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PECUÁRIA

Vaca louca: exportações de carne à China são liberadas exatamente um mês depois da suspensão

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Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

As exportações de carne bovina à China foram liberadas nesta quinta-feira (23), exatamente um mês depois da suspensão por conta do caso atípico de vaca louca.

Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a suspensão manteve lento o ritmo de negócios e os preços da arroba enfraquecidos.

Na parcial de março (até o dia 21), o Indicador  do boi gordo (estado de São Paulo) tem média de R$ 275,73, queda de 4,82% frente à de fevereiro/23 e 19,34% menor que março de 2022. Trata-se, também, da menor média real desde outubro de 2019, quando o Indicador foi de R$ 254,88.

A avaliação é de que o Brasil deixou de faturar US$ 17 milhões por dia sem a venda da carne para a China, que é o maior importador do nosso produto.

Nós mostramos desde o início aqui no Sou Agro toda essa problemática da confirmação do caso de vaca louca.

Desde a confirmação do caso em um animal macho de 9 anos em uma pequena propriedade no município de Marabá, no Pará, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) adotou todas as providências governamentais para o mercado de carnes brasileiras.

Foi feito o comunicado à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e as amostras foram enviadas para o laboratório referência da instituição em Alberta, no Canadá, que confirmou que o caso era atípico.

Diante de todo transtorno e perda para pecuária brasileira, entidades pediram uma mudança no protocolo sobre essas doenças.  Nós entrevistamos o presidente da Sociedade Rural Brasileira durante o lançamento da Expozebu 2023, a maior exposição de pecuária no Brasil, em que nossa equipe esteve presente.

“Foi um caso atípico que causou muito transtorno e por isso vemos a necessidade de fazer uma reformulação no protocolo. Isso precisa ser revisto por que isso ocorreu no Norte do País e imediatamente todas as exportações de carne bovina foram bloqueadas, prejudicando o mercado. Isso não foi nada benéfico para o produtor brasileiro”, afirmou o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Sérgio Botolozzo, à nossa equipe de reportagem. (RELEMBRE A REPORTAGEM AQUI).

Sobre a doença

A doença da vaca louca ou encefalopatia espongiforme bovina é uma doença degenerativa que afeta o sistema nervoso de animais bovinos. A doença é provocada por príon, uma partícula proteica infecciosa, e pode ser transmitida, em sua forma clássica, por meio da ingestão de alimentos provenientes de carcaças infectadas, como farinhas feitas de carne ou ossos.

Na forma atípica, a doença ocorre devido a uma mutação espontânea de uma proteína normal. Os casos típicos são os mais conhecidos e foram responsáveis pelo grande surto de que ocorreu na Europa no fim do século 20. A transmissão da doença pode ocorrer pelo consumo de ração contaminada com proteína animal infectada, demorando meses ou anos para se manifestar.

Já os casos atípicos do “mal da vaca louca” são geralmente encontrados em animais mais velhos, com mais de 8 anos, e não se sabe exatamente como são transmitidos. A doença pode surgir devido a mutações espontâneas do príon. Os sintomas dos casos atípicos são semelhantes aos da EEB clássica, mas costumam ser menos graves.

Venda para China

Os valores de exportação de carne bovina do Brasil para a China mais que dobraram em 2022. Saíram de US$ 3,906 bilhões em 2021 para US$ 7,950 bilhões em 2022. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento da Indústria, Comércio e Serviços. A proteína é um importante produto do comércio internacional do Brasil. O Brasil vendeu US$ 11,81 bilhões de carne para o mundo. Só a exportação para a China corresponde a 67%

Só em janeiro de 2023, a venda da proteína para a China somou US$ 483,3 milhões. O valor supera o que foi exportado para o 2º maior destino da carne bovina brasileira, os Estados Unidos, em todo o ano de 2022.

Com agências

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)