Foto: Paulo Whitaker/Reuters
AGRONEGÓCIO

Balança comercial: agronegócio puxa superávit nas exportações

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Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

Nos dois primeiros meses do ano, a balança comercial acumula superávit de US$ 5,446 bilhões. Isso representa 19,2% a mais que o registrado nos mesmos meses do ano passado pelo critério da média diária. O saldo acumulado é o segundo melhor para o período desde o início da série histórica, em 1989. Só perde para o superávit de US$ 6,722 bilhões da balança comercial no primeiro bimestre de 2017.

No mês passado, o Brasil vendeu US$ 20,56 bilhões para o exterior e comprou US$ 17,723 bilhões. As exportações caíram 7,7% em relação a fevereiro de 2022, pelo critério da média diária, mas o valor é o segundo melhor o mês, só perdendo para o ano passado. As importações caíram 0,9% pelo critério da média diária e atingiram o terceiro maior valor mensal da história, só perdendo para fevereiro de 2022 e de 2014.

No caso das exportações, a queda deve-se mais à diminuição do volume comercializado do que dos preços internacionais das mercadorias. No mês passado, o volume de mercadorias exportadas caiu em média 12,3% na comparação com fevereiro do ano passado, enquanto os preços médios recuaram 0,8%.

Nas importações, a quantidade comprada caiu 6,3%, refletindo a desaceleração da economia, mas os preços médios aumentaram 1,2%. A alta dos preços foi puxada principalmente por compostos químicos e medicamentos, itens que ficaram mais caros após o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Os preços dos fertilizantes químicos, que subiram fortemente no ano passado, caíram 19,7% de fevereiro de 2022 a fevereiro de 2023.

Setores da balança comercial
No setor agropecuário, o atraso de embarques pesou mais na queda das exportações, apesar da valorização das commodities (bens primários com cotação internacional). O preço médio avançou 8,4% em fevereiro na comparação com o mesmo mês de 2022, enquanto o volume de mercadorias embarcadas caiu 13,1%. Na indústria de transformação, a quantidade exportada caiu 5,4%, com o preço médio aumentando 4,2%.

Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de petróleo, a quantidade exportada caiu 29,4%, e os preços médios recuaram 17,3% em relação a fevereiro do ano passado.

O petróleo bruto voltou a puxar a queda das exportações, com o volume recuando 58,8% e os preços caindo 22%. Isso ocorreu por causa da manutenção de plataformas da Petrobras. Após um ano de altas contínuas, os preços do petróleo estão caindo porque os efeitos da guerra na Ucrânia e da recuperação econômica após a fase mais aguda da pandemia da covid-19 já foram incorporados às cotações.

Na comparação entre fevereiro do ano passado e deste ano, os produtos com maior destaque na queda das exportações agropecuárias foram algodão em bruto (73,1%), café não torrado (44,3%) e soja (3%) na agropecuária.

Na indústria extrativa, as maiores quedas foram registradas nas exportações de pedra, areia e cascalho (68,4%), óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus (67,9%) e minérios de níquel e seus concentrados (100%). Na indústria de transformação, as maiores quedas ocorreram em laminados de aço (57,6%) e carne bovina (27%), refletindo a suspensão das exportações para a China após a descoberta do caso de mal da vaca louca no Pará, e açúcares e melaços (19,2%).

Quanto às importações, as maiores quedas foram registradas no trigo e centeio, não moídos (21,6%); produtos hortícolas (24,7%) e látex (41,4%), na agropecuária; outros minérios e concentrados dos metais de base (16,1%), carvão (31,2%) e gás natural (85%), na indústria extrativa; e adubos ou fertilizantes químicos (39,2%), caldeiras (98,1%) e válvulas e tubos termiônicos (26,1%), na indústria de transformação.

Com Agência Brasil

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)