Foto: Fernando Dias/Seap

Projeto aproxima jovens e crianças do universo das abelhas nativas

Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino
Foto: Fernando Dias/Seap

Que abelhas produzem mel não é segredo para ninguém. Mas que elas são responsáveis pela preservação da natureza para a sustentabilidade da vida humana, talvez seja novidade para muitos. E que elas visitam as flores para coletar alimento e, assim, polinizam, promovendo a formação de frutos e sementes, permitindo a perpetuação de plantas e a alimentação animal também talvez poucos saibam. Pensando nisso, pesquisadores do Centro de Diagnóstico e Pesquisa Florestal (Ceflor), localizado em Santa Maria, e do Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa Agronômica (Ceagro), em Porto Alegre, da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) estão desenvolvendo o projeto “Abelhas nativas não fazem mal, fazem mel e muito mais”.

A finalidade do estudo, que tem a coordenação da bióloga Rosana Matos de Morais e parceria com a Fundação Antônio Meneghetti, de São João do Polêsine (que incentiva a cultura e a pesquisa), é aproximar crianças e jovens do mundo dos meliponíneos (abelhas nativas ou sem ferrão). “E para isso, prevê como ferramenta de trabalho-ação a elaboração de materiais didáticos, em formato de um livro e um vídeo, direcionados a estudantes da educação infantil e do ensino fundamental, sobre a temática das abelhas nativas do Rio Grande do Sul”, explica Rosana.

Ela esclarece que existem as abelhas exóticas com ferrão Apis mellifera, cuja criação é denominada de apicultura. Porém, em áreas tropicais do planeta há um grupo de abelhas que não possui um ferrão funcional, e essas são conhecidas como abelhas nativas, indígenas, abelhas-sem-ferrão ou meliponíneos. “No Brasil, são descritas aproximadamente 250 espécies de abelhas-sem-ferrão e, no Rio Grande do Sul, 24, sendo as espécies conhecidas por seus nomes vulgares de manduri, tubuna, irapuá, jataí, mirim, bieira, mandaçaia, entre outros”, conta a pesquisadora.

A partir da primavera, os alunos de todas as escolas interessadas ainda poderão ter um contato mais próximo com as abelhas através de uma visita ao Meliponário e um passeio pela rota dos ninhos naturais dos meliponíneos nos bosques do Ceflor. “As atividades propostas visam oferecer instrumentos didáticos que promovam a valorização das espécies de abelhas nativas sem ferrão e a importância da preservação da natureza para a sustentabilidade da vida humana”, destaca Rosana.

Ela acredita que a educação e a sensibilização podem contribuir para a conservação das abelhas com vantagens para o meio ambiente e seres humanos. “As abelhas-sem-ferrão são excelentes como instrumento didático, pois atraem a atenção, aguçam a curiosidade das crianças e estimulam um imaginário lúdico que todos temos, da relação flor-abelha. Com elas é possível trabalhar a ecologia dos insetos, a história relacionada a povos indígenas, a geografia na distribuição das diferentes espécies nos biomas, além de, principalmente, inserir a problemática ambiental da preservação da biodiversidade”, pontua a bióloga.

Nesse contexto, conforme Rosana, a saúde humana também pode ser abordada, tendo em vista que a polinização é o serviço ecossistêmico realizado pelas abelhas e essencial para a existência da maioria dos frutos que consumimos, a exemplo da maçã, melão, maracujá, tomate, goiaba, morango entre outros.

“Ao transmitir a informação de quão importante são as abelhas para nossas vidas e para toda a natureza, estaremos conscientizando as futuras gerações para a necessidade de sua proteção como um todo e de seus serviços ecossistêmicos”, destaca Rosana. “Além disso, mesmo em menor escala e ainda pouco usual em nossas casas, é possível o manejo das colmeias de abelhas-sem-ferrão para a produção e a comercialização do mel, do pólen, da própolis e de enxames, além da sua utilização para o paisagismo, que pode servir ainda como geração de renda para pequenos agricultores e futuros empreendedores”.

Com Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)

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