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Projeto apoia produção de farinhas temperadas no Acre

Emanuely
Emanuely

#sou agro| A farinha de mandioca produzida na região do Juruá, interior do Acre, ganhará mais sabor e qualidade nutricional, por meio de ações de capacitação e apoio à estruturação de agroindústrias de alimentos, realizadas pelo projeto Agregação de valor à farinha de mandioca de Cruzeiro do Sul , desenvolvido pela Embrapa Acre.

As atividades iniciaram com uma oficina de fabricação de farinhas temperadas, realizada no escritório da Embrapa, nos dias 2 e 3 de maio, por demanda da Cooperativa Juruá Alimentos, entidade representativa de produtores de farinha da região, parceira no projeto.

Voltada para familiares que acompanham com produção de farinha, a capacitação conhecimentos para melhoria do processo de fabricação de dois tipos de farinha picante: uma temperada com pimenta, outra com gengibre. “O objetivo é elevar o valor nutricional da farinha de mandioca, a partir do uso de misturas alimentícias de qualidade, garantir eficiência ao processo produtivo, o atendimento de critérios de qualidade na elaboração do produto final e segurança alimentar para o consumidor”, diz a pesquisadora Joana Maria Leite de Souza, líder do projeto e ministrante da oficina.

A atividade abordou as Boas Práticas de Fabricação (BPF), procedimentos essenciais nas diferentes etapas da produção nas agroindústrias, especialmente a manipulação e processamento de matérias primas, além de cuidados necessários na seleção e controle de qualidade. As aulas práticas enfatizaram a produção de farinhas temperadas e a definição de formulações das especiarias utilizadas na preparação do alimento.

Com duração de três anos, o projeto prevê uma agenda de capacitações, com a oferta de oficinas psicológicas em 2023, e vai apoiar a cooperativa também com estudos para o desenvolvimento do tempo de prateleira, definição do padrão de rotulagem e aferição da qualidade das farinhas temperadas que serão disponibilizadas para o mercado. “Como a Juruá Alimentos foi criada recentemente e está se preparando para uma produção em larga escala, também apoiamos o processo de estruturação da cooperativa, orientando sobre critérios técnicos para aperfeiçoamento do espaço físico e instalação da sua cozinha industrial”, afirma Joana Souza.

A oficina de elaboração de farinhas temperadas tem uma parceria da Central Juruá, cooperativa que realiza a gestão do selo de IG da farinha de Cruzeiro do Sul de forma compartilhada com produtores da região.

Temperos regionais

Segundo o presidente da Juruá Alimentos, Adauto Messias de Paula, existe um desafio de melhorar a nossa farinha de mandioca, por ser o principal produto comercial da região. Adicionar temperos a esse alimento é uma alternativa para elevar a qualidade nutricional e seu potencial de mercado. “Então, comecei a produzir uma farinha temperada com temperos que tínhamos em casa e o produto agradou o consumidor, mas carece de adequações tanto em relação às etapas de elaboração quanto aos tipos de temperos e receitas adequadas. Também precisamos resolver questões importantes para a distribuição dessas farinhas, especialmente quanto à vida de prateleira”, diz.

A Juruá Alimentos também investirá na produção de outros derivados da farinha de mandioca, como a farofa com banana. “Aprimorar aspectos da produção e utilizar produtos de qualidade, apostando em temperos regionais é essencial para disponibilizar um produto de excelência para o mercado. O apoio da Embrapa, assim como de outras instituições como o Sebrae, é fundamental nesse processo”, enfatiza o gestor.

Alguns estados do Norte e Nordeste já contam com variações de farinhas temperadas, bastante apreciadas pelos consumidores, mas no Acre esse é um nicho de mercado ainda incipiente, entretanto, com grande potencial para se desenvolver. A Amazônia oferece vastas possibilidades de agregação de valor à farinha de mandioca, incluindo a adição de polpa de frutas abundantes na região, como o buriti, fonte de minerais naturais como ferro e cálcio, e de vitamina A, essenciais para a saúde humana.

Para a agricultora Maria Vanísia Paulo Lima, os conhecimentos adquiridos na oficina são fundamentais para a obtenção de um produto com qualidade e para fortalecer a produção. Aprendi muito e entendi que com práticas seguidas é melhorar o nosso trabalho e os resultados possíveis na produção, mas a busca pela melhoria deve ser constante. É importante que mais produtores busquem esse conhecimento para multiplicar nas comunidades. Dessa forma, podemos gerar mais renda e contribuir para consolidar o mercado de farinhas temperadas no Juruá”, afirma.

(Com EMBRAPA)

(Emanuely/Sou Agro)