FRUTICULTURA

Pesquisa desenvolve limão Tahiti com produtividade superior

Emanuely
Emanuely

A citricultura brasileira ganha três novos materiais importantes, duas variedades de laranja e uma de limão Tahiti. A laranjeira BRS IAC FCC Alvorada é versátil, podendo ser destinada a suco ou consumo in natura. Já a Navelina XR é a primeira laranjeira resistente à bactéria causadora do amarelinho (clorose variegada dos citros, CVC).

E o novo limão Tahiti BRS EECB IAC Ponta Firme apresentou produtividade 242% superior à média alcançada no estado de São Paulo, a maior do Brasil. As três variedades cítricas são resultantes de pesquisa em parceria entre a Embrapa, a Fundação Coopercitrus Credicitrus (FCC) e o Centro de Citricultura Sylvio Moreira (CCSM), vinculado ao Instituto Agronômico (IAC).

“Nossa parceria com a Embrapa é antiga e importante para a citricultura brasileira. Essa cadeia produtiva passa por grandes desafios fitossanitários e precisa de novos materiais. São muito importantes materiais que aumentem a amplitude genética e, principalmente, a produtividade. Por isso, nós da Fundação, estamos muito felizes e orgulhosos por participar desse trabalho”, relata o responsável técnico da FCC, Marcelo Bassi.

Em comum acordo entre as três instituições, a laranjeira-doce precoce BRS IAC FCC Alvorada, a laranjeira-de-umbigo Navelina XR e o limoeiro BRS EECB IAC Ponta Firme passaram pelo Registro Nacional de Cultivares, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), mas os pesquisadores frisam que elas não estão protegidas, o que facilita o acesso pelo produtor. “São acessos antigos que carregam o esforço de muitas instituições e nós entendemos que o lançamento deveria ser em conjunto. Inclusive, são materiais que já estão sendo cultivados pelos produtores em pequena escala”, explica Eduardo Augusto Girardi, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) e coordenador da Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (UMIPTT) Cinturão Citrícola, sediada no Fundecitrus, em Araraquara (SP).

“Como houve compartilhamento de material genético entre as instituições, fizemos a revisão da documentação de mantenedoria e atualizamos a comantenedoria, reconhecendo o trabalho em conjunto”, ressalta o pesquisador Dirceu de Mattos Júnior, diretor do CCSM/IAC, instituição responsável por estabelecer as plantas matrizes que vão originar os materiais para distribuição ao citricultor. “Estamos replicando o material em grande quantidade para formar novas borbulheiras e atender aos produtores”, informa.

Precoce e saborosa

“Uma laranja multiúso”. Assim o pesquisador da Embrapa Eduardo Stuchi, sediado na FCC em Bebedouro (SP), define a laranjeira-doce precoce BRS IAC FCC Alvorada, uma vez que, graças ao sabor, ela pode ser usada tanto para mercado in natura como para produção de suco concentrado congelado e de suco pasteurizado (NFC, not from concentrate orange juice ou suco não concentrado). “Com maturação precoce e boa produção em relação às laranjeiras Westin e Hamlin, ela produz mais sólidos solúveis totais, os sólidos dissolvidos na água, incluindo açúcar, sais, proteínas, ácidos etc. Além disso, ela apresenta uma excelente cor de polpa. Ela agrada mais ao paladar e com um adicional, o de ter zero a três sementes, podendo ir para o mercado de fruta fresca. Até pouco tempo, a indústria de suco só produzia suco concentrado, mas, com a exigência do NFC, as principais precoces como Hamlin não atendem bem. Ou seja, ela pode diversificar essas variedades tradicionais”, continua. O pesquisador Eduardo Girardi confirma: “Hoje existe a necessidade de laranjas precoces e a Alvorada atende a um nicho, em razão de suas qualidades”.

A variedade foi avaliada inicialmente nas condições de clima de Bebedouro, na região norte do estado de São Paulo, que apresenta clima subtropical, com inverno moderado e seco, sendo necessário o uso de irrigação. Esse tipo de clima engloba também parte da região central do estado. “No entanto, observamos seu melhor desempenho nas condições do sudoeste e extremo sul de São Paulo, devido à excelente qualidade de frutos e à baixa incidência de seca fisiológica de ramos sob clima mais ameno. A variedade pode ser enxertada em citrumelo Swingle, tangerineira Sunki, tangerineira Cleópatra e limoeiro Cravo. A BRS IAC FCC Alvorada foi validada em Bebedouro por 14 anos, durante 10 safras. “Passei metade da minha carreira profissional vendo o desempenho dessa laranjeira”, conta Stuchi.

(Com EMBRAPA)

(Emanuely/Sou Agro)