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Pesquisa inédita mostra que cadeia de castanha-da-amazônia movimenta mais de R$ 2 bilhões

Emanuely
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#sou agro| Saudável, amazônica, protetora de florestas, de culturas e de tradições e com papel fundamental para a economia da sociobiodiversidade brasileira, a castanha-da-amazônia movimenta mais de R$ 2 bilhões por ano, mas ainda remunera mal os principais atores da cadeia de valor: os castanheiros e as castanheiras. É o que aponta o estudo “A Castanha-da-Amazônia: Aspectos Econômicos e Mercadológicos da Cadeia de Valor”, publicado pelo Observatório Castanha-da-Amazônia (OCA).

“O estudo mostra que a castanha-da-amazônia tem um potencial de geração de renda enorme em todos os sete estados produtores, mas a forma como a cadeia de valor é estruturada não permite que esse potencial se materialize na forma de remuneração adequada para os mais de 60 mil produtores espalhados pela região”, afirma Luiz Brasi Filho, Coordenador da rede Origens Brasil® no Imaflora. Brasi conta que o documento lançado agora traz uma visão ainda mais aprofundada da cadeia da castanha, que já tinha sido objeto de estudo da organização em 2016 e foi agora atualizado em parceria com o OCA.

Segundo o estudo, o elo produtivo não chega a absorver nem 5% da movimentação total da cadeia, e há situações em que a margem de lucro do produtor é inexistente. Por outro lado, a pesquisa estima que as margens dos elos seguintes variam de 12% a 30%.

Mas como funciona essa cadeia de valor e o que a leva ser tão desigual? Quanta castanha é produzida e que caminho ela faz desde quando é coletada por castanheiros e castanheiras até chegar ao consumidor no Brasil e no mundo? Qual a movimentação financeira e como o preço é formado ao longo dos elos? Quais são as margens de cada ator da cadeia e porque são tão diferentes?

A pesquisa inédita entrevistou produtores, associações, cooperativas, usinas comunitárias e privadas, empresas e atores-chave da academia e do mercado multinacional para tentar responder a essas e outras questões numa tentativa de traduzir parte da complexidade dessa cadeia tão importante para povos indígenas e povos e comunidades tradicionais produtores de castanha.

Segundo André Machado, representante do secretariado-executivo do OCA, o estudo aponta que a cadeia da castanha é complexa com diversas variações no seu funcionamento por ser uma cadeia longa, geralmente com vários intermediários e canais de distribuição pulverizados. Há diversos tipos e quantidades de elos, etapas e atores – que variam a depender da área de produção e origem; a logística de escoamento é bastante complicada e o volume das safras são de difícil previsão. Além disso, o perfil, localização e maturidade das organizações comunitárias é muito heterogêneo, assim como a demanda dos compradores.

“Essas variáveis tornam a caracterização da cadeia uma tarefa árdua. Os números do estudo são aproximações dessa complexidade, mas têm o objetivo de contribuir

para o debate da valorização dos seus diferentes elos e atores, especialmente o produtor extrativista, que é o grande responsável por gerar valores ambientais, sociais e culturais importantes, mas que não são reconhecidos e remunerados adequadamente pela cadeia”, explica.

Luiz Brasi Filho completa dizendo que o Imaflora e seus parceiros vêm buscando conectar o setor empresarial com as populações tradicionais e povos indígenas por meio do comércio ético, visando sensibilizar e engajar o mercado a criar relações mais justas, diretas e com transparência na cadeia.

Castanha-da-Amazônia: protetora de culturas e do meio ambiente

Ao contrário de suas ‘concorrentes’, como castanha de caju, nozes, macadâmia e outras nuts, a castanha-da-amazônia é proveniente quase exclusivamente do agroextrativismo com coleta realizada por povos indígenas e povos e comunidades tradicionais da Amazônia. Isto torna a castanheira e seu fruto elementos centrais para a conservação da maior floresta tropical do mundo e para os modos de vida dos povos e comunidades que a produzem. Esses atributos também possibilitam que a castanha-da-amazônia e seus produtores se tornem símbolos de um novo paradigma de desenvolvimento em que o Brasil é protagonista.

O estudo mostra, no entanto, que, apesar dos inúmeros atributos socioambientais que a castanha carrega, eles estão longe de ter um peso significante na decisão de compra por parte do setor industrial e comercial, e que o preço é o principal fator para tomadas de decisão sobre compras nos elos finais da cadeia de valor.

Para Machado, isso mostra que existe espaço para o desenvolvimento de um comércio mais justo, com maior sensibilização de consumidores e compradores dispostos a pagar mais pelo valor ‘invisível’ que os produtos da sociobiodiversidade carregam, mas que essa solução sozinha não dá conta de resolver todos os problemas de estruturação da cadeia.

“O estudo propõe que qualquer solução possível para a valorização do trabalho do extrativista exige um conjunto inteligente de esforços privados, públicos e da sociedade civil para maior valorização do produto, melhoria dos serviços prestados para a cadeia e novas e modernas regulações e políticas públicas de suporte e incentivo a essa atividade tão importante para o planeta”, afirma Machado. “E é isso que o OCA vêm tentando promover nos últimos anos, conectando atores, construindo inteligência de mercado, gerando informação, promovendo debates e articulando com as bases, com o setor privado, governo e academia para fortalecer essa atividade tão fundamental para o Brasil, em especial seus produtores”, afirma.

O estudo “A Castanha-da-Amazônia: Aspectos Econômicos e Mercadológicos da Cadeia de Valor” publicado pelo Observatório Castanha-da-Amazônia foi coordenado pelo Imaflora e pelo Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB. Acesse e compartilhe o estudo completo na Biblioteca Virtual do OCA, a maior biblioteca especializada em castanha-da-amazônia do mundo:

Observatório Castanha-da-Amazônia é uma rede de organizações que atua para desenvolver a cadeia de valor da castanha, com especial atenção à melhoria das condições de vida das comunidades e povos produtores. São membros do OCA: Associação Floresta Protegida, ASSOAB, Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Conexsus, Fundação Vitória Amazônica, Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB, Imaflora, IPÊ, Instituto Socioambiental, Memorial Chico Mendes, OPAN, Pacto das Águas, e WWF-Brasil.

(Emanuely/Sou Agro)

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