Foto: Alexandre Esteves
TECNOLOGIA

Novo sistema vai analisar com mais eficiência processo de compostagem

Foto: Alexandre Esteves
Tatiane Bertolino
Tatiane Bertolino

A pesquisa agropecuária desenvolveu um sistema de biorreatores de bancada interligados que permite analisar com rapidez e precisão a eficiência de processos de compostagem, principal método para produção de fertilizantes orgânicos. O protótipo já foi validado no laboratório de biorreatores e bioprocessos da Embrapa Solos (RJ) com resultados bastante satisfatórios, e agora o ativo tecnológico está disponível para parceria com empresas interessadas em desenvolver interface e design mais funcionais e atrativos para ofertá-lo ao setor produtivo (veja mais detalhes em quadro abaixo).

Um dos diferenciais do equipamento é a capacidade de realizar testes rápidos em laboratório na mistura que está sendo preparada para a compostagem. Com 1 Kg de uma combinação de resíduos é possível saber, em questão de horas, o seu potencial para os bioprocessos.

O laudo mostra o potencial de o material alcançar temperaturas entre 50 e 65 graus Celsius, ideais para o processo de compostagem, bem como a taxa de aeração (suprimento de oxigênio) exigida pela atividade de biodegradação. De acordo com os pesquisadores, mesmo os experimentos mais complexos podem ser avaliados em menos de dois meses.

“Biorreatores como esses existem em outros projetos e modelos, mas, no nosso caso, conseguimos a façanha inédita de ter 12 reatores em funcionamento ao mesmo tempo e em linha, com sensores de oxigênio e gás carbônico e controle de temperatura, tudo integrado. Um dos diferenciais desse sistema é que, com no máximo um volume de 50 litros de mistura de resíduo, é possível fazer um experimento completo, com combinações, tratamentos e repetições, coisa que a campo seria impossível”, explica o pesquisador Caio Teves Inácio, líder do projeto que criou o sistema na Embrapa Solos.

Inácio enfatiza que a geração de resíduos na agricultura e na agroindústria cresce na mesma proporção que a produção desses setores. Portanto, reaproveitar esses resíduos para o processo de compostagem, por exemplo, é importante para o meio ambiente e traz lucro aos produtores. “É uma questão de sustentabilidade. Nesse cenário, a tecnologia dos biorreatores de bancada ganha ainda mais relevância”, complementa.

Esses sistemas oferecem ainda um controle maior de todo o desenvolvimento experimental, possibilitando pesquisar com mais segurança e celeridade temas como degradação de agrotóxicos, perda de nitrogênio e eficiência do uso de inoculantes microbianos durante a compostagem.

Avanços tecnológicos ampliam o uso de biorreatores

Biorreatores são equipamentos amplamente utilizados na pesquisa e desenvolvimento nas áreas de biomedicina, biofármacos, bioenergia, biorremediação de resíduos e outros bioprocessos.

Inácio aponta que avanços na biotecnologia, em conexão com as tecnologias digitais e engenharia de equipamentos, permitiram nos últimos anos inovações importantes no campo tecnológico dos biorreatores, impulsionadas pela tendência de uso de fontes biológicas, orgânicas, renováveis e recicláveis em substituição à matéria-prima de origem não renovável, como as procedentes de matrizes fósseis e inorgânicas, que apresentam potencial elevado de impactos negativos ao meio ambiente.

O maior aproveitamento dos recursos biológicos e das moléculas bioativas de origem animal e vegetal tem representado importante potencial de inovação para a agricultura. No caso do reúso de resíduos rurais e da agroindústria para a produção de fertilizantes, por exemplo, indústria e agricultura têm se integrado em uma cadeia de produção de insumos de base biológica e renovável.

“O emprego da matéria orgânica, como insumo fertilizante e condicionante de solo, muito embora corresponda a uma prática tradicional na agricultura, tem demandado inovações para atender ao crescente interesse da indústria, dos agricultores e dos consumidores finais na obtenção de produtos com efeito melhorado em termos de nutrição e desempenho”, ressalta o pesquisador.

Com Embrapa

(Tatiane Bertolino/Sou Agro)