AGRICULTURA

Brasil e Alemanha debatem desafios da agricultura

Emanuely
Emanuely

A necessidade de produzir alimentos para 9,3 bilhões de pessoas por volta de 2030 foi um dos temas do encontro entre os centros de pesquisa da Embrapa no Rio de Janeiro (Agrobiologia, Agroindústria de Alimentos e Solos) e o Instituto Julius Kühn, da Alemanha, que aconteceu no dia 14 de junho na Embrapa Solos.

Fundado em janeiro de 2008, o IJK é o centro de pesquisa federal para plantas cultivadas na Alemanha, sendo também uma autoridade autônoma superior federal do portfólio do Ministério do Alimento e Agricultura. Ele é composto por 18 institutos especializados complementados por unidades de serviço como biblioteca, processamento de dados, campos experimentais, casas de vegetação e administração, contando com 1300 empregados (450 pesquisadores). Suas instalações de pesquisa se concentram em nove áreas, com a sede localizada na pequena cidade de Quedlinburg. Na reunião, o IJK foi representado pelo seu presidente, o pesquisador Frank Ordon.

A caracterização do biocarvão e das Terras Pretas de Índio foi abordada ao lado da agricultura orgânica e do conhecimento tradicional. Foi lembrado o pouco valor que se dava a temas como ecologia ou meio ambiente nas universidades nos anos 80 do século passado. Isso mudou bastante, tanto que manter o solo coberto é um “mantra” atualmente, mesmo com o avanço da fronteira agrícola liderado pela soja. “Na Embrapa Solos atuamos em fertilizantes, dados para a agricultura tropical, pedologia e zoneamento, uso da terra e serviços ecossistêmicos, intensificação sustentável da agricultura e coexistência produtiva com a seca”, revelou a chefe geral, Maria de Lourdes Mendonça.

A agricultura familiar não foi esquecida, já que o pequeno produtor é responsável por 80% dos alimentos que chegam na nossa mesa. Foi mencionada a “Fazendinha Agroecológica” da Embrapa Agrobiologia, que integra atividades de produção animal e vegetal. “O manejo prioriza a reciclagem de nutrientes e o uso de desenhos de diferentes sistemas agrícolas, que envolvem rotações e consórcios de culturas, além da presença de espécies arbustivas e arbóreas como elementos de diversificação da paisagem”, contou a chefe de pesquisa e desenvolvimento da UD Cláudia Jantalia.

A agrofloresta e os gargalos que impedem seu crescimento, com o desafio de reduzir em 50% o uso de pesticidas até 2030 também foi tema ao lado da necessidade de maior presença dos órgão estaduais de transferência e pesquisa. Afinal, é preciso que o pequeno produtor esteja a par das boas práticas. “A comida é relativamente barata na Alemanha, nosso desafio é como continuar assim com o aumento da produção orgânica”, disse Ordon. O Brasil caminha nessa direção também já que o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que alimenta 40 milhões de crianças exige que boa parte dessa comida venha de pequenos produtores. A Embrapa Agroindústria de Alimentos tem atuação nesse aspecto ao estudar a pós-colheita, o processamento e o uso de resíduos.

Da reunião também surgiram algumas perguntas para o futuro: como será a produção eficiente, viável economicamente, de alta performance de grãos nos próximos anos, e como ela pode ser adaptada às mudanças climáticas? Como podemos ter a maior variedade possível de grãos com plantas saudáveis nesses sistemas de produção de grãos? Como tais sistemas de produção de grãos podem ser adaptados para as condições da sociedade (mudanças de demanda como padrões alimentícios) a uma economia bio-baseada?

Também esteve presente Joachim Schemel, adjunto da Agricultura no consulado carioca, representando o cônsul da Alemanha.

(Com EMBRAPA)

(Emanuely/Sou Agro)