AGRONEGÓCIO
Treinamento e serviços de pesquisa estão entre os principais investimentos para fomento de inovação no agro
Treinamento e serviços de pesquisa estão entre os principais investimentos para fomento de inovação no agro.
Inovação, tecnologia, qualificação e meio-ambiente direcionam investimentos em empresas do Centro-Oeste e do interior de São Paulo e no agronegócio brasileiro em 2023, aponta pesquisa. O estudo é da Deloitte.
A formação de profissionais, novos produtos ou serviços e pesquisa e desenvolvimento (P&D) estão entre os principais investimentos para fomentar a inovação neste ano dentro desses dois grupos principalmente para treinamento.
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O ambiente de negócios do Brasil em 2023 traz algumas preocupações para o empresariado e por isso a necessidade de treinamento. Ainda assim, executivos de diversos setores e regiões do País entendem que a sustentabilidade de seus negócios depende da busca contínua por eficiência e produtividade. A nova edição da pesquisa ‘Agenda’, realizada anualmente pela Deloitte, organização com o portfólio de serviços profissionais mais diversificado do mundo, revela que em 2023, apesar dos desafios, a maioria dos executivos de empresas das regiões Centro-Oeste do Brasil e Interior de São Paulo e de empresários dos setores de agronegócio, alimentos e bebidas pretende investir para fomentar a inovação em 2023. Entre as frentes mais buscadas para isso, estão os investimentos em treinamento e formação de funcionários (89% dos respondentes do Centro-Oeste e do interior de SP e 85% de Agro, alimentos e bebidas), lançamento de produtos ou serviços (86% nas regiões e 80% agro, respectivamente), pesquisa e desenvolvimento (67% e 74%) e parcerias com startups (37% e 57%) serão os principais investimentos de fomento à inovação.
O empresariado das regiões Centro-Oeste e do interior de São Paulo e dos setores de agronegócio, alimentos e bebidas também apostará nas seguintes frentes para expansão: aquisição de máquinas e equipamentos (56% e 69%), ampliação dos pontos de venda (51% e 66%), aumento do parque fabril (24% e 49%) e abertura de novas unidades de produção (12% e 23%). Participar de licitações (24% e 6%), adquirir outras empresas (16% e 26%), comprar ativos (16% e 14%) e participar de concessões/privatizações (9% e 6%) também estão no radar desses empresários.
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“Os empresários do agronegócio, em geral, e dessas regiões específicas, em que a atuação do setor é muito forte, sabem que mesmo diante de incertezas e preocupações é necessário inovar, investir e trabalhar com treinamentos com foco em acelerar a expansão. A pesquisa mostra nitidamente esses executivos de olho em adotar novas tecnologias e em qualificar seus profissionais. É claro, também, que cada vez mais vêm priorizando ações ambientais — tema que tem sido compreendido como decisivo para o agronegócio”, destaca Luis Otávio Fonseca, sócio-líder para o setor de agronegócio da Deloitte.
Maioria aumentará ou manterá quadro de funcionários
Em relação a força de trabalho, considerando as regiões do Centro-Oeste e do Interior de São Paulo, metade (50%) deve aumentar o quadro de funcionários e 26% devem manter como está. Outros 19% dizem que manterão o quadro, porém, realizando substituições; deste total, 17% o farão atrás de mão de obra mais qualificada, 9%, para atender a necessidades tecnológicas e 3%, para reduzir custos. Apenas 5% diminuirão o quadro de funcionários; redução de custos e a queda nas operações são os principais motivos alegados.
Perto de metade (46%) dos empresários do setor de agronegócio, alimentos e bebidas deve aumentar o quadro de profissionais e 23% devem mantê-lo sem substituições. Já 20% dizem que manterão o quadro realizando substituições; deste total, 14% afirmam que as trocas serão feitas para contratar profissionais mais qualificados, 9%, para atender às necessidades tecnológicas, e 6%, para reduzir custos. Já 11% devem reduzir o quadro, por conta de redução de custos e queda nas operações.
Em relação ao treinamento tecnológico dos profissionais, mais da metade (53% do empresariado Centro-Oeste + Interior de SP e 57% de agro, alimentos e bebidas) pretendem aumentar os investimentos em qualificação tecnológica; 39% e 29%, respectivamente, devem manter. A maior parte (92% e 86%) pretende aumentar ou manter qualificação tecnológica apenas nas equipes de TI (15% e 14%) e em outras áreas (74% e 66%).
Inteligência Artificial já faz parte do dia a dia
A Inteligência Artificial já é utilizada por 20% dos empresários das duas regiões e 23% de agro; 32% e 29%, respectivamente, não utilizam, mas pretendem. Parte das empresas (16% e 17%, respectivamente) ainda está em fase de treinamento. Das empresas do Centro-Oeste e interior paulista, 17% afirmaram que não utilizam IA e nem pretendem; considerando as empresas de agro, esse número sobe para 20%. Sobre os investimentos em tecnologia, 17% e 20% dizem que aumentarão e 3% de ambos os recortes manterão.
