra trecho do estudo.

O levantamento mostra ainda que, a longo prazo, o Brasil deve precisar de quase 150 mil profissionais qualificados em áreas como técnico em agricultura digital, técnico em agronegócio digital e engenheiro agrônomo digital.

E as inovações do campo são importantes também para lidar com gargalos como a questão ambiental. Em um cenário de escassez de água, as novas tecnologias do campo estão diminuindo o consumo e otimizando a irrigação a partir de água reaproveitada, por exemplo. Com o aumento da produtividade sem ocupar maiores faixas de terra, o agronegócio também evita novas ocupações e contribui com a preservação de mais áreas verdes.

“A tecnologia no campo tem servido não só como um vetor para disponibilizar produtos agrícolas e alimentos cada vez melhores, mas também para contribuir com objetivos de sustentabilidade. A aplicação da inteligência artificial, computação em nuvem, robótica e outras soluções é o que faz com que principalmente a agricultura brasileira seja referência de inovação”, diz Leonardo Luvezuti, diretor de negócios da Perfect Flight, agtech brasileira que oferece serviços de gestão e rastreabilidade  de aplicações aéreas e que está presente nos EUA e América Latina.

Os benefícios da robótica no campo

Soluções tecnológicas estão presentes em todos os setores da sociedade, inclusive no campo. Um relatório feito pela Embrapa, Sebrae e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostrou que 84% dos agricultores brasileiros utilizam algum tipo de tecnologia digital na produção.

Os trabalhadores e trabalhadoras rurais se beneficiaram principalmente da disseminação do sinal da internet para aproveitar ferramentas como GPS, aplicativos, realidade virtual, sensores, drones e vários tipos de robôs que realizam de maneira automatizada diversas tarefas como colheita.

A Perfect Flight oferece, por exemplo, uma plataforma de gestão e rastreabilidade que mapeia as áreas agrícolas com o Google Maps. Com um sistema construído em cloud, os produtores podem acessar a ferramenta através de computadores, smartphones e tablets, tornando a pulverização – que pode ser feita com robôs como drones – mais otimizada.

“Informatizar processos e aplicar soluções como robótica têm sido quase um imperativo no campo, já que a maioria do setor já passou pela revolução tecnológica. Com tanta competitividade e profissionalismo, os produtores já sabem que apostar nestas ferramentas melhoram os produtos agrícolas e da pecuária. Hoje em dia já não é possível mais imaginar um pasto ou cultivo  sem nenhuma tecnologia aplicada”, defende Leonardo Luvezuti.

Luvezuti cita que o software da Perfect Flight melhora a precisão da aplicação aérea, consequentemente ajudando na preservação ambiental, reduzindo o uso dos defensivos agrícolas e a quantidade de água utilizada. Sistemas do tipo ainda promovem a diminuição do tempo de voo de aeronaves e dos drones que pulverizam as lavouras, do uso de combustível e ainda cortando a emissão de poluentes.

Ele elenca ainda outros benefícios do uso de tecnologias como a robótica no campo:

  • Facilita a execução de trabalhos que seriam extenuantes para pessoas;
  • Aumenta o rendimento operacional e a produtividade dos pastos e lavouras;
  • Melhora a eficiência do plantio, pulverização e colheita;
  • Reduz significativamente o desperdício de insumos e diminui o descarte de alimentos que não receberam o tratamento adequado.

Setor rentável

O agronegócio é sabidamente um dos motores da economia mundial e brasileira. O Valor Bruto de Produção (VBP) ficou registrado em R$ 1,189 trilhão em 2022, o segundo maior da série histórica do país, de acordo com o Ministério da Agricultura.

No quesito representação econômica, o agro fechou o ano passado correspondendo a 24,8% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Ou seja, quase um quarto da nossa economia depende exclusivamente da pecuária e da agricultura.

A pujança financeira do setor aparece em forma de investimentos e crescimento no número das startups. O Radar Agtech Brasil informou que de 2021 para 2022 houve um aumento de 7,5% no número das agtechs (ou agritechs). No quesito investimentos, a alta apenas nas chamadas agfoodtechs aumentaram em 85% entre 2020 e 2021.

Leonardo argumenta que a mecanização e robotização do agronegócio responde não somente a melhora e otimização na produção, mas também ao aumento dos investimentos. Ele diz que os investidores enxergam com bons olhos o setor justamente porque entendem que a profissionalização nos trabalhos é um fator que efetivamente entrega retorno financeiro.

“Aplicar soluções inovadoras antes, dentro e depois da fazenda também impacta o bolso de produtores já no curto prazo. Contando com ferramentas de ponta, é possível mirar preços melhores, uma vez que o país exporta em grande parte os insumos que produz”, sustenta.

Neste cenário, as agtechs brasileiras já conseguem competir e ingressar em outros mercados internacionais. A Perfect Flight, por exemplo, que conta com mais de 32 milhões de hectares rastreados, já está operando em mais de 100 cidades brasileiras e na América Latina. A empresa abriu, inclusive, um escritório em Iowa, nos Estados Unidos, para atender aos produtores locais.

“A inovação está no sangue do brasileiro e nosso agronegócio mostra como estamos sempre aplicando o que há de melhor no mundo. A robótica e a tecnologia de maneira geral não devem ser encaradas como ferramentas que tomarão lugares de pessoas, mas sim como soluções que abrirão novos postos de trabalho tornando o produto agropecuário brasileiro ainda mais competitivo”, finaliza Leonardo Luvezuti.

(Com agência)

(Emanuely/Sou Agro)