Boletim Climático

El Ñino: o que o agricultor pode esperar do fenômeno nos próximos meses

El Ñino: o que o agricultor pode esperar do fenômeno nos próximos meses
Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

Depois de três anos, o fenômeno caracterizado pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico equatorial, La Ñina, está sumindo e com isso a vinda de outro fenômeno: El Ñino.

Segundo o Climatempo, o La Ñina terminou no fim de fevereiro, mas os efeitos ainda podem ser sentidos neste início de abril.

Tem início a transição para o El Niño, que deve elevar as temperaturas em todo o planeta. Neste caso, o fenômeno se caracteriza por um aquecimento anormal do Oceano Pacífico equatorial.

O outono começou no fim do mês passado trazendo mudanças no regime de chuvas no país. De acordo com a empresa de meteorologia, no fim do outono, já em junho, o Oceano Pacífico equatorial deverá estar com temperaturas acima da média em toda a faixa, principalmente próximo da América do Sul.

“O El Niño deverá se instalar de fato a partir de julho, e sua influência será notada a partir de agosto, como o aumento das chuvas na região Sul, diminuição no extremo norte e elevação das temperaturas, que tendem a ficar acima da média na metade da região Norte do país a partir de julho”, acrescenta a Climatempo. “Estima-se que seja um El Niño de intensidade moderada neste período. Estamos monitorando se será de maneira forte no próximo verão”.

O El Niño costeiro deve impactar ainda no aumento de chuva em parte do Sul do Brasil, entre Santa Catarina e o Paraná, parte de Mato Grosso do Sul e de São Paulo.

“Por influência do aquecimento do Oceano Pacífico, as temperaturas ficarão acima da média do sudoeste de São Paulo ao nordeste de Minas Gerais, passando pela zona da mata mineira e parte do sul mineiro, e todo o Estado do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, além do noroeste do Estado de São Paulo”, afirma a Climatempo.

Já do norte do estado de São Paulo até o noroeste de Minas, a temperatura ficará abaixo da sua climatologia neste outono. Entre o centro do estado de São Paulo e parte do norte de Minas Gerais, os termômetros ficarão dentro da média.

O último episódio de El Niño foi entre 2015 e 2016, ano mais quente da história, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Os efeitos desse evento climático podem durar até 18 meses.

Tempo em abril

Abril é o primeiro mês do outono astronômico e o que marca o início do período seco no Brasil. Não é um mês totalmente seco, as chuvas na porção norte do Brasil continuam e na Região Sul, apesar de se esperar uma redução da precipitação no Paraná e em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul, as chuvas na média continuam frequentes.

É um período, quando as primeiras massas de ar frio mais intensas passam a atuar no centro-sul do país e com possibilidade também das primeiras ondas de frio, como ocorreram nos últimos dois anos. No entanto, o clima estava sob influência do fenômeno La Niña que favorecia esse tipo de evento. Será que na sua ausência e com um El Niño costeiro já estabelecido os padrões climáticos estarão próximos da normalidade?

Já sabemos que o principal fator para determinação de uma padrão climático médio acima de um mês é a temperatura da superfície do mar, que para o momento é a porção do Pacífico Equatorial e o Atlântico Sul.

Quanto ao Pacífico Equatorial, a sua porção mais leste, próxima à costa do Equador e do Peru, se manterá mais aquecida, caracterizando o fenômeno de El Niño costeiro, que já vem proporcionando eventos extremos de precipitação e uma formação ciclônica nunca antes registrada na região. Essa condição não traz impactos ao Brasil, mas sinaliza o desenvolvimento do fenômeno El Niño nos próximos meses.

Já o Atlântico Sul ficará mais aquecido em praticamente toda a sua extensão. Para a Região Sul, principalmente para o Rio Grande do Sul, pode ser um fator favorável às chuvas. No Sudeste até o leste do Nordeste, também é um fator favorável às chuvas, mas para essa época do ano, nas áreas mais ao leste. E na porção norte do Brasil, essa condição mais aquecida favorece a atuação da Zona de Convergência Intertropical, a ZCIT, mais próxima do continente e, consequentemente, para chuvas mais frequentes no norte do Nordeste, do Pará e no Amapá.

Com Informações da CNN e do Climatempo

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)