“As regiões Centro-Oeste e interior paulista têm uma predominância muito forte de empresas do agronegócio. Entender suas preocupações para o ambiente de negócios e seus planos para o ano, com foco em investimentos e expansão, ajuda a mapear para onde o setor, como um todo, assim como as cadeias que o atendem, marcharão em 2023. As organizações já entenderam que os investimentos estratégicos devem ser mantidos e até aumentados, independentemente das preocupações e dos riscos para o ambiente de negócios no Brasil”, afirma Paulo de Tarso, sócio- líder dos escritórios do Interior de São Paulo, Triângulo Mineiro e Cuiabá da Deloitte.
Ampla maioria tem ao menos uma ação de responsabilidade ambiental
Parte significativa do empresariado brasileiro tem avançado nas ações de responsabilidade ambiental dentro de suas organizações, com consciência dos impactos positivos que essa agenda provoca junto à sociedade e seus públicos de interesse, como clientes, profissionais, acionistas e investidores, além de treinamento específico. A grande maioria (92% do Centro-Oeste e Interior e 97% do agro) tem ao menos uma ação na agenda de responsabilidade ambiental; 46% e 66%, respectivamente, fazem investimentos em educação e conscientização ambiental para os colaboradores. E 29% e 53% possuem política de contratação de fornecedores com boas práticas de responsabilidade ambiental. Outras ações ambientais apontadas são: aplicar o conceito de economia circular em suas atividades (35% e 61%); investir em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para uso de insumos com menor impacto ambiental (14% e 67%) e fazer sequestro de carbono (9% e 39%).
Desafios para adoção e aceleração de ações de responsabilidade ambiental
Entre os principais desafios para que as empresas possam ampliar suas ações em frentes ambientais, estão as dificuldades de mensuração dos resultados para cálculo de viabilidade do investimento (56% nas regiões e 44% no agro) e de identificar ações adequadas a serem feitas executadas ou implementadas pela organização (35% e 38%, respectivamente). Na sequência, estão: incluir o tema na agenda estratégica da empresa (36% e 28%); o baixo nível de incentivo do setor público (23% e 41%); o acesso ao financiamento de projetos (18% e 31%) e questões referentes a regulamentação (14% e 28%).
Impacto da agenda ambiental
Parte significativa entende que as ações de responsabilidade ambiental e de redução de impactos ao meio ambiente adotadas por suas empresas são bem percebidas por seus stakeholders: em relação à visão da sociedade como um todo, 40% e 59%, respectivamente, afirmam que seus impactos no ambiente são percebidos como muito relevantes. Esse número fica num patamar parecido quando os respondentes opinam sobre os outros públicos de seu interesse: os próprios profissionais (44% e 59%%), clientes (40% e 56%) e investidores/acionistas (45% e 66%).
Inflação acima de 5%, Selic acima de 10%
Ao apontar os principais riscos para o ambiente de negócios no Brasil em 2023, praticamente os mesmos tópicos são levantados, mas em ordem diferente para cada grupo pesquisado. Os empresários do Centro-Oeste e do interior paulista afirmaram, na seguinte sequência: risco de uma crise política ou institucional (76%), inflação acima de 5% (75%), aumento da dívida pública (62%), endividamento das famílias (61%) e Selic acima de 10% (59%). Já para os executivos de agronegócio, alimentos e bebidas, os maiores riscos para o ambiente de negócios surgiram na seguinte ordem: inflação acima de 5% (71%), Selic acima de 10% (68%), inflação global (65%), endividamento das famílias (62%) e risco de uma crise política ou institucional (59%). A percepção sobre o cenário econômico em 2022 obteve nota média de 2,3 para os empresários do Centro-Oeste e interior paulista e de 2,4 para os de agronegócio, em uma escala de 0,0 (muito ruim) a 5,0 (muito bom). Já a expectativa para o cenário econômico em 2023 ficou com notas 3,1 e 3,3, respectivamente, na mesma escala de 0 a 5 pontos.
“A Agenda é uma pesquisa tradicional da Deloitte que funciona como um ótimo termômetro anual das intenções e preocupações do empresariado para cada ano. O que podemos concluir sobre 2023 é que, ainda que o ambiente de negócios preocupe o empresariado brasileiro, por fatores como o risco inflacionário, altos níveis das taxas de juros e a discussão sobre a reforma tributária; há uma consciência ampla da necessidade de buscar eficiência e produtividade nas atividades, em treinamento, sempre de olho nos bons resultados e crescimento. Os executivos brasileiros sabem que uma agenda de investimentos estratégicos será fundamental para transformar as atividades das empresas, a fim de que mantenham a competitividade”, destaca João Gumiero, sócio-líder de Market Development da Deloitte.
Metodologia e amostra da pesquisa
A edição de 2023 da pesquisa “Agenda” contou com a participação de 501 empresas, cujas receitas líquidas totalizaram R$ 2,1 trilhões em 2022 — o que equivale a 21% do PIB brasileiro. As respostas da pesquisa foram coletadas entre 2 de fevereiro de 2023 e 5 de março de 2023. Foram pesquisadas 98 empresas do Centro-Oeste e Interior de São Paulo, cujas receitas líquidas totalizaram R$ 85 bilhões em 2022. Já do setor de agronegócio, alimentos e bebidas, participaram 35 empresas, cujas receitas líquidas totalizaram R$ 93 bilhões em 2022.